D. José Policarpo diz que o papel dos líderes católicos está fora do âmbito da «política direta» e pede que se poupem «classes mais aflitas»
Lisboa, 25 set 2011 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa apelou hoje a uma mobilização nacional para a “solidariedade e a unidade”, tendo em vista uma solução para o “problema” da crise.
Numa entrevista ao ‘Jornal de Notícias’ (JN), D. José Policarpo aludiu à necessidade de “cumprir” os acordos assumidos com a ‘troika’ (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional), cabendo ao executivo nacional “escolher aquelas [medidas] que vão mais ao encontro da pessoa humana”.
“Era extremamente importante que as soluções encontradas não castigassem demasiadamente as classes mais aflitas”, assinala.
Este responsável critica quem pensa que a “função dos portugueses é dizer mal dos governos”.
“Não pode ser, falta aqui um discernimento, porque certamente neste governo, como noutros, há decisões em que poderia ser ajudado a tomar uma decisão mais humana, mais equilibrada, mais justa”, alerta.
O patriarca lisboeta insistiu na necessidade de uma solução conjunta para a atual crise financeira e económica, indicando que “o problema não se resolve se cada um puxar a brasa à sua sardinha”.
“Se nós colaborarmos todos, o próprio governo, este ou outro, encontrará soluções mais adaptadas”, refere.
D. José Policarpo diz ainda que os bispos não devem praticar política direta, declarando que “ninguém sai de lá com as mãos limpas”.
“O nosso magistério é de uma natureza, de uma ordem, que pode ficar prejudicado se nós nos metermos na política direta como ela é feita hoje”, indicou o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.
Retomando uma afirmação proferida na última semana, em Fátima, durante a abertura do 27.º Encontro da Pastoral Social, D. José Policarpo falou numa “pré-política”, que é “a doutrina da Igreja, do Evangelho, sobre todas as realidades humanas”.
OC