Homilia de D. António Francisco Santos no início da Semana Nacional de Educação Cristã

Irmãos e Irmãs:

1.Celebramos o domingo, como dia dedicado a Deus e espaço privilegiado para as famílias viverem e afirmarem a sua fé. A Igreja é fraternidade de famílias, sinal visível do amor de Deus por cada um de nós e ambiente propício para celebrarmos, em comunidade cristã, a beleza do amor divino espelhado no amor vivido em cada família.

A partir da comunidade de Santo André de Esgueira, na cidade e diocese de Aveiro, queremos significar a nossa comunhão com todas as famílias de Portugal, neste início da Semana Nacional de Educação Cristã. Vivemos esta semana centrados na família, como lugar insubstituível de acolhimento do dom da vida e primeira escola da transmissão e da educação da fé.

Saúdo as crianças e os jovens, os seus pais e avós, os seus catequistas e professores de E.M.R.C., aqui reunidos, e a partir desta Igreja matriz e juntamente com toda a assembleia cristã aqui congregada, saúdo todos quantos nos acompanham pela TVI.

Somos uma grande família nesta Comunidade, com centenas de crianças, adolescentes e jovens na catequese, com muitos alunos nas escolas e com milhares de famílias. Mas hoje somos uma família maior, onde cabem todas as famílias que nos acompanham nesta celebração. No coração de Deus todos têm lugar. Na oração da Igreja todos estão presentes.

Saúdo com alegria e renovado convite para a missão todos quantos, nas paróquias e nas escolas, se dão por inteiro à causa da educação. Esta celebração é, também, momento de renovação da vossa missão diante de Deus e perante a Comunidade.

Lembro com acrescido carinho todos os que se sentem sem família e todas as famílias que vivem momentos difíceis de provação e de sofrimento, causados pela doença, pelo desemprego, pela falta de alegria e pela ausência de esperança.

2.Ouvimos a Palavra de Deus, solenemente acolhida e atentamente escutada.

O profeta Isaías na primeira leitura fala-nos do amor de Deus para com o Povo de Israel. Jesus, no evangelho, amplia este amor de Deus a toda a humanidade.

Na Bíblia e na pedagogia de Jesus compara-se muitas vezes o Povo de Deus a uma vinha que o proprietário cuida com desvelo. Nem sempre o Povo de Israel, vinha por Deus plantada e cuidada, foi agradecido, atento e sensível à ternura e ao carinho do Senhor. “A vinha do Senhor do Universo é a casa de Israel e os homens e mulheres de Judá são a sua plantação escolhida” (Isaías 5, 7).

A parábola do evangelho retoma a mesma imagem da vinha por Deus trabalhada e diz-nos que Deus escolheu o seu Filho, Jesus Cristo, como pedra fundamental da Igreja, a nova vinha do Senhor, a fim de que produza bons e abundantes frutos. “Esta é a obra do Senhor e é admirável aos nossos olhos.” (Mt 21, 42).

Por seu lado, S. Paulo na segunda leitura, exorta os cristãos da cidade de Filipos a viverem na alegria e na serenidade, respeitando o que é verdadeiro, nobre, justo e digno. São esses os valores perenes do evangelho, frutos que Deus espera da sua vinha ali plantada pelo anúncio do Evangelho feito por S. Paulo.

3. A Missão da Igreja, continuada e renovada no tempo, consiste neste anúncio do Evangelho, na celebração festiva da fé e no serviço fraterno da caridade, seguindo os valores, paradigmas e critérios do evangelho. Logo no dia da sua eleição, o Papa Bento XVI apresentou-se ao mundo como “humilde trabalhador da vinha do Senhor”.

Assim sejamos nós, também, chamados a anunciar o evangelho, como o fez Paulo junto dos Filipenses no seu tempo. Como o fazem hoje tantos pais, catequistas, professores e educadores da fé! Como o fazem com novo ardor, renovada alegria e aumentado entusiasmo neste tempo de nova evangelização, tantas famílias cristãs!

A Igreja, consciente da sua missão e conhecedora da centralidade da família na sociedade sabe quanto «a família tem por dever ser um espaço onde o evangelho é transmitido e de onde o evangelho irradia» (Paulo VI, E.N. n.º 71).

A educação cristã realizada em cada família não pode ser um tesouro guardado no aconchego de cada lar ou uma experiência vivida apenas no seio da própria família, mas é um dom do Senhor a multiplicar e uma bênção de Deus a repartir pelas outras famílias.

Isso mesmo, vamos sentindo, em cada ano que vem, pela experiência da catequese familiar nas nossas paróquias. Ao envolvermos as famílias nesta nova pedagogia catequética, estamos a abrir tantos lares à beleza da vida, à bênção do amor, à experiência da oração em família e à alegria da fé, vivida e partilhada.

Vivemos um momento de profunda mudança cultural. “A família, parte viva da sociedade também mudou. Neste contexto de mudança, cumpre-nos afirmar «o desígnio de Deus sobre a família» e dizer que a Igreja acredita no valor sagrado e insubstituível da família, afirma sem ambiguidade o valor do matrimónio e a identidade da família e valoriza o sentido de pertença da família à comunidade cristã, verdadeira família de famílias (cf. Nota Pastoral da CEEC, 2011).

Na sua missão educativa, como em todas as outras, a família nunca esteve só. É clara a mensagem do evangelho e tem de ser corajosa a voz e criativa a ação da Igreja.

4. Vamos iniciar na nossa diocese, no próximo domingo, a IV.ª Etapa do Plano de Pastoral num percurso de cinco anos e que nos conduz rumo ao Jubileu da restauração da Diocese. É nosso lema pastoral: a Igreja diocesana, fraternidade de famílias, confirma a esperança.

Isto só é possível se «cada um de nós e as nossas famílias estabelecerem um encontro pessoal com Cristo». (Bento XVI).

É a partir deste encontro com Cristo, aberto à vivência da fé em comunidade e à implicação concreta na vida do mundo, que descobrimos como tem sentido e valor todo o esforço realizado diariamente nas nossas escolas e nas nossas catequeses.

Uma fé viva, acolhida, celebrada e transmitida enraíza-nos em Cristo, torna-nos firmes na fé e faz das nossas famílias testemunhas do seu amor no mundo, como nos lembravam as recentes Jornadas Mundiais da Juventude, uma bela e encantadora experiência de fé e de vida de tantos jovens, membros tão felizes das nossas famílias e cristãmente tão comprometidos nas nossas comunidades. Os nossos jovens disseram-nos mais uma vez quanto e como estão próximos de Deus, atentos à sua voz Deus e disponíveis para a missão em Igreja.

5.Queridas famílias:

Para viverdes vós, também, enraizadas em Cristo e serdes educadoras da fé:

– fazei da vossa casa, escola onde se lê, aprende e reza a Palavra de Deus;

– procurai ser assíduas à Eucaristia e pertença ativa na comunidade cristã;

– dai espaço e atenção no vosso coração ao surgir da vocação no coração dos vossos filhos e abri-lhes caminho à realização do sonho de Deus para o seu futuro.

Neste início do mês do Rosário, invoco com acrescida veneração Maria, Mãe de Deus e Educadora da fé, Senhora do Rosário de Fátima, e peço-lhe que abençoe todas as famílias e conduza os seus passos nesta missão de educadores da fé. Ámen.

Igreja matriz de Esgueira, 2 de outubro de 2011
D. António Francisco dos Santos
Bispo de Aveiro

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