Grécia: Fim de ajuda financeira pode lançar centenas de refugiados nas ruas de Atenas

Alerta chega da coordenadora do Serviço Jesuíta aos Refugiados na Grécia

Lisboa, 05 abr 2019 (Ecclesia) – O governo grego pondera pôr termo à ajuda financeira aos requerentes de asilo, o que pode deixar em situação de sem-abrigo muitos refugiados, alerta a responsável por um projeto católico no terreno.

Francisca Onofre, portuguesa que coordena o Serviço Jesuíta aos Refugiados(JRS) na Grécia, disse à Agência Ecclesia e à Renascença que “é cada vez maior o número de refugiados urbanos”.

“O governo grego está a tirar pessoas das ilhas, e por isso estamos a ter cada vez mais pessoas em Atenas”, assinala.

De passagem por Portugal, Francisca Onofre advertiu que o governo grego se prepara para cancelar o ‘cash card’ um mecanismo que subsidia alojamento e alimentação para muitas famílias de refugiados que deixaram os campos nas ilhas gregas e vivem agora em Atenas.

“Se isto acontecer vai aumentar muitíssimo a situação de sem-abrigo em Atenas, porque não há uma segunda resposta”, adianta, na entrevista conjunta semanal que foi publicada e emitida hoje.

Temos as pessoas que estavam nas Ilhas e foram postas no continente, algumas em Resorts ótimos, mas no meio do nada, sem acesso a nada, e que vêm para as cidades à procura de respostas, por isso chegam já em situação de sem abrigo, sem um sítio para ficar”.

Em Atenas, o JRS tem uma casa de acolhimento para refugiados, que começou como uma estrutura de emergência e se está a transformar numa casa de acolhimento e integração social.

“Temos um programa de educação para adultos, que começámos no final do ano passado e que está a crescer muito, com aulas de línguas e workshops para as pessoas estarem mais informadas”, adianta a responsável portuguesa.

Nesta estrutura em Atenas, o JRS promove também um espaço intitulado ‘Tea Time’, que tem despertado muita adesão entre os refugiados.

“Neste caso trabalhamos muito a parte do empowerment de mulheres. Sem dizermos diretamente o que é que estamos a fazer, acabamos por incentivar uma dimensão educativa que é bastante importante”, indica Francisca Onofre.

Temos, ainda, um Centro Educativo com 200 alunos, com crianças que vão à escola, e onde trabalhamos a integração social e principalmente a dificuldade na língua, porque chegam e não falam grego, e na escola só se fala grego.”

Assistente social e técnica de Educação Especial, passou já por várias experiências de voluntariado, dentro e fora de Portugal; aos 33 anos, Francisca Onofre é a coordenadora do apoio que o JRS presta aos refugiados na Grécia.

Ângela Roque (Renascença) e Henrique Matos (ECCLESIA).

HM/OC

 

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