Funchal: D. Nuno Brás visitou paróquia da Ribeira Seca, 50 anos depois de última presença episcopal

Um mês depois da revogação da suspensão do padre Martins Júnior, bispo do Funchal recebido em festa

D. Nuno Brás e padre Martins Júnior, na paróquia da Ribeira Seca, Foto: Lusa

 

Funchal, 15 jul 2019 (Ecclesia) – D. Nuno Brás visitou este domingo a paróquia da Ribeira Seca, 50 anos depois da última visita de um bispo a este local, tendo sido recebido pelos paroquianos e pelo pároco, padre Martins Júnior, em clima de festa.

“Quando passava na via rápida, olhava para a Ribeira Seca e pensava: Deus me dê a graça de um dia poder celebrar com aqueles cristãos”, afirmou o bispo do Funchal, no início da eucaristia que celebrou na comunidade, em Machico, durante a festa do Santíssimo Sacramento.

Esta visita acontece um mês depois de D. Nuno Brás revogar a “suspensão a divinis” aplicada ao padre Martins Júnior, em julho de 1977, nomeando-o administrador paroquial da Ribeira Seca.

“Como vosso bispo, quero saudá-los”, disse D. Nuno Brás, citado pelo Jornal da Madeira.

A celebração eucarística decorreu na igreja, construída “com o suor, com a força, com o sacrifício” da comunidade, que ainda não tinha sido visitada por um bispo diocesano, assinalou o padre Martins, admitindo “o sentimento de expectativa, a fome e a sede” das pessoas em “receber o seu líder religioso, como um pai, como um amigo, não como um juiz”.

O padre Martins lamentou a “travessia no deserto de 42 anos” que a comunidade fez, mas assinalou as “energias” surgidas entre as pessoas.

Durante a celebração, D. Nuno Brás apelou à construção de relações fraternas e centradas na necessidade “do próximo” deixando uma “lógica egoísta”, a partir do exemplo do Bom Samaritano, o qual exortou a seguir.

O bispo do Funchal pediu aos presentes que deixassem “o conforto” rumo à pessoa “que necessita de ajuda”.

“Não faz sentido não nos aproximar-mos uns dos outros e de todos aqueles que precisam de Jesus”, reforçou D. Nuno Brás, durante a homilia da celebração.

Na eucaristia estiveram presentes alguns vereadores e o presidente da autarquia de Machico, Ricardo Franco, que se juntaram para assinalar o momento histórico que alguns paroquianos identificaram como “Missa da reconciliação”.

O padre Martins Júnior, nascido em 1938, nunca deixou a paróquia, presidindo a celebrações religiosas, apesar da suspensão e da ausência de nomeação oficial da diocese.

O sacerdote ocupou vários cargos políticos, como deputado da Assembleia Regional e como presidente do Município de Machico.

“Tendo em consideração que, passados estes anos as razões primeiras que levaram à aplicação e manutenção dessa pena deixaram de existir, o bispo do Funchal, depois de ouvido o rev.do padre Martins Júnior e os Conselhos Episcopal e dos Consultores, decidiu revogar a referida pena de suspensão”, pode ler-se no texto, divulgado online.

decreto, entretanto publico pela Diocese do Funchal, explica que a 27 de julho de 1977 o então Bispo do Funchal, D. Francisco Santana, decretou administrativamente a suspensão a divinis do padre José Martins Júnior pelo delito previsto no cânone 2401 do Código de Direito Canónico de 1917, então em vigor – “manter um cargo, um benefício ou uma dignidade, apesar de uma privação ou revogação legítima”.

Numa carta de 8 de maio de 2019, o sacerdote solicitou a revogação da referida pena de suspensão, mostrando a sua intenção de ser “plenamente reintegrado” no exercício do seu ministério sacerdotal no presbitério Diocesano do Funchal.

OC/LS

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Agência ECCLESIA

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