Associação portuguesa é um dos exemplos do manual para boas práticas de conversão ecológica do Vaticano para o ano «Laudato Si»
Ourém, 01 ago 2020 (Ecclesia) – A tiragem da cortiça na ‘Casa Velha – Ecologia e Espiritualidade’, em Vale de Travassos, Ourém, foi este ano um momento de “alento” em tempos de crise, segundo Margarida Alvim, responsável do projeto.
“A tiragem de cortiça só de nove em nove anos acontece e é interessante que está a acontecer num ano de crise, outra vez, com toda esta pandemia. Vem dar este alento”, disse à Agência ECCLESIA.
A presidente da direção da ‘Casa Velha – Ecologia e Espiritualidade’ assinala que o descortiçamento ensina lições de “cuidado, espera e paciência” que têm assumido ao longo destes anos e que hoje são valores relacionados “com este ritmo da vida, da natureza”.
Tirar a cortiça “é sinal de esperança” e é também “uma receita que vem da terra e apoia neste ano difícil” de 2020, numa associação que habitualmente recebe mais pessoas, entre os meses de março e outubro/novembro, em turismo, atividades e no campo de férias.
Segundo Margarida Alvim, este foi um dia que ofereceu à associação uma “imagem grande de confiança e respeito pelo ritmo das coisas, de cada um”, e pelo ritmo da terra que “ensina tanta coisa”, uma “escola de paciência” e “uma escola de esperança”
Para a engenheira florestal pode-se olhar para um sobreiro e ficar com “um lugar mais acertado e justo do papel de colaboradores da criação e de ligação entre tudo”.
‘A caminho para o cuidado da casa comum – Cinco anos depois da Laudato Si’ – documento do Vaticano, com mais de 200 conselhos para um mundo mais amigo do ambiente e do ser humano, que foi apresentado a 18 de junho- destaca o exemplo do projeto português ‘Casa Velha – Ecologia e Espiritualidade’.
“Esta confirmação é quase como se estivesse a acontecer silenciosamente uma troca de correspondência entre o centro da Igreja com esta periferia, o centro que vem até nós. Somos uma referência entre 200, mas isso deu muita alegria a todos e confirmou-nos”, disse Margarida Alvim, sublinhando que continuam “ainda mais comprometidos”.
A presidente da direção da ‘Casa Velha’ explica que as palavras ecologia e espiritualidade surgiram quando sentiram que “era tempo de tornar este espaço “uma missão conjunta”, não apenas da sua família mas com quem “já se ia juntando” desde o princípio – os Jesuítas, as irmãs Escravas do Sagrado Coração de Jesus e vários amigos de muitas origens, formações, idades”.
“Ecologia é este cuidar da casa, e espiritualidade neste movimento de sair, movidos pelo espírito para o bem, para cuidar e, por isso, parecia-nos algo que apontava para o ponto de partida, esta noção do espírito e também a missão, este movimento de cuidado”, acrescentou.
A associação tem no seu plano estratégico, para os próximo cinco anos, com o “fio condutor da realidade, como o Papa Francisco tanto gosta de dizer” e a visão de se constituir como “lugar de relação catalisador de conversão ecológica”.
A engenheira florestal recorda que este é um projeto de “conversão pessoal, de vocação pessoal”, que começou há mais de 10 anos, como membro da família da ‘Casa Velha’, onde nasceu e viveu, até ir estudar para Lisboa.
“A certa altura houve aqui uma crise geral da terra e das pessoas e chegou o convite a vir cuidar da quinta, que estava em grande declínio, de cuidar da casa comum, antes mesmo da encíclica ter aparecido”, recorda Margarida Alvim, no programa ‘70×7’ que vai ser transmitido a partir das 17h15, deste domingo, na RTP 2.
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