Governo maltrata UCP

Braga da Cruz aponta visão distorcida do Estado e compara apoios à universidade em outros países Portugal tem o governo que mais mal trata a Universidade Católica. A acusação parte do Reitor da UCP, Braga da Cruz que lamenta que algumas universidades católicas não encontrem a liberdade de ensino e de funcionamento, que “os alunos sejam discriminados e penalizados” e por isso. Braga da Cruz aponta uma visão distorcida, não só do papel do Estado na educação, como também de uma visão distorcida sobre o papel da iniciativa privada e da sociedade na educação. Para quem tem uma doutrina sobre a educação, como é o caso da UCP, o Estado deve ter um papel “supletivo”, devendo a sociedade assumir o papel cimeiro na educação, em especial as famílias, indica. Esta é a Doutrina da Igreja e a que a UCP assume. O Reitor da UCP acredita que o futuro da educação na Europa vai obrigar a uma revisão da relação entre o Estado e a sociedade, desafios extensíveis a Portugal. “Se queremos estar no espaço europeu de ensino superior, se queremos competir com o espaço superior dos EUA, vamos ter que fazer profundas mudanças”. A Universidade Católica recebe diferentes tratamentos no mundo. Representadas na Conferência Internacional da Federação Internacional da Universidade Católica, a decorrer até ao próximo Sábado, dia 17, estão universidades católicas da América do Norte e do Sul, Europa do Norte que são subsidiadas pelo Estado tal como as universidades publicas. “Portugal tem o caso mais notório de discriminação de toda a Europa, pois não recebemos do Estado qualquer espécie de apoio significativo”, sublinha o reitor da Instituição portuguesa. A educação não é uma competência da União Europeia, mas dos Estados membros. Braga da Cruz acredita, no entanto, que pela dimensão económica da actividade educativa, em especial do ensino superior, as regras da concorrência leal vão ter de imperar na UE. Nesse sentido, a UE poderá ter uma palavra a dizer sobre as regras da concorrência entre instituições de ensino superior. A falta de financiamento à UCP é uma situação que D. José Policarpo admite vir a criar dificuldade acrescida, sublinhando que será “difícil manter o princípio de apoio aos alunos que não têm capacidade para pagar as propinas”. Mas o cardeal Patriarca de Lisboa recusa afirmar que o Estado português maltrata a UCP. “Desde o princípio, a UCP foi apoiada e estimada”, indica e explica que a falta de financiamento corresponde a uma forma de conceber a nação que não é nova e a uma “velha história da nossa filosofia portuguesa sobre o destino dos dinheiros públicos, considerados reservados às instituições que o Estado é proprietário. D. José Policarpo recorda que durante muito tempo, a UCP foi uma excepção uma vez que contou, desde 1971, com um apoio directo do Estado. O momento que agora vivemos, afirma “não é novo, nem surpreendente”, assinalando que o grande corte remonta ao governo de António Guterres. D. José Policarpo reconhece ser “difícil”, mas assinala que a reflexão deveria centrar-se no facto de na actual UE, com excepção de Portugal e da Espanha, todos os países subsidiam ou a 100% ou parcialmente as Universidades católicas. Em Portugal, “fomos caindo numa situação extrema no quadro europeu”, que não se muda com a boa vontade de um governo ou de um ministro, mas antes com uma “mentalidade e filosofia de administração dos dinheiros públicos que deviam apoiar o o que é verdadeiramente serviço público não sendo propriedade do Estado”.

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