Igreja/Açores: Romarias Quaresmais transformam São Miguel num «santuário a céu aberto»

Romeiros regressam às estradas açorianas, após interregno da pandemia

Angra do Heroísmo, Açores, 24 fev 2022 (Ecclesia) – Os ranchos do Movimento dos Romeiros de São Miguel, na Diocese de Angra, regressam às ruas e estradas da ilha açoriana nesta Quaresma, passado três anos, a partir deste sábado, com os primeiros 11 ranchos.

“É com uma imensa alegria que retomamos as nossas atividades normais e também com muita alegria que vemos ser possível que a Ilha de São Miguel se transforme num Santuário a céu aberto”, disse o responsável pelo Movimento Romeiros de São Miguel ao portal online diocesano ‘Igreja Açores’.

Segundo João Carlos Leite, o que acontece na Ilha de São Miguel no tempo litúrgico da Quaresma “é inenarrável”, indicando que não é só a caminhada dos romeiros “mas a envolvência de todos, das comunidades, seja no clima de oração seja no acolhimento”.

No contexto da pandemia Covid-19, que impediu a realização das romarias nos últimos anos, desde 2020 quando ainda saíram os primeiros grupos, João Carlos Leite refere que não sabem “se há irmãos que ainda poderão sair por causa da idade”, partilhando também preocupações com a adesão dos jovens.

“Não terem existido romarias durante três anos fez com que muitos jovens perdessem de vista esta experiência e, por isso, não sabemos se este ano vamos ter muitas crianças e jovens”, desenvolveu.

Os primeiros 11 ranchos de São Miguel vão sair na madrugada deste sábado, e, para além das intenções particulares e das que são pedidas, o bispo de Angra pediu que rezassem por 17 intenções que lembram a Igreja e a sociedade, onde estão os jovens e a JMJ Lisboa 2023, os idosos, e as “vítimas de abusos”.

D. Armando Esteves, na sua primeira mensagem para a Quaresma como bispo de Angra, divulgada esta quinta-feira, reflete sobre a ‘casa’ e começa por destacar as romarias na Ilha de São Miguel, “com menor expressão, também à volta das ilhas Terceira, S. Jorge e Graciosa”, lembrando que são acolhidos em casas de particulares que também lhes colocam comida sobre a mesa.

O responsável pelo Movimento Romeiros de São Miguel explicou que “há muitas famílias que já não podem receber romeiros”, e desafiou os casais mais novos para que possam fazer essa experiência, “que é uma verdadeira teologia de afetos, mas também têm a ajuda das juntas de freguesia, dos salões paroquiais e clubes desportivos.

Durante o período das Romarias Quaresmais, até Quinta-feira Santa, este ano a 6 de abril, apelam à segurança dos romeiros e dos automobilistas, e esta sexta-feira, dia 24, vão intensificar esse alerta com a “distribuição de informação no aeroporto de Ponta Delgada”, para que os turistas saibam que “há grupos de romeiros nas estradas e é preciso conduzir com cautela”.

A partir do dia 5 de março, segundo Domingo da Quaresma, vão aumentar o número de pessoas em romaria, pelo menos 22 ranchos ao mesmo tempo, para além dos grupos de senhoras, que saem por um dia, disse o responsável ao sítio online ‘Igreja Açores’.

A Quaresma é um tempo litúrgico, de 40 dias (a contagem exclui os domingos), que começou esta quarta-feira, com a celebração de Cinzas, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência; serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão (este ano a 9 de abril).

As Romarias de São Miguel estão a assinalar 500 anos e, nesta sexta-feira, três romeiros – João Carlos Leite e os mestres dos Ranchos de Vila Franca do Campo e de Ponta Garça – estão na escola de Ponta Garça, na Ouvidoria de Vila Franca do Campo, para falar sobre as Romarias Quaresmais, com a exposição itinerante que assinala a efeméride.

CB

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Agência ECCLESIA

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