D. Jan Graubner, Arcebispo de Olomouc e Presidente da Conferência Episcopal da República Checa 13 de Setembro de 2003 Caros peregrinos, caros irmãos e irmãs Cheios de alegria, chegámos hoje para participarmos na missa em honra de Nossa Senhora que é a causa da nossa alegria porque é a aurora da nossa salvação. Certamente Deus também sentiu alegria quando escolheu Maria, filha de Nazaré, como a Mãe do seu Filho, Salvador do Mundo. Alegrou-se quando Maria respondeu: FIAT – SIM. A partir daquele momento, Deus está connosco de uma maneira diferente. A partir daquele momento, os homens têm razão para a alegria, porque se aproximou a salvação deles. Quando Maria, cheia de Deus, se apressa a ver Isabel, leva alegria. Durante o encontro, Isabel, cheia de alegria, disse: “O menino saltou de alegria no meu seio”. E Maria cantou: “A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador”. Maria alegra-se com o nascimento do seu Filho em Belém, com o canto dos anjos, com a chegada dos magos. Maria alegra-se com a ressurreição de Cristo, com a sua ascensão ao Céu, e com a vinda do Espírito Santo. Maria é a causa da nossa alegria também aqui, em Fátima, porque aqui se relevou como a Mãe que pensa nos seus filhos com amor, como a mãe que educa os seus filhos, não só dando-lhes um bom exemplo mas também apelos maternos. Neste lugar, Maria chama a atenção para os perigos para a humanidade; neste lugar, apela para a penitência, sacrifício e oração; neste lugar, mostra o caminho da salvação e afastamento do mal. Hoje, chegamos a Fátima para agradecer com alegria. Agradecemos pelo Santo Padre João Paulo II. Deus deu-o a nós, e ele conduz a Igreja, por graça de Deus, há já 25 anos. É um Papa de Nossa Senhora, não somente pela sua devoção mas também pela sua dedicação a Maria – “Totus tuus, Maria”. Nasceu na Polónia, no ano do milagre, ao lado do rio Wisla. As forças armadas da União Soviética já estavam diante das portas de Varsóvia. A nação implorava a Nossa Senhora de Czenstochowa – a Rainha da Polónia. Depois da festa da Assunção, as tropas soviéticas são empurradas para Kiev, durante dois dias, pelo exército de marechal Pilsutsky. No seu livro Atravessar o limiar da esperança, o próprio Papa diz que, durante o seu serviço pastoral no seu país natal, testemunhou a realização do dito de cardeal Hlond: Se vencermos, será através da Maria. De todos os países que foram atacados pela peste do ateísmo comunista, a Polónia Mariana foi o menos atingido. O Papa de Nossa Senhora teve grande mérito na queda do comunismo mundial. Os poderes do mal queriam destruir o papa, provocando o atentado no dia 13 de Maio de 1981. O aniversário da aparição de Maria e a convalescença do papa lembram-nos a mensagem de Fátima e a intervenção forte de Maria. O Papa disse: Foi uma mão maternal que guiou a trajectória da bala, e o Papa agonizante deteve-se no limiar da morte. O Papa chegou a Fátima para agradecer, e aquela bala, que o devia ter morto, ornamenta até aos nossos dias a coroa da imagem da Nossa Senhora de Fátima. Eu cheguei com a peregrinação nacional checa. Queremos agradecer o ter sobrevivido do comunismo. No século passado, a humanidade foi ameaçada por duas grandes guerras e muitos conflitos locais. Duas ditaduras – nazismo e comunismo – planearam a destruição total do cristianismo e sobretudo da Igreja Católica. Apesar disso, estamos presentes. Agradecemos a Nossa Senhora e também agradecemos por todos os que aceitaram o seu apelo de oração e penitência e assim ajudaram ao enfraquecimento do mal. Também esta experiência é causa da nossa alegria e reforço da esperança. Sim, Fátima ensina-nos a esperança, também hoje, quando temos de enfrentar outros tipos de perigo. Muitas nações cristãs da Europa estão em vias de extinção porque a juventude recusa constituir família e ter filhos. Alguns países estão a abandonar a cultura cristã da vida e a civilização do amor, porque preferem a escolha do egoísmo e do conforto, não tomam Deus em conta, Deus que deve ter nas nossas vidas o primeiro lugar, o lugar do Senhor. A velha Europa tem medo dos problemas sociais. Mas a experiência de Fátima diz-nos: não tenham medo, não é um destino inevitável. O mal pode ser sustido e superado, se tivermos a coragem de Maria em dizer SIM a Deus nas situações que nos ultrapassam, que são maiores do que somos capazes de imaginar. Se aceitarmos Deus na nossa vida com um amor tão grande como o de Maria, quando Deus entrar nas nossas vidas como entrou na vida da Maria, as nossas vidas serão também cheias de luz da alegria e esperança em Deus. Olhando a multidão das pessoas presentes, eu acho também uma razão para a alegria, porque espero que estejamos em Fátima não só para festejar Nossa Senhora, mas também para nos alegrarmos pela sua presença. Mas nós queremos também aprender de Maria, queremos ser como Ela. E não somente hoje, durante a nossa peregrinação, mas também amanhã e depois do nosso regresso. Estou a olhar-vos, jovens, com uma grande esperança. É provável que ainda venhais a ter muitos anos de vida. Tendes saúde e força, capacidade de amar e de lutar por grandes ideais. Podeis fazer muitas coisas para a salvação da cultura cristã na Europa e para a salvação das almas. As grandes intervenções de Deus na história, os milagres em favor da humanidade, a protecção poderosa de Nossa Senhora não pertencem só ao passado. Nós também podemos ser suas testemunhas ou participantes. Caros peregrinos, caros irmãos e irmãs, A oração faz parte da peregrinação. Confiemos a Deus, através da Nossa Senhora, todos os que temos no nosso coração e que nos pediram uma oração, todos os que precisam da ajuda de Deus. Oremos também para que ninguém se esqueça de ter em conta, na sua vida prática, que a meta das nossas vidas é a salvação eterna e para que pensemos na salvação dos outros e tenhamos a coragem de responder SIM a Deus e a todos os seus mandamentos, como Maria. Porque a nossa alegria, como a alegria de Maria, culminará na alegria eterna. Amen. + Jan Graubner, Arcebispo de Olomouc e Presidente da Conferência Episcopal da República Checa