Guarda, 27 nov 2013 (Ecclesia) – D. Manuel Felício, bispo da Guarda, alertou para os “valores de fundo” que balizam a sociedade e exortou os fiéis a exporem-se pelo “bem comum”, pelo “bem das pessoas”, na homilia de encerramento do Ano da Fé.
“O nosso serviço como Igreja é lembrar à sociedade que há valores de fundo que são barreiras, que são linha vermelha, que não podem ser ultrapassadas e quando o fazemos estamos a expor-nos em nome do bem comum, do bem das pessoas, da defesa de tudo aquilo que realmente as dignifica”, alertou, este domingo.
“Nós não estamos para competir, nós estamos para servir. Nós cristãos e Igreja nunca pudemos, nunca por nunca, permitir que no meio de nós haja esta luta pelo poder que se instalou na sociedade, estamos sujeitos a essa tentação mas nunca pudemos permitir que isso aconteça”, avisou na homilia proferida na Sé da Guarda.
“Também não podemos permitir que comunidade e Igreja sejam no conserto da sociedade como que uma realidade que faz competição com outras”, acrescentou.
Segundo D. Manuel Felício, Jesus “não quis organizar um programa social competidor” de outros programas porque “tinha valores de fundo dos quais nunca se desligou” para o “bem” das pessoas e da sociedade: “Valores que agrediam muitos modelos culturais que estavam instalados no seu tempo e com coragem apontou o caminho para defender o bem das pessoas levando-as a dar conta que não podiam continuar instaladas”.
Do Ano da Fé, o bispo diocesano explicou que “fica o desafio, o apelo” para continuarem pessoal e comunitariamente a oferecer à sociedade este serviço de lhes lembrar que sem “relação com Deus não pode haver lugar para a esperança” e a “vida deixa de ter sentido”.
“Hoje, a distração que existe e se promove é de desviar a atenção deste eixo da vida que é a relação com Deus”, analisou.
Inspirado nas leituras da Solenidade de Cristo-Rei, na Carta de São Paulo aos Colossenses e no Evangelho de São Lucas, o prelado revelou que a realeza de Jesus “não é como as outras”, como as atuais que “têm muitas marcas de maquiavelismo”, que são os “que não olham a meios para conseguir os fins e hoje vemos isso estampado de muitas maneiras na realidade social”.
Na eucaristia, o bispo considerou que os “bens e propostas” deste ano não vão ser esquecidos uma vez que na diocese já estavam numa caminhada de estudo do Catecismo da Igreja Católica e da leitura da “Palavra Divina”: “Não vamos cruzar os braços ao terminar este esforço de lembrar que a nossa fé tem de estar no centro da vida”.
D. Manuel Felício desejou que o final do Ano da Fé seja “mais do que encerrar um capítulo” mas que abra a “porta” ao “esforço coletivo” que querem fazer para “viver a fé ao ritmo da vontade de Cristo, do Evangelho e daquilo que o Concílio lembra”.
CB/OC