Gerações cruzaram-se em Santarém

Festa da Família 2008 marca valores e traça caminhos de educação e transmissão de fé para os nossos dias Alexandre faz parte da família Evaristo que com a esposa, dois filhos (um de 10 e outro de 12 anos), os pais e a sogra participaram na Festa da Família. Sete pessoas que se juntaram às cerca de 1000 que este fim-de-semana em Santarém. Os últimos dias de Abril marcam no calendário a Festa das Famílias. Uma festa da família para a família onde todas as gerações encontram um espaço próprio para conviver e deixar-se enriquecer de valores e amizades. Crianças, jovens e adolescentes contaram com espaços e tempos próprios para jogos e dinâmicas para depois partilharem com os pais. Pois é com partilha e diálogo que se constrói o espaço familiar. Partilhar preocupações, medos sobre a educação dos filhos e buscar orientações familiares próprias dos testemunhos são os objectivos cimeiros deste encontro. Alexandre Evaristo, da equipa responsável pela Festa das Famílias, dá conta à Agência ECCLESIA que uma das grandes preocupações do encontro das famílias é partilhar com outras famílias a educação dos filhos. Questionamentos sobre a forma de educar são comuns, explica. Dúvidas próprias que os modelos sociais impõem. “Mas os conferencistas e a própria partilha com outras famílias que vivem as mesmas preocupações, dizem-nos que os erros não são nossos, mas da sociedade”. As distracções sociais diárias que os media impõem são uma das entraves que Alexandre Evaristo avança. Ele próprio, juntamente com a sua mulher e os dois filhos, criam à hora das refeições o espaço para o diálogo. “Em vez de pedir silêncio porque se está a tentar ouvir uma notícia, criamos nós o silêncio para ouvir os problemas na escola”, explica. “Há que sentir que o principal é a família e não outros factores de distracção”. Gerações em convívio Na Quinta da Cardiga muitas gerações se cruzaram e com elas modelos diferentes de se iniciar um projecto familiar. A conjectura social lança desafios diferentes às famílias que há 30 anos atrás não existiam. Alexandre Evaristo aponta a necessidade crescente de os filhos se integrarem nos espaço familiar. Pelo exemplo de relação entre pais e avós, os filhos devem, na educação, integrar-se na família e cuidar dos laços familiares, para que mais tarde sejam eles portadores desses valores. “Sabemos que os jovens estão, até uma idade tardia, em casa dos pais”. A precariedade laboral, o próprio calendário de vida dos jovens é relegado para segundo plano dados os desafios sociais actuais. Estes são factores que a família deve ter em conta. “É essencial dar-lhes o apoio para que se sintam participantes no espaço familiar apesar das dificuldades”. Os casais mais velhos que participam na Festa da Família são um “óptimo testemunho” ao mesmo tempo que são ainda actores e um “grande apoio” na educação dos netos – “são os segundos pais”. Numa altura em que o quadro legislativo não é favorável à instituição familiar, Alexandre Evaristo reconhece que espaços proporcionados como a Festa da Família são essenciais quer para esclarecer, como para testemunhar. Ano após ano as famílias encontram-se, fomentam-se laços, constroem-se recordações que todos os anos se querem retomar. Casais que se estreiam num ano, renovam a vontade de voltar à próxima festa familiar. Família, laços de liberdade D. Manuel Pelino, Bispo de Santarém, presidiu à eucaristia de encerramento da Festa da Família. O Bispo, na homilia, não quis deixar de notar que o matrimónio, ao contrário de ser o impedimento, é o espaço da verdadeira liberdade. “Depende da forma como entendermos a pessoa e a liberdade. Se tivermos presente a dimensão transcendente da pessoa, então entendemos a liberdade como a capacidade de aderir de forma esclarecida e responsável a um projecto”. Um liberdade “não no sentido individualista de cada um se orientar pelas conveniências, prazeres e caprichos de momento mas no sentido amplo de fidelidade responsável a um projecto que torne possível a alegria e a liberdade dos outros, designadamente dos membros da família. A liberdade vivida no individualismo egoísta, pautada pelo hedonismo, gera frustração e causa muitos traumatismos aos outros”. O Bispo de Santarém apontou a oração e a transmissão de fé como “recomendações de grande oportunidade para as famílias”. “A fé é um tesouro que dá orientação num mundo desorientado. O alicerce vem dos pais e é decisivo. Dar credibilidade ao projecto do matrimónio”.

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