Igreja algarvia «peregrina», com Maria, ao encontro de Cristo

A Igreja do Algarve reuniu-se no passado dia 5 de Outubro para o lançamento do novo ano pastoral que desta vez compreenderá não apenas um, mas dois anos, de 2007 a 2009. Bispo, sacerdotes, diáconos, religiosas, seminaristas e leigos delegados, membros das vários paróquias, responsáveis dos diversos departamentos da pastoral diocesana ou dos movimentos com expressão na Igreja algarvia encontraram-se no salão paroquial da paróquia de São Luís em Faro. O dia, em que foi notória a ausência de alguns párocos, ficou marcado pela dimensão mariana impressa muito por força da presença da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima na diocese do Algarve durante os próximos dois anos e, consequentemente, no próprio Programa Pastoral do biénio. ‘Peregrinação’ com vista à “conversão pessoal a Cristo” A apresentação projectada de D. Manuel Neto Quintas começou por sintetizar o que se pretende com o lema inspirador do sexénio, deixando claro que ‘Escutar’, ‘Conhecer’, ‘Seguir’ e ‘Anunciar’ são as palavras-chave do Programa Pastoral de 6 anos da diocese do Algarve. “Escutar Cristo que fala e escutar e conhecer a realidade local, para crescermos como discípulos de Cristo, identificados com Ele, seguindo-O. Anunciar, através do testemunho, na condição de apóstolos, seguindo o caminho de santidade”, foi assim que o Bispo diocesano explicou o sentido dos quatro verbos associados ao lema do Programa Pastoral, para afirmar, de seguida, que Família, Vocações e Caridade são o tripé mobilizador ao longo deste sexénio. Referindo-se concretamente ao tema deste biénio – “Peregrinar, com Maria, ao encontro de Cristo” –, o Bispo do Algarve destacou que a expressão verbal significa “percorrer um caminho interior”. “Todo o peregrino é um homem de fé. Toda a peregrinação é iluminada e orientada pela fé”, recordou, considerando ser necessário “escutar e seguir a voz d’Aquele que nos precede”. O Bispo diocesano frisou ainda que o acto de peregrinar é uma “opção consciente, decisão assumida, objectivo definido” que tem em vista a “conversão pessoal a Cristo e ao Evangelho” e a “participação co-responsável na missão da Igreja”. Acentuando a dimensão mariana deste biénio pastoral, D. Manuel Quintas destacou Maria como “peregrina de fé”. “Maria, do Pentecostes ao fim dos tempos, acompanha e conduz a Igreja ao encontro de Cristo”, afirmou, lembrando a Igreja algarvia de um aspecto que a define enquanto comunidade de crentes: “somos um povo peregrino, um povo pascal que segue Cristo no caminho para o Pai”. O Pastor diocesano lembrou a propósito que “ser peregrino” é o “estado permanente dos discípulos de Cristo”. D. Manuel Quintas referiu-se então aos ‘frutos’ concretos que se esperam colher no final destes dois anos. “Queremos aprofundar e assimilar os conteúdos da fé, sobretudo a partir da Sagrada Escritura; participar de modo mais vivo e fiel na Eucaristia dominical, com o que isso significa na vida de cada cristão e de cada comunidade cristã; intensificar o sentido de pertença à Igreja e de participação na vida da comunidade; celebrar o Sacramento da Reconciliação como meio privilegiado de conversão pessoal; promover a adoração eucarística, mesmo a partir da mensagem de Fátima, dirigida concretamente às crianças; edificar comunidades eucarísticas, ministeriais, fraternas e missionárias; superar a separação entre a fé e a vida; continuar a privilegiar a Pastoral Familiar, Vocacional e Sócio-caritativa”, enumerou. A terminar, D. Manuel Quintas referiu-se à visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima como “um meio privilegiado para escutar e fazer o que Cristo tem hoje a dizer aos cristãos algarvios”. Família, Vocações e Caridade A manhã da Assembleia Diocesana foi ainda constituída pela apresentação dos aspectos programáticos mais relevantes para os sectores da Pastoral da Família, das Vocações e da Caridade, áreas que a Igreja algarvia continua a privilegiar, e que foi feita pelos respectivos responsáveis diocesanos. Aproveitar visita da Virgem peregrina para formar equipas paroquiais O Sector Diocesano da Pastoral Familiar (SDPF) veio propor na Assembleia Diocesana que se aproveite estes dois anos, em que a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima vai percorrer o Algarve, para “um trabalho de sensibilização à Pastoral Familiar nas paróquias com o lema ‘As Famílias caminham com Maria’”. No fundo, a proposta visa aproveitar a passagem da imagem mariana para a constituição, em cada comunidade paroquial, de uma equipa paroquial de Pastoral Familiar. O assistente do SDPF propôs “que em cada paróquia, no programa de actividades pensadas para a estadia de Nossa Senhora, seja reservado um momento para realizar um encontro com todas as famílias à volta de Maria sobre a temática da Família”, e acrescentou que “a finalidade deste encontro é abrir as famílias ao convite de Maria