Lisboa, 17 abr 2012 (Ecclesia) – Os bispos católicos da Guiné-Bissau lançaram hoje um apelo ao “respeito sagrado pelas leis da República e pelas instituições democraticamente eleitas”, condenado o golpe de Estado levado a cabo por militares na quinta-feira.
“Estamos colocados perante um problema nacional de enorme gravidade e de consequências ainda imprevisíveis”, alertam estes responsáveis, em comunicado enviado à Agência ECCLESIA pela Fundação Fé e Cooperação (FEC), organismo da Conferência Episcopal Portuguesa.
Os prelados de Bissau e Bafatá falam num “momento de enorme responsabilidade para todos e de grande risco para toda a população da Guiné-Bissau”.
“Repudiamos claramente mais esta opção militar e todas as formas de violência escolhidas para resolver os nossos problemas”, pode ler-se.
No documento sublinha-se a “carga de riscos, de problemas e de sofrimentos para toda a população que esta ação militar arrasta consigo”, acrescentando que “com a violência das armas, desorganizam-se as estruturas básicas da sociedade”.
Os bispos pedem à comunidade internacional que “continue a ajudar a Guiné-Bissau a encontrar soluções mais apropriadas” para a situação atual e para “a tranquilidade e paz de toda a população”.
Na quinta-feira à noite, um grupo de militares guineenses atacou a residência do primeiro-ministro e candidato presidencial, Carlos Gomes Júnior, e ocupou vários pontos estratégicos da capital do país lusófono.
Os bispos deixam votos de que todos os envolvidos procurem “promover e defender o bem comum”, e evitar comportamentos negativos que prejudiquem a “convivência pacífica”.
Neste contexto, a nota episcopal critica “a busca desenfreada e ilegal do poder e da riqueza”, “a corrupção, nas suas variadas formas”, “a impunidade perante os crimes cometidos” e a “falta de transparência na gestão dos bens públicos”.
“Que o diálogo seja a via nobre a percorrer por todos na busca da reconciliação, da justiça e da harmonia social”, assinalam os responsáveis católicos.
A União Africana suspendeu hoje, com efeitos imediatos, a Guiné-Bissau, na sequência do golpe de Estado.
OC