Cidade cumpriu «voto» a São Tiago Menor, com celebração à porta fechada
Funchal, Madeira, 01 mai 2020 (Ecclesia) – O bispo do Funchal presidiu hoje à Missa com a renovação do “voto” a São Tiago Menor, um dos primeiros discípulos de Jesus, como agradecimento pela proteção à cidade, durante um surto de peste, no século XVI.
D. Nuno Brás quis agradecer a intercessão do padroeiro da diocese e da cidade, também na atual pandemia de Covid-19.
“Mesmo nesta situação de crise, fomos defendidos”, referiu, no início da celebração, à porta fechada, com transmissão online e radiofónica.
“Devemos reconhecer que São Tiago nos tem defendido”, insistiu o responsável católico, destacando que na Madeira a pandemia foi vivida de forma “bem mais tranquila” do que em tantos lugares, inclusive de Portugal.
A renovação do voto feito há 499 anos incluiu a entrega das chaves, pelo presidente do Município, e das varas dos vereadores, com uma prece a São Tiago menor, padroeiro principal da cidade do Funchal e da diocese.
“Ao mesmo tempo que hoje nos voltamos a confiar à sua intercessão, fazendo nosso o tradicional gesto de entrega do Funchal e seus habitantes nas mãos de S. Tiago, confiando-lhe a proteção de quantos habitam a nossa e sua cidade, peçamos-lhe que nos ajude a progredir no caminho da fé — da fé viva, quer dizer: da fé que se expressa na vida, nas obras do quotidiano”, disse D. Nuno Brás, na sua homilia.
“E peçamos-lhe ainda a graça de, no meio de tantas discórdias próprias da ‘cidade dos homens’, construirmos comunhão entre todos, na justiça e na sabedoria”, acrescentou.
A tradicional procissão pela capital madeirense não decorreu este ano, conforme determinações em vigor no atual estado de emergência.
A celebração do Dia do Padroeiro do Funchal é uma data com “um significado histórico bastante adequado ao tempo” que se vive, sublinha o presidente do Município, Miguel Silva Gouveia, em nota oficial.
A homenagem remonta a 1521 e invoca a proteção do santo, aquando do ciclo de peste no Funchal que dizimou centenas de madeirenses, tendo as autoridades camarárias e religiosas de então entregue a guarda da saúde dos habitantes da cidade a São Tiago Menor.
Como sinal de gratidão, fez-se a promessa de construir uma igreja em sua honra e fazer uma procissão que, denominada como o ‘Voto de São Tiago’, realizada no dia 1 de maio, a data em que a Igreja celebrava então a festa litúrgica de São Tiago Menor.
O bispo do Funchal recordou, na sua homilia, a figura do discípulo de Jesus, “homem justo, cheio de sabedoria, fazedor de comunhão; homem de oração e de fé viva”.
D. Nuno Brás apresentou ainda uma oração pela cidade do Funchal, com os seus governantes, “para que o Senhor a defenda de todos os males, por intercessão de São Tiago”.
OC