Homilia do Bispo de Aveiro na Vigília Pascal

Ele precede-vos a caminho da Galileia
O sepulcro vazio
O texto do evangelho de S. Marcos ordena-se à revelação do mistério da ressurreição do crucificado. Dirigido a umas mulheres que apenas pensam num morto (embalsamar o corpo), não encontram nada no túmulo. A ressurreição do crucificado não é ideia de um homem, mas sim um ato de Deus.

Logo no princípio (Início do Evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus) se projeta a presença de Jesus vivo. O Evangelho de Marcos está escrito e meditado na certeza da aceitação de que Jesus vive e fala hoje aos Seus discípulos – os chama e explica a verdadeira identidade da Sua Igreja.

O túmulo vazio é um sinal que expressa a realidade da ressurreição, mas não é a principal fonte da fé na ressurreição. Exige a experiência pessoal e comunitária de Cristo vivo e a revelação, fruto da ação do Espírito Santo, que nos permite identificar o Ressuscitado com o Crucificado.

Ressuscitou!
«Entrando no sepulcro, viram um jovem sentado à direita, que lhes diz: “Não vos assusteis! Buscais a Jesus de Nazaré, o crucificado? Ressuscitou; não está aqui”».

A ressurreição de Cristo não se limita à reanimação de um cadáver (como por exemplo na reanimação do filho da viúva de Naím, ou de Lázaro, ou da filha de Jairo), mas é muito mais: É voltar à vida para sempre, um estado totalmente novo, transcendente.

A ressurreição de Jesus acontece no terceiro dia e com esta expressão queremos indicar que se trata de uma Ressurreição do final dos tempos, transcendente e para toda a humanidade.

Ide, pois, e dizei aos seus discípulos
Jesus Cristo morto e ressuscitado, que nos (re)constrói na totalidade, no serviço e numa alegria transformadora é um bem precioso que temos de partilhar com os outros. Temos o dever de partilhar o sentido e a alegria da vida, que nasce do encontro com Ele.

É com Jesus Cristo que aprendemos um método para o encontro com o outro. Tal como as testemunhas do Ressuscitado, “ainda hoje os cristãos são ou devem ser assíduos ao ensino dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações (At 2, 42). Atividades em que o Ressuscitado vem igualmente ao nosso encontro, para d’Ele, com Ele e para Ele vivermos” (CEP, Catequese: A Alegria do Encontro com Jesus Cristo, 6).

Impulsionadas pelo amor e pelo encontro com Jesus, as testemunhas da Ressurreição experimentaram uma alegria inefável ao ver novamente o Senhor e, cheias de entusiasmo correram para comunicar a notícia aos discípulos. Esta é a mensagem que os cristãos estão chamados a difundir.

Para que o discípulo amadureça no conhecimento e seguimento de Jesus, deve alimentar-se: da Palavra de Deus, que é caminho de autêntica conversão e renovação; da Eucaristia, lugar privilegiado do encontro do discípulo com Jesus Cristo; da oração pessoal e comunitária, o lugar onde o discípulo, alimentado pela Palavra e pela Eucaristia, cultiva uma relação de profunda amizade com Jesus Cristo; e também encontramos e seguimos Jesus de um modo especial nos pobres, aflitos e enfermos.

Hoje como ontem, a presença de Cristo Ressuscitado continua a interpelar cada um de nós e a própria humanidade: Que sentido tem a morte? O que é que existe depois da morte?

Jesus tinha dado a resposta nas várias ressurreições realizadas ao longo da sua vida pública, mas agora dá uma resposta definitiva: depois da morte há uma vida sem fim, feliz, para sempre e para todos.

Esta é a mensagem desta noite, mensagem que ressoa em toda a terra e que nós, os discípulos de Jesus, estamos chamados a anunciar.

Aveiro, 31 de março de 2018.

D. António Moiteiro, bispo de Aveiro.

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Agência ECCLESIA

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