Igreja/Cultura: Fé, esperança, memória e união na primeira Missa dos artistas

Eucaristia na Paróquia do Campo Grande assinalou Dia Mundial do Teatro

Lisboa, 30 mar 2015 (Ecclesia) – A Paróquia do Campo Grande celebrou a primeira Missa dos Artistas que reuniu pessoas com “dons de Deus”, que podem estar “ao serviço da comunidade”, através da leitura do relato da Paixão de Jesus, neste Domingo de Ramos.

“Não era tanto a ideia de um teatro ou espetáculo mas a celebração de fé e foi nesse sentido que começámos a encaminhar para este Domingo de Ramos também pela sua teatralidade a possibilidade dos atores se exprimirem através da narração da paixão, de músicas e de coros”, explicou o celebrante, frei Filipe Rodrigues.

À Agência ECCLESIA, o sacerdote da Ordem dos Pregadores (Dominicanos) destacou que quando entregou as leituras aos atores estes disseram que iam “emprestar a voz”: “Uma ideia muito bonita para proclamar a Palavra que é de Deus.”

A leitura da narração da Paixão de Jesus, segundo São Mateus, foi da responsabilidade do encenador Luís Miguel Cintra e do ator João Ricardo.

Para o ator interessou celebrar o “Cristo vivo” em que acredita e se “manifesta nos homens” recordando que o Papa emérito Bento XVI disse aos artistas, aquando a passagem por Portugal, que estes podem estar “mais próximos de Jesus”.

“Acredito perfeitamente nisto”, observou João Ricardo para quem a aproximação à Igreja no período da Quaresma/Páscoa é importante pela forma como entendem o “verdadeiro motivo de fé”.

A atriz Glória de Matos, que ajudou a organizar a Missa dos Artistas, acrescentou que quem é um criador “tem de ter afinidades com Deus” porque “não pode criar sem ter atitude de fé, esperança e beleza”.

“Tudo isto é extremamente religioso e muitos deles (artistas) são mais religiosos do que pensam, fazem crer e se calhar gostariam”, adiantou, destacando a adesão pronta dos colegas de palco.

“A fé une as pessoas sejamos ou não católicos serviu para que nos encontrássemos e se não orar pelo menos meditar para que o teatro em P e os artistas consigam levar avante a sua cruz”, comentou Teresa Corte-Real, que leu a segunda leitura.

A atriz, mãe de um jovem ator, alertou que tal como o país também os artistas e o teatro vivem “vive momentos muito, muito difíceis”.

Para além da celebração pela proximidade ao Dia Mundial do Teatro (27 março) também recordaram “todos” os atores que faleceram.

“Não foi só o riso de uma anedota fácil mas o exemplo, a dedicação à profissão, a sua ética que hoje está muito posta em causa e esses idos deram-nos grande exemplo, grande esperança que a carreira profissional volte aos carris”, acrescentou Glória de Matos.

Também presente o ator João António Trindade Lopes considerou a celebração “muito importante” porque os artistas em Portugal às vezes parecem “muito dispersos”, afastados até dos “problemas de todas as outras pessoas”.

O ator mais conhecido por João D'Ávila comentou que é preciso deixar a “constante dualidade” social, por exemplo do amor e do ódio, paz e guerra e ter “sempre presente Espírito Santo”.

Para o frei Filipe Rodrigues, a primeira Missa dos artistas celebrada no Tempo da Quaresma tem algo de “conversão” e comentou que foi “bonito” ver pessoas “comovidas” no final e houve quem felicitasse pela “forma como se leu, pela interioridade que se criou”.

“Este período é de procura, reflexão, paragem, andamos todos demasiado ocupados, cada um puxa para seu lado e exige aos católicos que parem um pouco, que pensem, que escutem os outro”, acrescentou Glória de Matos.

No final da Eucaristia, o sacerdote dominicano disse ainda que as pessoas da arte “sentem-se um bocado isolados” e considera que “foi bonito” ver que há uma fé que une e é possível o serviço através da arte.

CB

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