Hungria: Papa elogia «fé granítica» da comunidade católica e pede «acolhimento profético» a quem sofre

Encontro na Catedral de Santo Estêvão evocou perseguição religiosa do século XX

Budapeste, 28 abr 2023 (Ecclesia) – O Papa elogiou hoje em Budapeste a fé “granítica” dos húngaros, pedindo que a comunidade católica se distinga pela capacidade de acolher quem sofre.

“Acolhimento profético, para transmitir a consolação do Senhor nas situações de sofrimento e pobreza do mundo, permanecendo ao lado dos cristãos perseguidos, dos migrantes em busca de hospitalidade, das pessoas doutras etnias, de quem quer que passe necessidade”, disse, num encontro com bispos, sacerdotes, diáconos, consagrados e consagradas, seminaristas e agentes pastorais.

Os participantes lotaram a Catedral de Santo Estêvão e reuniram-se também na praça exterior do templo, onde foram colocados ecrãs gigantes.

Francisco evocou o exemplo de São Martinho (316-397), que nasceu na Panónia, atual Hungria.

“O seu gesto de repartir o manto com o pobre é muito mais do que uma simples obra de caridade: é a imagem de Igreja para a qual havemos de tender, é aquilo que a Igreja da Hungria pode levar como profecia ao coração da Europa, ou seja, misericórdia e proximidade”, sustentou.

Dirigindo-se aos membros da comunidade católica local, o Papa alertou contra o “paganismo soft” da mundanidade, que considerou o “pior” que pode acontecer à Igreja.

Francisco, que se deslocou em cadeira de rodas e caminhou com a ajuda de uma bengala, desafiou os presentes a “escutar e dialogar com todos e cuidar dos pobres”.

“Esta é a Igreja que devemos sonhar: capaz de mútua escuta, de diálogo, de atenção aos mais frágeis; acolhedora de todos e corajosa em levar a cada um a profecia do Evangelho”, sustentou.

O encontro contou com intervenções do presidente da Conferência Episcopal Húngara, dois sacerdotes, uma religiosa e uma catequista.

O Papa comentou estas intervenções, apontando aos desafios pastorais gerados pelas “rápidas e contínuas mudanças da sociedade e a própria crise de fé do Ocidente”.

A segunda intervenção da viagem, iniciada esta manhã, rejeitou uma “uma leitura catastrófica da história atual, alimentada pelo derrotismo”, bem como uma “leitura ingénua do próprio tempo”.

Francisco é o segundo Papa a visitar a Hungria, onde São João Paulo II esteve em 1991 e 1996; o atual pontífice passou pela capital húngara, a 12 de setembro de 2021, para o encerramento do 52.° Congresso Eucarístico Internacional.

Contra o derrotismo catastrófico e o conformismo mundano, o Evangelho dá-nos olhos novos, dá-nos a graça do discernimento para nos embrenharmos no nosso tempo com uma atitude acolhedora, mas também com um espírito profético, ou seja, com acolhimento profético”.

O Papa pediu que todos se sintam corresponsáveis, “antes de mais nada na oração, porque as respostas vêm do Senhor e não do mundo, do sacrário e não do computador”.

A intervenção lamentou a divisão e a “maledicência” no seio da Igreja, que se estende a “aspetos políticos e sociais”, apelando a “olhares e abordagens misericordiosos e compassivos”.

Um dos testemunhos, do padre József, evocou o ministério de seu irmão, o Beato János Brenner (1931-1957), “barbaramente assassinado com apenas 26 anos”.

“Quantas testemunhas e confessores da fé teve este povo durante os regimes totalitários do século passado”, declarou o Papa.

Este sábado, segundo dia de visita, vai ter início com uma visita privada às crianças acolhidas pelo Instituto Lászlo Batthyány-Strattmann; já às 10h15, o Papa encontra-se com refugiados e as pessoas pobres na igreja de Santa Isabel da Hungria.

Pelas 11h30, Francisco visita a comunidade greco-católica na igreja “Proteção da Mãe de Deus”; o programa público de sábado encerra-se às 16h30, no ginásio desportivo ‘Papp László Budapest Sportaréna’, num encontro com jovens.

OC

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