Hungria: Papa alerta para «falsos messias» e pede purificação da religiosidade

Francisco presidiu à Missa conclusiva do 52.º Congresso Eucarístico Internacional, perante 100 mil pessoas

Budapeste, 12 set 2021 (Ecclesia) – O Papa disse hoje em Budapeste que os cristãos devem rejeitar os falsos “messias” e seguir o exemplo de Jesus, rejeitando a violência e o uso da força.

“Que grande distância existe entre Aquele que reina silenciosamente na cruz e o falso deus que gostaríamos de ver reinar pela força e reduzir ao silêncio os nossos inimigos! Como é diferente Cristo, que se nos propõe só com amor, comparado com os messias poderosos e vencedores, lisonjeados pelo mundo”, referiu, na Missa conclusiva do 52.º Congresso Eucarístico Internacional (CEI), que decorreu na capital húngara.

A intervenção sublinhou o risco de anunciar um “falso messianismo” e destacou que a diferença não está entre quem é religioso e quem não o é, mas “entre o Deus verdadeiro e o deus que é o próprio eu”.

“A lógica de Deus, que é a do amor humilde; o caminho de Deus evita qualquer imposição, ostentação e triunfalismo, visa sempre o bem dos outros, indo até ao sacrifício de si mesmo. Do outro, temos o ‘pensar segundo os homens’: é a lógica do mundo, presa às honras e privilégios, tendente ao prestígio e ao sucesso”, advertiu o pontífice.

Segundo as autoridades locais, a celebração reuniu 100 mil pessoas na Praça dos Heróis, que Francisco percorreu em papamóvel.

O Papa desafiou os presentes a passar “da admiração por Jesus à imitação de Jesus”, com uma “resposta pessoal, de vida”.

“Jesus sacode-nos, não se contenta com declarações de fé, pede-nos que purifiquemos a nossa religiosidade diante da sua cruz, diante da Eucaristia”, sublinhou.

A 52ª edição do CEI teve como tema “Todas as minhas fontes estão em Ti. A Eucaristia: Fonte da nossa vida e da nossa missão cristã”, contando com delegações de vários países, incluindo uma comitiva portuguesa de 26 pessoas.

“Diante de nós está a Eucaristia, para nos recordar quem é Deus; não o faz com palavras, mas de modo concreto, mostrando-nos Deus como Pão partido, como Amor crucificado e doado”, declarou Francisco.

O Papa convidou os católicos a recuperar a prática da adoração diante da Eucaristia, realçando que “a Cruz nunca está na moda”.

Deixemos que Jesus, Pão vivo, cure os nossos fechamentos e nos abra à partilha, que nos cure da rigidez e de nos fecharmos em nós mesmos, nos livre da escravidão paralisante da defesa da nossa imagem e nos inspire a segui-lo para onde nos quer conduzir”.

A homilia destacou a necessidade de superar uma fé que vive de “ritos e repetições”, desejando que este Congresso Eucarístico seja “um ponto de partida”.

Esta é a segunda vez que a Hungria recebe o CEI, que decorreu em Budapeste também no ano de 1938; a cidade francesa de Lille acolheu, em 1881, o primeiro Congresso Eucarístico, intitulado “A Eucaristia muda o mundo”.

OC

 

Liturgia: Congresso Eucarístico Internacional pode ser um «autêntico sinal» de «esperança e caridade para a unidade e a paz na Europa» – D. José Cordeiro

Partilhar:
Scroll to Top