Futebol com Alma

Octávio Carmo, Agência ECCLESIA

Octávio Carmo, Agência ECCLESIA

Portugal prepara-se para viver a festa do Mundial. Dois anos depois do sucesso no Campeonato da Europa, que levou o país para as ruas, numa celebração inédita, os olhos de todos voltam-se agora para a Rússia, num momento em que o desporto nacional, sobretudo do campo do futebol, parece contaminado por polémicas sem fim.

A Igreja Católica acompanha desde sempre a prática desportiva e reconhece nela um potencial de educação e de promoção de valores. Por isso mesmo, a poucos dias do início do Mundial 2018, o Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura promoveu em Fátima a sua jornada anual de debate, que abordou as virtudes e riscos do desporto. Também no início deste mês, o Vaticano apresentou pela primeira vez um documento dedicado integralmente ao desporto, da responsabilidade do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida: ‘Dar o melhor de si. Sobre a perspetiva cristã do desporto e da pessoa humana’. Um contributo necessário para um mundo em profunda transformação, que corre o risco de perder valores fundamentais.

A tomada de posição do Vaticano surge na sequência do crescente interesse manifestado pelos últimos Papas pelo fenómeno desportivo, o seu potencial educativo e a capacidade que os atletas de topo têm para inspirar as novas gerações. O documento inédito da Santa Sé sobre o desporto não deixa, contudo, de alertar para questões como a corrupção, doping, apostas e a falta de respeito pelos limites físicos dos atletas.

A transformação do desporto num negócio tem vindo a desvirtuar os valores da prática desportiva, como a lealdade, a persistência ou a humildade. Num contexto em que o mais importante é ganhar, a todo o custo, perde-se de vista a necessidade de ser tolerante e respeitador dos adversários.

Uma competição como o Mundial de Futebol deveria ser, nas palavras do Papa Francisco, uma festa do desporto e uma festa da solidariedade entre os povos. O segredo da vitória, no campo, como na vida, está em saber respeitar o companheiro de equipa e o adversário. Ninguém vence sozinho. Se no final, só um poderá levantar a taça, as lições do desporto podem ser a verdadeira conquista para todos.

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