Homilia da Missa Crismal 2021 de D. Manuel Felício

1.Reunimo-nos, nesta manhã de Quinta-Feira Santa, para celebrar a Comunhão em Presbitério e, diante do Senhor da Messe, renovarmos as nossas promessas sacerdotais.

Há um ano atrás não o pudemos fazer, devido ao rigoroso confinamento imposto pela pandemia.

Este ano, damos graças ao Senhor por podermos estar aqui, embora conscientes das muitas restrições.

Desta vez, já podemos renovar as nossas promessas sacerdotais e também participar na solene bênção dos Santos Óleos dos enfermos e dos catecúmenos e na Consagração do Santo Crisma.

São importantes instrumentos de que dispomos no exercício do Ministério Sacerdotal. De facto, o cuidado dos doentes e a preparação e celebração do Baptismo, por um lado; o Sacramento da Confirmação, a unção dos sacerdotes na Ordenação e ainda as celebrações de Dedicação da Igreja e do Altar, por outro, constituem momentos muito especiais na vida da Igreja, a que os santos óleos estão sacramentalmente ligados.

2.Hoje Jesus apresenta-se, como diz a Palavra de Deus proclamada.

Escolheu para lugar de apresentação a sua terra natal e a assembleia do sábado na Sinagoga. Ofereceu-se para ler e leu o profeta Isaías no lugar que traçava o perfil do Messias. E no final da leitura diz: hoje cumpriu-se esta passagem da Escritura.

Jesus é, de facto, o Enviado de Deus Pai para anunciar a Boa Nova aos pobres, proclamar a redenção dos cativos, oferecer vista aos cegos, libertar os oprimidos como aconteceu ao Povo no exílio e proclamar a ano da graça do senhor, ano jubilar.

Para isso conta com a unção do Espírito Santo, na sua plenitude.

Pelo Sacramento da Ordem, caros Padres, também nós participamos na mesma Missão de Jesus Cristo enquanto Pastor e Guia do Seu Povo. Mis­são essa que, conjuntamente e em Presbitério, somos chamados a concretizar de forma adaptada às pessoas e às comunidades que agora cuidamos e atentos ao mundo para o qual se dirige sempre a nossa tarefa evangelizadora.

3.A pandemia continua e não sabemos até quando. Está a mostrar-nos vários outros lados da vida das pessoas, das relações sociais e daquilo que passará certamente a ser o novo estatuto do nosso viver em sociedade, no pós-pandemia.

Assim, não vamos abandonar tão depressa o uso das máscaras. Também permanecerão por largo tempo as regras de distanciamento e as cautelas quanto à higienização e outros procedimentos que vieram para ficar não sabemos até quando. De modo geral, as grandes concentrações e os encontros presenciais igualmente irão continuar a ter limitações.

Em contrapartida, fizemos e continuamos a fazer uso mais frequente das novas tecnologias para nos tornarmos presentes uns aos outros. E as reuniões ditas virtuais, assim como as próprias celebrações transmitidas por meios digitais são experiências mais ou menos comuns que as circunstâncias nos impuseram e que perdurarão certamente nos nossos trabalhos.

Claro que as celebrações em assembleia e as reuniões presenciais, seja para catequese seja para outros fins de formação ou organização, nunca as poderemos dispensar, como a experiência no-lo demonstra. É o caso do regresso às celebrações presenciais, há duas semanas, que, embora com todos os constrangimentos e regras que estamos a respeitar, são bem vindas e importante passo em frente.

Também os encontros personalizados, quer para o Sacramento da Confissão, quer para acompanhamento espiritual ou outros fins, fazem de tal manira parte da nossa forma de trabalhar pastoralmente que não nos reconhecemos sem eles. Igualmente a proximidade, principalmente para com as pessoas em situações mais difíceis de doença ou de pobreza ou por outras razões, sabemos que constitui um dos principais imperativos do Ministério Sacerdotal para dar cumprimento ao exemplo de Cristo Pastor e Guia das pessoas e do Seu Povo.

Não podemos também desligar a nossa atenção das novas dificuldades que a pandemia já nos trouxe e de outras que certamente nos vai trazer. É natural que as dificuldades das pessoas e das famílias que já se notam, cresçam ainda mais. E nós, com as nossas comunidades não podemos deixar de lhes dar a devida atenção.

A solidariedade e a partilha, que sempre foram e são importantes marcas da presença da Igreja na sociedade, teremos que as desenvolver ainda mais, incluindo com a nossa participação pessoal de sacerdotes que, se, por um lado, precisamos de garantir o necessário para nossa vida pessoal de serviço à comunidade, por outro, não estamos dispensados de partilhar e não apenas do que nos sobra.

Na renovação das nossas promessas sacerdotais, uma das perguntas a que vamos responder é se estamos dispostos a seguir Cristo Cabeça “sem ambicionar bens materiais, mas movidos unicamente pelo bem das al­mas”. São, de facto, tempos novos aqueles que a pandemia nos traz e tam­bém neles o nosso Deus está presente com os seus sinais indicadores de caminhos novos.

