Celebramos o Dia da Diocese, no encerramento deste Ano Pastoral que foi, também, Ano Sacerdotal. Fazemo-lo, recebendo a melhor prenda que nos poderia vir de Jesus, Sumo e Eterno Sacerdote: 4 novos Padres que vêm fazer parte do nosso Presbitério. Exultemos de alegria no Senhor!… Ele continua a olhar para nós com muito amor e a fazer em nós e para nós, grandes maravilhas!… Santo é o Seu Nome!… Caríssimos diáconos: Carlos Monge, Jorge Miguel, Luís Carlos e Marco Cabral, o Presbitério e toda a Diocese dão-vos as boas vindas!… Pelo vosso SIM – em inteira liberdade – como resposta ao chamamento amoroso de Deus, sereis, dentro de momentos, Sacerdotes na Igreja, Pastores a favor deste Povo que Deus tanto ama!… Todos vos saudamos com muita alegria, como saudamos e agradecemos o contributo que vos foi dado pelos vossos Pais e familiares, pelos vossos Párocos e Comunidades, pelos nossos Seminários e seus Responsáveis. Saudamos, também, todos quantos vos ajudaram no estágio pastoral e em todo o vosso percurso.
A Palavra de Deus deste Domingo diz-nos que a Vocação ao Seguimento, no Sacerdócio Ministerial, parte de Deus que propõe um Projecto de amor, atribuindo uma Missão concreta: seguir Jesus Cristo como Mestre, Sacerdote e Pastor, por cujo ministério o Seu Corpo, que é a Igreja, cresce e se edifica como templo santo e povo de Deus. Como diz o Ritual da Ordenação, caríssimos Diáconos, “ides ser configurados com Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote, e associados ao sacerdócio dos Bispos”. Ides, assim, “ser consagrados como verdadeiros sacerdotes da Nova Aliança para anunciardes o Evangelho, apascentardes o povo de Deus e celebrardes o culto divino, principalmente no sacrifício do Senhor”. Vocação – Projecto – Missão. Deus chama ao Sacerdócio, propondo uma Missão que é a participação num Projecto de Amor e de Salvação. Ser Sacerdote é entregar-se a este Deus de Amor, numa resposta fiel, confiante e generosa, aceitando a Missão de serviço na Igreja, vivendo a Vocação no amor: livre e apaixonado, generoso e disponível, exclusivo e total.
O Evangelho mostra-nos as características deste amor sacerdotal, naquele a quem Jesus chama com um directo e pessoal “segue-Me”. Este convite supõe o seguimento total – sem partilha com outros interesses ou com outras preferências – e exige uma orientação nova, toda direccionada para a Missão. É na Missão que nós encontramos uma nova família, com o anúncio do Reino de Deus. Conduzidos pelo Espírito Santo, encontrar-nos-emos plenamente livres e compreenderemos a beleza e a liberdade da plenitude da Lei – o amor do próximo – que somos enviados a viver e a ensinar.
É em Jesus Cristo Sacerdote – e só n’Ele – que se fundamenta, se vive e se explica a nossa vocação. É nas dimensões da Liberdade, da Beleza, da Generosidade e do Amor que se joga, se realiza e se compreende a nossa Missão. Não nos podemos deixar guiar pela opinião pessoal, pela pressão da comunicação social, pela moda, pelo aplauso e reconhecimento maioritários ou pela procura de uma posição social gratificante. Acreditai que Cristo é a maior e melhor gratificação para cada um de nós. Ele é o Tudo e o Máximo, que nos enche o coração. Vale a pena viver a consagração sem reservas, sem misturas, sem partilhas e sem alternativas.
Caríssimos Sacerdotes e caríssimos candidatos ao Sacerdócio, não há beleza maior do que tornar Jesus presente na vida das pessoas. O Sacerdote fá-lo, por participação no Sacerdócio de Cristo, apresentando-O como Pão da Vida; como Perdão e princípio de autêntica conversão; como Caminho, Verdade e Vida; como Pastor que conhece, que apascenta, que procura e acolhe, que encontra e ama. Para além de todas as outras acções a que somos convidados, estas convidam-nos a admirar, a agradecer e a viver, sem regatear energias, a beleza da Missão sacerdotal. Beleza que se celebra; que se comunica; que se testemunha. Beleza que alimenta e dá sentido à vida do próprio Sacerdote.
