Igreja/Abusos: Bispo do Algarve afirma que publicação do relatório constitui «veemente apelo à conversão»

«Ninguém pode abafar ou ignorar este grito» – D. Manuel Quintas

Foto: Folha do Domingo/Samuel Mendonça

Faro, 22 fev 2023 (Ecclesia) – O bispo do Algarve afirma, na mensagem para a Quaresma, que a publicação do relatório para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa “constitui um veemente apelo à conversão”, e refere três ações a cumprir.

“Ninguém pode abafar ou ignorar este grito. Trata-se de uma realidade inqualificável”, escreve D. Manuel Quintas, que cita o Papa Francisco sobre os abusos, lembrando a frase “um só caso constitui uma realidade monstruosa”.

Para o bispo do Algarve a publicação do relatório para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa pela Comissão Independente, que foi designada por iniciativa dos bispos de Portugal, “constitui um veemente apelo à conversão”.

A 13 de fevereiro, em Lisboa, a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica em Portugal apresentou o seu relatório final, no qual validou 512 testemunhos, apontando a um número de 4815 vítimas, entre 1950 e 2022.

D. Manuel Quintas, indicando que “com o pedido de perdão a todas as vítimas, inclusive àquelas que não tiveram a coragem de o manifestar”, sentem-se obrigados a algumas ações.

Segundo o bispo do Algarve têm de “assumir as consequências destes atos inqualificáveis”, cometidos por quem devia ser “defensor” e não “abusador” dos mais frágeis, “conscientes de que tudo o que possamos fazer apenas atenuará o sofrimento e a humilhação das vítimas”; promover ações de formação com todos os agentes de pastoral para “criar uma ‘cultura do cuidado e da transparência’ em todas as instituições eclesiais”.

Incutir nas comunidades cristãs, e através delas na sociedade em geral, uma nova sensibilidade de modo a prevenir e a denunciar situações que possam ocorrer na proteção e defesa das crianças, adolescentes e adultos vulneráveis”.

D. Manuel Quintas explica que o caminho quaresmal, que a Igreja Católica começa a celebrar esta quarta-feira, e o caminho sinodal “conduzem a uma transfiguração pessoal e eclesial”, que só são possíveis a quem se decide “a escutar Jesus e a escutar os irmãos em Igreja”.

A Quaresma é um tempo litúrgico, de 40 dias (a contagem exclui os domingos), que tem início com a celebração de Cinzas (22 de fevereiro, em 2023), marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência; serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão (este ano a 9 de abril).

Na mensagem para a Quaresma, publicada online, o bispo do Algarve anuncia que a renúncia destina-se aos ‘Missionários de Santa Teresa de Jesus’ na Diocese angolana de Viana, “por indicação do Conselho Presbiteral”, para ajudar a construir uma ‘Casa de Formação’, para os seminaristas do curso de Teologia, atualmente são 45.

D. Manuel Quintas informou também que na Quaresma 2022 angariaram 10.550 euros para a Diocese de São Tomé e Príncipe, o bispo desta Igreja lusófona tinha manifestado “a insuficiência dos recursos diocesanos mesmo para a vida ordinária”, e salientou que no Natal realizaram a “recolha extraordinária” de “27 731,29 euros incluindo o donativo (2400 euros) da comunidade ucraniana (greco-católicos)”, para a Arquidiocese de Kiev, na Ucrânia.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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