Igreja/Arte: Obra «Gólgota» do frade franciscano Sidival Fila é destaque na Bienal de Veneza

Vaticano realça «presença inédita» que abrilhanta certame com «uma síntese narrativa do mistério pascal» 

Foto Vatican Media

Lisboa, 13 jun 2019 (Ecclesia) – A Bienal de Veneza, um dos eventos mais emblemáticos do panorama cultural e artístico a nível internacional, conta este ano com um trabalho dedicado à temática da Páscoa, da autoria do padre franciscano Sidival Fila.

De acordo com o portal Vatican News, esta é a “primeira vez na história” que “um frade é convidado a participar” nesta exposição, que contou em 2018 com um pavilhão do Vaticano.

Intitulado ‘Gólgota’, o trabalho do padre Sidival Fila, natural do Brasil, é definido como “uma síntese narrativa do mistério pascal”.

“Trabalhada em tecido antigo – uma das caraterísticas do autor, – a obra é composta por oito elementos, sendo o elemento central um crucifixo fortemente figurativo e representativo”, pode ler-se.

O frade franciscano realça que teve como intenção principal “representar um evento histórico, no qual Jesus, homem-Deus, foi crucificado”.

“De um lado encontramos representada essa imagem, tudo o resto é completamente abstrato, para dar espaço a uma espiritualidade que não seja explícita, mas implícita”, acrescenta o artista.

O padre Sidival Fila é proveniente de Arapongas, no norte do Estado brasileiro do Paraná, e começou a interessar-se pelas artes plásticas ainda na adolescência.

Em 1985 seguiu para Itália, “para aprofundar o estudo da pintura e da escultura” mas cinco anos depois “sentiu o chamamento à vida religiosa e abandonou todos os seus projetos pessoais para entrar na Ordem dos Frades Menores de São Francisco de Assis”.

A paixão pelas artes ficou adiada mas não esquecida, no meio de um percurso que incluiu a missão como sacerdote junto de doentes, no meio hospitalar, e de reclusos, nas prisões.

Em 2006 o padre Sidival Fila voltou a pintar de forma mais efetiva e “começou a aprimorar um estilo pessoal”, tendo como influências o “gestualismo”, a “arte informal europeia” e o “espacialismo”.

O serviço informativo da Santa Sé destaca o “rigor formal” e a “intensidade” que marcam a obra do frade franciscano brasileiro, e a originalidade dos materiais usados.

É que o padre Sidival Fila recorre essencialmente a “materiais pobres ou obsoletos” para a concretização dos seus projetos: “papel, madeira, tecidos antigos, metais diversos, gesso”.

A exemplo da presença agora na Bienal de Veneza, o membro da Ordem dos Frades Menores de São Francisco de Assis tem sido convidado ao longo dos anos para várias exposições de Arte, “dentro e fora da Europa”.

Em 2010 o padre Sidival Fila participou num exposição de homenagem a Bento XVI, por ocasião do 60.º aniversário de ordenação sacerdotal do agora Papa emérito.

No rol de artistas convidados para o evento figuravam ainda nomes como os dos arquitetos Oscar Nieymaier, Santiago Calatrava, Mario Botta e Renzo Piano; do compositor Ennio Morricone e dos artistas plásticos El Anatsui, Jannis Kounelis, Agostino Bonaluni, entre outros.

O trabalho ‘Gólgota’, cujo nome alude ao local onde Jesus Cristo foi cruficicado, em Jerusalém, pode ser apreciado no Pavilhão da cidade de Veneza, da edição da Bienal deste ano, até 24 de novembro.

A obra deste frade franciscano, que tem atelier no Convento de São Bonaventura, em Roma, está também presente na coleção de arte contemporânea dos Museus Vaticanos, em Roma.

JCP

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