Papa deixa mensagem de diálogo em encontro com responsáveis ortodoxos
Atenas, 04 dez 2021 (Ecclesia) – O Papa deixou hoje uma mensagem de diálogo e cooperação com a Igreja Ortodoxa, num encontro com o patriarca Jerónimo II e os responsáveis desta comunidade cristã, na Grécia.
“Aqui, como noutros lugares, tornou-se indispensável o apoio prestado aos mais necessitados durante os períodos mais duros da crise económica. Desenvolvamos, juntos, formas de cooperação na caridade, abramo-nos e colaboremos em questões de caráter ético e social para servir as pessoas do nosso tempo e levar-lhes a consolação do Evangelho”, referiu, no discurso que proferiu esta tarde, no palácio arquiepiscopal da Igreja Ortodoxa Grega.
A Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas continuam separadas desde o chamado Cisma de 1054, tendo estas últimas desenvolvido um modelo de autoridade próprio, de cariz nacional, pelo que os vários patriarcados são autónomos e o patriarca ecuménico de Constantinopla (atual Turquia) tem apenas um primado de honra, como ‘primus inter pares’.
Ao entrar na sede do arquiepiscopado ortodoxo, Francisco rezou diante de um ícone de Nossa Senhora, oferecendo dois rosários.
“Senti-me impelido a vir aqui como peregrino, com grande respeito e humildade, para renovar a comunhão apostólica e alimentar a caridade fraterna”, disse.
A intervenção sublinhou as “raízes apostólicas” comuns entre ortodoxos e católicos.
“Foi precisamente na cultura helénica que estas raízes, desenvolvidas a partir da semente do Evangelho, começaram a dar fruto abundante: penso em tantos Padres antigos e nos primeiros grandes Concílios Ecuménicos”, apontou.
Francisco lamentou as “divisões” que se multiplicaram ao longo de história, renovando o seu “pedido de perdão” pelos “erros cometidos por tantos católicos” ao longo da história, nesta questão.
“Rezo para que o Espírito de caridade vença as nossas resistências e nos torne construtores de comunhão”, acrescentou.
Aliás, como se pode testemunhar ao mundo a concórdia do Evangelho se nós, cristãos, estivermos ainda separados? Como se pode anunciar o amor de Cristo que congrega os povos, se não estivermos unidos entre nós?”.
O Papa evocou o encontro com Jerónimo II em Lesbos, há cinco anos, para lançar um alerta conjunto sobre “um dos maiores dramas” da atualidade.
“Muitos irmãos e irmãs migrantes não podem ser deixados na indiferença e vistos apenas como um fardo a gerir ou, pior ainda, a delegar a outrem”, apontou.
Francisco convidou as comunidades cristãs a celebrar a “alegria da fraternidade” e a ver no Mediterrâneo um “mar que une”, desafiando todos a “cuidar dos mais frágeis e dos mais pobres”.
“Com efeito o Espírito chama-nos, hoje mais do que no passado, a sanar as feridas da humanidade com o azeite da caridade”, prosseguiu.
O Papa incentivou as duas Igrejas a superar os “preconceitos” do passado e a promover o “desejo da comunhão”.
Jerónimo II falou do impacto da pandemia e da resposta da comunidade cristã à crise dos refugiados, elogiando a liderança de Francisco neste campo.
“Sinto a necessidade de unir-me a si para sublinhar que temos de lançar um alarme perante este enorme desafio”, declarou.
No final do encontro decorreu uma troca de presentes entre Francisco e Jerónimo II, seguindo o Papa até à Catedral de São Dionísio, onde se encontra com a comunidade católica, que representa cerca de 1% da população da Grécia.
OC
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