que aponta para Jesus”. O padre Henrique Varela, que fez ainda referência ao retiro para casais, sobretudo os mais jovens, e às actividades a organizar no âmbito da Semana da Vida, alertou que “a Pastoral Familiar é muito mais abrangente do que os movimentos familiares”. “Não podemos confundir os vários movimentos familiares e os serviços familiares com Pastoral Familiar. São coisas distintas que precisam de ser integradas. A Pastoral Familiar engloba tudo isto. A Pastoral Familiar não pode ser substituída pelos movimentos e serviços familiares”, advertiu, reconhecendo que “os movimentos e serviços, por sua vez, oferecem a espiritualidade e a acção especializada”. Por outro lado, o sacerdote referiu-se às etapas de actuação da Pastoral Familiar e aos seus destinatários. “Todas as famílias, mesmo aquelas que consideramos não constituídas segundo as normas da Igreja, são importantes na sociedade e importantes para a Igreja, mas na prática verifica-se que o modelo de famílias em que tradicionalmente a Igreja tem apostado não responde ao que hoje se pede à família”, disse, acrescentando que “a Igreja tem consciência de que as famílias que querem viver a sua fé em Jesus Cristo encontrarão o apoio indispensável na comunidade cristã que lhes pede também que sejam Igreja doméstica e evangelizadoras”. Encontros com crismandos para promover as vocações O director do Secretariado Diocesano da Pastoral Vocacional divulgou na Assembleia Diocesana a promoção de encontros vocacionais com crismandos, bem como a publicação de um guião com esquemas de oração para ajudar as paróquias neste sector da pastoral. A realização de um retiro vocacional e de férias missionárias no Verão foram outras actividades anunciadas na passada sexta-feira. Começando por lembrar que “a média etária do clero e das consagradas da diocese do Algarve é alta” e que “há poucos sacerdotes e religiosas no Algarve”, o que leva a que “muitas comunidades que não possam ser melhor atendidas e conduzidas”, o padre Rui Guerreiro frisou que “a motivação da Pastoral Vocacional não deve ser a diminuição das necessidades para atender a determinadas obras e tarefas”. “As vocações existem para salvar o povo e a Igreja e dão sentido à vida dos chamados”, afirmou o sacerdote. Procurando responder a algumas sugestões saídas do Conselho Pastoral da Diocese do Algarve, anunciou que serão publicados na FOLHA DO DOMINGO e no portal da diocese na Internet testemunhos vocacionais de sacerdotes e seminaristas, tal como aconteceu há 3 anos com algumas religiosas. Descartadas foram as propostas de divulgação das actividades do Pré-seminário e de realização de uma feira das vocações. “Não faz muito sentido publicar todas as datas do Pré-seminário porque senão teríamos sempre gente nova em cada encontro e o esquema que temos delineado seria um pouco quebrado”, justificou, acrescentando também que “há cerca de 2 anos foi feita uma feira das vocações na Jornada Diocesana da Juventude”. O padre Rui Guerreiro manifestou ainda a vontade daquele sector da pastoral diocesana de trabalhar mais em relação com a Pastoral Universitária e a Pastoral da Juventude. Aposta na formação para criação de grupos paroquiais sócio-caritativos Carlos Oliveira garantiu que a aposta na Pastoral Sócio-caritativa passará este ano pela formação. Nesse contexto, o presidente da Caritas Diocesana do Algarve anunciou a realização de um encontro de apoio paroquial de atendimento social, cujo objectivo é ajudar a “conhecer, atender e descobrir as necessidades primárias das famílias” e que terá como destinatários os responsáveis dos grupos de acção sócio-caritativa. Ainda no âmbito da formação, Carlos Oliveira divulgou a promoção de um Curso de Formação de Animadores da Pastoral Sócio-caritativa, dividido por dois módulos com vista à constituição do grupo paroquial de Pastoral Sócio-caritativa. “Somos chamados a amadurecer a nossa responsabilidade comunitária para as múltiplas formas de pobreza na área de cada comunidade paroquial”, afirmou. Aquele responsável informou ainda que a Faculdade de Teologia da Universidade Católica, em parceria com a Caritas Portuguesa, vai levar a efeito um Curso de Introdução à Doutrina Social da Igreja, através da Internet (e-learning). Carlos Oliveira referiu ainda que, “por sugestão do Conselho Pastoral da Diocese do Algarve, vão retomar as Jornadas de Acção Social, este ano a culminar com a Semana Caritas”. A propósito da acção ‘10 milhões de estrelas – um gesto pela paz’, que este ano reverterá a favor do Lar da Mãe, clarificou que o seu objectivo é “sensibilizar as populações para os valores da paz e da solidariedade e não se pretende apenas vender velas e fotofóros”. A par destas actividades, a Caritas algarvia comprometeu-se acompanhar, desenvolver e divulgar o Lar da Mãe, o SOS Vida e outras iniciativas de formação profissional. Samuel Mendonça

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