Responsável pela diplomacia da Santa Sé diz que documentos mostram Papa italiano como «defensor da humanidade»
Cidade do Vaticano, 01 mar 2020 (Ecclesia) – O Vaticano abre esta segunda-feira a consulta dos documentos do pontificado de Pio XII (1939-1958) a investigadores de todo o mundo, no Arquivo Apostólico e outros arquivos da Santa Sé.
A abertura destes arquivos anunciada pelo Papa Francisco a 4 de março de 2019, após um trabalho de mais de 14 anos.
O pontificado de Pio XII atravessou a II Guerra Mundial e o início da chamada ‘Guerra Fria’.
Uma das principais fontes de informação é o arquivo dos Assuntos Gerais da Secretaria de Estado do Vaticano, com quase 5000 caixas que foram reordenadas, num inventário de cerca de 15 000 páginas.
O arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário do Vaticano para as Relações com os Estados, disse ao portal ‘Vatican News’ que a documentação agora disponível vai mostrar o Papa italiano “em toda a sua grandiosidade, como defensor da humanidade e como autêntico pastor universal”.
Pio XII, assinala o responsável, “foi um corajoso diplomata”.
“Como Papa demonstrou uma caridade ilimitada, nem sempre compreendida e nem mesmo partilhada dentro dos muros vaticanos. Dos seus documentos evidenciam-se os esforços feitos para tentar responder aos pedidos de ajuda para a salvação dos perseguidos e dos necessitados em perigo de vida. Certamente poderemos constatar também o ódio do nazismo contra a Igreja Católica e pelo próprio Papa”, revelou.
O Arquivo Histórico mostra ainda que no pós-guerra houve uma “grande atividade” de religiosos enviados pelo Papa para tentar negociar com autoridades soviéticas.
O cardeal português D. José Tolentino Mendonça, responsável pelo Arquivo Apostólico Vaticano, disse que os novos documentos sobre o pontificado do Papa Pio XII, disponíveis a partir de segunda-feira, vão ser analisados num clima de “total abertura”.
“O que poderá ser consultado são os arquivos das principais instituições da Santa Sé, a começar pelo Arquivo Central, o Arquivo Apostólico Vaticano, e a ela terão acesso, sem qualquer restrição de religião, de proveniência, de ideologia, isto é, de uma total abertura, os estudiosos qualificados”, disse ao portal ‘Vatican News’.
“A Igreja não tem medo da história, mas considera a avaliação dos estudiosos com a certeza de que seja compreendida a natureza de sua ação”, precisou.
O responsável pelo Arquivo Apostólico do Vaticano, cardeal Tolentino Mendonça, disse à Agência ECCLESIA, aquando do anúncio do atual Papa, que espera a atenção de “muitos historiadores” sobre um pontificado longo, “num dos períodos cruciais da história contemporânea, que tem uma riqueza muito grande”.
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A documentação inclui 73 arquivos de representações pontifícias, 15 séries da Secretaria de Estado, 21 acervos de Congregações romanas e escritórios da Cúria e palatinos, trÊs do Estado da Cidade do Vaticano e outros oito acervos.
OC