Harry Potter no jornal do Vaticano

O jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano, publicou esta Segunda-feira duas peças sobre a saga de Harry Potter, fenómeno literário e cinematográfico. Os artigos apresentam duas visões sobre a dimensão moral da obra de J. K. Rowling, intituladas “As duas caras de Harry Potter”. Edoardo Rialti, especialista em literatura inglesa na Universidade de Florença, aprova “o julgamento profundo” expressado pelo então Cardeal Jospeh Ratzinger, em 2003, segundo o qual a saga “exerce uma sedução subtil e profunda que corrompe a alma dos jovens cristãos antes mesmo que ela seja completamente formada”. Ao contrário, o outro especialista, o escritor católico Paolo Gulisano, sustentou que “através das aventuras mirabolantes dos diversos personagens, é possível entrever a visão antropológica do autor que, em um mundo pós-moderno e individualista, procura convencer o jovem leitor que fazer o bem é a melhor coisa a se fazer”. “A autora escreve um texto para crianças, procurando comunicar ao pequeno leitor a verdade do bem em que ela acredita, sem utilizar, contudo, discursos moralistas”, aponta. Edoardo Rialti critica a “imagem errada de herói” transmitida nesta saga, negando qualquer paralelo com as grandes obras de J. R. R. Tolkien (autor, por exemplo, da trilogia do “Senhor dos Anéis”) ou C. S. Lewis (“As crónicas de Narnia”), por considera que Rowling “comunica uma visão do mundo e do homem cheia de erros profundos e de sugestões perigosas”. O especialista arremete em particular contra o que classifica como “profunda mentira”, a “antiga tentação gnóstica de fazer coincidir a salvação e a verdade com um conhecimento secreto”.

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