Guarda: Paróquia sem dinheiro para recuperar tecto da Igreja Matriz

O tecto da Igreja Matriz da Paróquia de Seixo Amarelo, no concelho da Guarda, datado do século XVIII, está num estado muito avançado de deterioração e necessita de obras urgentes de restauro e conservação, mas a Comissão Fabriqueira não dispõe de verbas suficientes que permitam a realização das obras.

O pároco local, José António Pinheiro, contou ao Jornal “A Guarda” que o telhado, por onde “durante mais de 30 anos entrou água e humidade”, foi substituído em 2008 mas a Paróquia não dispunha de dinheiro para reparar as pinturas do tecto.

Referiu que antes de ter assumido funções pastorais naquela aldeia, no tempo do seu antecessor, ainda foi colocada a possibilidade de as tábuas do tecto danificadas com a humidade, serem substituídas por umas novas, que estão depositadas no coro da igreja, reconhecendo agora que, em boa hora, a decisão não foi tomada.

As pinturas do tecto da Igreja apresentam, nas partes laterais, quatro motivos de atlantes (figuras de homens fortes que sustentam vasos de rosas) e igual número de anjos e, no centro, as marcas de um rectângulo onde, supostamente, estaria pintada a imagem de Nossa Senhora da Conceição, a padroeira de Seixo Amarelo.

“Tudo isto está num estado lastimável”, apontou o padre José António Pinheiro, referindo que a Paróquia já tem “20 mil euros para as obras”.

Contudo, Patrícia Carrainho, Secretária da Comissão Fabriqueira, disse que a verba é manifestamente insuficiente. “Temos um orçamento de 75 mil euros, que já tem 5 anos, e já está desactualizado. Agora já é capaz de ir para os 100 mil euros”, referiu.

“A nossa ideia é fazer a conservação e um restauro profundo, sendo um trabalho executado tábua a tábua”, disse o padre, recordando que também foram pedidos outros orçamentos “na ordem dos 24 e dos 40 mil euros, que só incluem o restauro” do tecto.

“Isto é uma dor de alma”, refere Firmino Cairrão, presidente da Junta e elemento da Comissão Fabriqueira, em relação ao estado em que as pinturas do tecto da igreja se encontram. “Isto que aqui está faz parte da História de Seixo Amarelo e é uma pena se não conseguimos recuperá-lo. Se isso acontecer, é uma pena patrimonial enorme não só para a nossa Freguesia como para o concelho da Guarda”, afirmou.

Na aldeia que tem cerca de 100 habitantes “toda a gente é unânime em considerar que é preciso fazer obras na Igreja”, disse Firmino Cairrão, indicando que quando se fala na necessidade de proceder à realização de obras de restauro “toda a gente concorda, só que a nossa Freguesia é uma terra de gente humilde e com muita gente idosa, daí a maior dificuldade em executar a obra”. No entanto, assegurou que os habitantes tudo farão “para que seja realizada”.

Patrícia Carrainho referiu que na terra está a ser feita uma campanha de recolha de fundos através do boletim paroquial, junto das pessoas, “fazemos rifas e já fizemos um concerto de música clássica”. A Câmara da Guarda também já foi alertada para o problema.

Na Freguesia existem também duas capelas: de S. Sebastião e de Nossa Senhora das Cabeças.

A capela de S. Sebastião, datada de 1738, que foi integrada no cemitério, tem um pequeno altar em madeira completamente degradado que a Comissão Fabriqueira também tenciona recuperar. “O altar até tem um pormenor muito giro. Tem um sol com um olho no centro”, apontou Patrícia Carrainho.

O padre de Seixo Amarelo também reconhece a necessidade de serem feitas obras de recuperação da capela, referindo que a ideia era “começar pela Igreja e depois avançar para a capela de S. Sebastião”, equacionando a possibilidade de “o restauro do altar ser realizado quando forem feitas as obras na Matriz”.

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Agência ECCLESIA

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