Esta é a maior maravilha: o Sacerdote fiel, ao viver o sacerdócio na fidelidade de Cristo, enriquece e forma a sua própria vida e espiritualidade, pois ao celebrar em favor dos outros, celebra para alimentar, fortalecer e adornar a sua própria vida. É muito bom saber que Deus nos ama, que nos é próximo e que vive em nós. É muito bom saber que Deus cuida da nossa vida e nos quer bem, apesar de nem sempre sermos bons. É bom sabermos isto e vivermos esta confiança n’Ele!… Precisamos de viver esta confiança e de a testemunhar, pois todos precisam de conhecer o nosso Deus e todos serão felizes quando O conhecerem bem, através do testemunho da nossa vida toda. Isto é o fundamental da nossa Missão – ser Sacerdotes e Pastores segundo o coração de Jesus, o Bom Pastor. De outra forma, não tem sentido, não satisfaz. Seria, mais depressa que pensamos, a total desilusão.
Sem esta relação com Jesus, sem este amor à missão que Ele nos confia e sem esta espiritualidade que provém, em primeiro lugar, do exercício do nosso Ministério, não é possível compreender a nossa entrega total, definitiva e exclusiva a Cristo, na Igreja. A vivência da nossa vida generosa, num testemunho fiel, alegre e feliz, é ajuda indispensável, quer para as outras vocações, quer para o surgimento de outros que queiram seguir Jesus na vocação sacerdotal.
Celebramos a grandeza e a beleza do sacerdócio de Cristo, partilhado e vivido por nós, sacerdotes, ainda que vasos de barro! Sacerdócio que Deus quer continuar a partilhar com aqueles que, hoje, continua a chamar: Carlos Monge, Jorge Miguel, Luís Carlos e Marco Cabral; com todos os Seminaristas; com outros jovens que se possam sentir chamados por Deus, hoje mesmo e queiram dar um SIM alegre, disponível, generoso, feliz.
Este testemunho assenta na vida, toda ela de paixão serena, sofrida, esclarecida e permanente pela fidelidade àquele em Quem pomos a nossa confiança – Jesus Cristo Nosso Senhor. Alimentado por um apreço grande à verdade e à santidade de vida, este testemunho deve levar-nos a cuidar, com muito amor, alegria e entusiasmo, a nossa vida pessoal e o nosso Ministério, em todos os actos nos quais se realiza. O Bom Pastor é o apelo, o modelo e a referência. A proximidade, o zelo, o amor a todos – a começar pelas crianças, pelos jovens, pelos doentes, pelos idosos, pelos pecadores, pelos pobres, pelos que se afastaram – são elementos a apontar os caminhos do nosso ministério, a fazer parte do nosso exame de consciência e avaliação pessoal e pastoral e a motivar-nos para a formação permanente, motivadora de um alegre espírito de comunhão, de uma serena fidelidade e de uma empenhada corresponsabilidade.
Confiemo-nos à Mãe de Deus e Mãe dos Sacerdotes, a Senhora do Altar-Mor, Padroeira da nossa Catedral!… Peçamos a Sua protecção materna para estes novos Sacerdotes, para todo o nosso Presbitério e para a nossa Diocese que vai entrar em Sínodo, escutando Deus e os homens e perscrutando os sinais do nosso tempo. Que, todos em comunhão, possamos responder aos desafios do Bom Pastor para o mundo actual!…
No encerramento deste Ano Pastoral, também Ano Sacerdotal, prometamos e procuremos viver o Sacerdócio em consagração alegre e fiel, seguindo Jesus Cristo e a exemplo do Santo Cura d’Ars, nosso Patrono, na procura permanente por fazer a vontade de Deus.
D. Ilídio Leandro, Bispo de Viseu