Hungria: Papa encerra viagem marcada pela busca de equilíbrios, perante crise dos refugiados e guerra na Ucrânia

Francisco deixa mensagens em favor da abertura aos migrantes, reconhecendo contributo histórico da comunidade católica

Budapeste, 30 abr 2023 (Ecclesia) – O Papa concluiu hoje a sua viagem à Hungria, iniciada na sexta-feira, após três dias marcados por mensagens em favor da abertura aos migrantes, reconhecendo contributo da comunidade católica no acolhimento à quem foge da guerra na Ucrânia.

“Estou feliz”, confessou Francisco à presidente húngrada Katalin Novák, antes de subir ao avião que o leva até Roma, desde o aeroporto internacional de Budapeste.

Milhares de pessoas acompanharam o Papa, tanto nos encontros oficiais como pelas ruas da capital da Hungria.

Com o lema ‘Cristo é a nossa esperança’, esta visita foi a 41ª viagem internacional do pontificado e representou um regresso a Budapeste, onde Francisco presidiu, em 2021, à Missa de encerramento do 52.º Congresso Eucarístico Internacional.

No seu primeiro discurso, esta sexta-feira, o Papa alertou para o crescimento de nacioalismos e populismos na Europa, apelando ao fim da guerra na Ucrânia e ao acolhimento de migrantes e refugiado.

“A nível internacional, parece até que a política tem como objetivo inflamar os ânimos, em vez de resolver os problemas, esquecendo a maturidade alcançada depois dos horrores da guerra e regredindo para uma espécie de infantilismo bélico”, assinalou.

Ainda na sexta-feira, Francisco saudou a fé “granítica” dos húngaros, pedindo que a comunidade católica se distinga pela capacidade de acolher quem sofre.

No sábado, o Papa visitou a casa ‘Beato Lázló Batthyány-Strattmann’, em Budapeste, para crianças com deficiência visual, seguindo-se uma celebração com pessoas pobres e refugiados, na igreja de Santa Isabel da Hungria, onde ouviu o testemunho de uma família que fugiu da guerra na Ucrânia.

“Obrigado pela forma como acolhestes – não só com generosidade, mas até com entusiasmo – tantos refugiados da Ucrânia”, disse Francisco, falando perante responsáveis, voluntários e utentes de várias instituições de solidariedade da Igreja Católica na Hungria.

Ainda no sábado, o Papa recebeu, em audiência privada, o metropolita Hilário, responsável do Patriarcado de Moscovo em Budapeste, que foi durante 13 anos responsável pelas relações externas da Igreja Ortodoxa na Rússia.

O dia encerrou-se com a tradicional festa juvenil, na qual Francisco convidou os jovens da Hungria a participar na JMJ Lisboa 2023, de 1 a 6 de agosto, para fazer “comunidade” e sair da vida “virtual”, centrada nos telemóveis.

A viagem concluiu-se este domingo, com uma Missa, junto ao Parlamento húngaro, onde o Papa deixou críticas às “portas fechadas” para os estrangeiros e quem sofre, pedindo que a comunidade católica seja aberta e inclusiva.

A homilia da celebração deixou uma mensagem direta aos que têm “responsabilidades políticas e sociais”, pedindo que sejam “abertos e inclusivos uns com os outros, para ajudar a Hungria a crescer na fraternidade, caminho da paz”.

Antes de regressar a Roma, Francisco presidiu a um encontro dedicado ao mundo académico, no qual condenou o “capitalismo selvagem” e o que designou como colonizações ideológicas

Desde a sua eleição pontifícia, em 2013, Francisco visitou 60 países: Brasil, Jordânia, Israel, Palestina, Coreia do Sul, Turquia, Sri Lanka, Filipinas, Equador, Bolívia, Paraguai, Cuba, Estados Unidos da América, Quénia, Uganda, República Centro-Africana, México, Arménia, Polónia, Geórgia, Azerbaijão, Suécia, Egito, Portugal, Colômbia, Mianmar, Bangladesh, Chile, Perú, Bélgica, Irlanda, Lituânia, Estónia, Letónia, Panamá, Emirados Árabes Unidos, Marrocos, Bulgária, Macedónia do Norte, Roménia, Moçambique, Madagáscar, Maurícia, Tailândia, Japão, Iraque, Eslováquia, Chipre, Grécia (após ter estado anteriormente em Lesbos),  Malta, Canadá, Cazaquistão, Barém, República Democrática do Congo, Sudão do Sul e Hungria; Estrasburgo (França) – onde esteve no Parlamento Europeu e o Conselho da Europa -, Tirana (Albânia), Sarajevo (Bósnia-Herzegovina) e Genebra (Suíça).

OC

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