A nós pertence, pessoalmente e em Presbitério, discernir os sinais e concer­tar as melhores respostas. E essa é a uma das intenções da oração que hoje fazemos e pedimos a todo o Povo de Deus que faça connosco e por nós.

4.E agora, como tem acontecido em anos anteriores, fazemos ação de gra­ças pelos nossos sacerdotes que cumprem, ao longo deste ano, datas jubi­la­res sacerdotais: de 70 anos, os Rev.dos Padres Jaime Rodrigues Carva­lhei­ra e José Atanásio Mendes; 60 anos, os Rev.dos Padres António Filipe Morgado, José Martins Registo e Manuel de Oliveira Campos; de 25 anos, os Rev.dos Padres Jorge Manuel Pinheiro Castela e Serafim da Conceição dos Santos Reis.

Os Rev.dos Padres José Atanásio e Jaime Carvalheira foram ordenados pelo Sr. D. Domingos da Siva Gonçalves, um na Capela do Seminário da Guarda (o primeiro) e outro na Igreja Paroquial do Fundão (o segundo).

O primeiro iniciou a sua atividade pastoral no arciprestado de Celorico da Beira, passando depois para o de Alpedrinha, com a Paróquia de Vale de Prazeres e outras. Muito lhe ficou a dever a formação de jovens, quer no Seminário do Fundão, nas funções de prefeito e professor, primeiro e depois de Diretor Espiritual, quer nas aulas de Educação Moral e Religiosa.

O segundo iniciou no arciprestado de Trancoso, passando de seguida para o de Seia. Mas foram os nossos emigrantes em terras de Luxemburgo primeiro e depois na Alemanha, que ocuparam a maior parte do seu tempo e das suas energias, regressando depois à terra natal, que continua a cuidar pastoralmente.

Os Rev.dos Padres António Filipe Morgado, José Martins Registo e Manuel de Oliveira Campos foram ordenados pelo Sr. D. Policarpo da Costa Vaz, na nossa Sé.

O primeiro iniciou na Paróquia de Vila do Touro, assumindo depois outras, como Pega, Baraçal, Quintas de S. Bartolomeu, Pousafoles do Bispo, Lomba e Penalobo, que lhe continuam confiadas. Pelo meio atendeu pastoralmente outras do concelho do Sabugal. A formação de jovens, através das aulas de Educação Moral e Religiosa, foi outro importante serviço prestado.

O segundo iniciou em Famalicão, Valhelhas e Vale de Amoreira. Ultimamente, serviu Belmonte e outras paróquias vizinhas, que continua a servir, como Colmeal da Torre e Maçainhas. A formação de jovens foi outro importante serviço prestado ao longo destes anos, primeiro no Seminário do Fundão, durante três anos e depois no Liceu da Guarda e no Colégio de S. José.

O terceiro começou em S. Vicente da Beira, arciprestado de Alpedrinha, passando depois para o do Fundão com início na Paróquia de Fatela e alargando a outras. Não podemos esquecer a dedicação aos mais necessitados, de que é expressão o Centro Social Paroquial de Alcaide e também o serviço prestado na formação de jovens, através das aulas de Educação Moral e Religiosa.

Os dois sacerdotes que cumprem o jubileu sacerdotal de 25 anos foram ordenados pelo Sr. D. António dos Santos, na nossa Sé.

O Rev.do Padre Jorge Manuel Pinheiro Castela fez a primeira experiência de exercício do Ministério Sacerdotal em Celorico da Beira. Vieram depois os 5 anos de formador no Seminário Menor do Fundão, a seguir a respon­sabilidade de Pároco em Santa Marinha e adjacentes, até chegar ao mundo pastoral de Pinhel, que durante mais de um século foi Diocese. O serviço da evangelização da Juventude, com as novas linguagens e iniciativas marcantes, de que a Banda Jota é um dos expoentes, estão na nossa memória. Acrescentamos-lhes a nova responsabilidade de coordenar a Pastoral Diocesana e a liderança no processo de reorganização da Diocese e bem assim a formação académica universitária que lhes dá suporte.

O Rev.do Padre Serafim da Conceição dos Santos Reis começou o exercício do Ministério Sacerdotal na Estação da Guarda, alargando a outras comuni­dades circunvizinhas. Assumiu, a seguir, a responsa­bilidade do Pré-Semi­nário. Depois de 5 anos de exercício de responsabilidades paroquiais na área do Rochoso, recebeu mandato para Diretor do Serviço Diocesano da Pastoral das Vocações. A responsabilidade de Diretor Espiritual do nosso Seminário Maior pediu também formação académica universitária comple­mentar em acompanhamento e discerni­mento vocacional. E hoje as suas funções de Diretor Espiritual do Seminário Maior Interdiocesano de S. José, em Braga, constituem um dos serviços mais relevantes para as quatro Dioceses comprometidas com este projeto de Seminário Maior.

Damos graças a Deus e imploramos a intercessão maternal de Maria Santíssima para o nosso Ministério.

+Manuel R. Felício, Bispo da Guarda

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