Igreja da Venezuela não cala «perseguição oficial»

Enquanto decorre o debate nacional acerca da reforma constitucional, empreendida pelo Presidente venezuelano Hugo Chávez, o Presidente do Concílio Plenário da Venezuela, o Arcebispo Ovidio Pérez Morales, assegurou que a “campanha sistemática de perseguição que pretende calar a Igreja, não terá êxito algum”. D. Morales, numa entrevista à Globovisión, um canal de televisão da Venezuela, afirmou que a Igreja “não pode calar perante as intenções de declarar a Venezuela um estado socialista, marxista, leninista. Venezuela não pode tornar-se outra Cuba do ponto de organização política”. Para D. Pérez Morales, uma das mais respeitadas figuras eclesiásticas no país, este procedimento de silenciar à Igreja e fazer que só se escute o que as entidades oficiais determinam “é característico de regimes ditatoriais, autocráticos e totalitários”. O Bispo afirmou que a reforma em curso da Constituição, “não é reforma mas sim uma nova Constituição, em que se define a Venezuela como um Estado socialista, onde não haverá um pluralismo democrático, mas uma concentração absoluta de todo o poder no Presidente da República”, concentrando “o político, económico e cultural deste país”. O projecto de reforma constitucional, aprovado na passada Sexta-feira na Assembleia Nacional prevê a transferência de poderes a organizações de base da população, a reeleição contínua do presidente, a criação da figura de propriedade social e colectiva sem afectar a propriedade privada e a redução da jornada de trabalho. A população vai pronunciar-se, através de referendo no dia 2 de Dezembro. Para o Arcebispo Emérito de Los Teques, o Presidente Hugo Chávez quer ser um “sumo pontífice deste país e determinar o que é o que os bispos têm que dizer, o que é o que não podem dizer, quando devem falar e quando calar”. O Arcebispo Ovidio Pérez Morales rejeitou ainda que os Bispos da Venezuela se deslocariam ao Vaticano para uma reunião com o Papa onde esta questão seria abordada. “A Igreja venezuelana não vai a Roma a nenhum encontro com Bento XVI. Quem vai a Roma são os directores do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM) em reuniões regulares que têm com o Papa, e desse conselho D. Baltazar Porras, Arcebispo de Mérida, foi eleito vice-presidente. Esse é o real motivo da ida a Roma”.

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