Solenidade de Nossa Senhora do Monte foi celebrada no Funchal
Funchal, 15 ago 2023 (Ecclesia) – O bispo do Funchal pediu hoje aos cristãos para “contemplarem o céu” sem reservas porque, a partir desse olhar, se descobre “a vocação divina”, “a meta do caminhar”, “a pertença a Deus, mesmo sem essa consciência”.
“Não tenhamos medo de contemplar o Céu: não é perda de tempo ou tarefa para inúteis preguiçosos. É antes a condição para não nos enganarmos no caminho da construção do homem que somos e da sociedade em que queremos viver”, afirmou D. Nuno Brás na celebração da Solenidade de Nossa Senhora do Monte.
O responsável, durante a homilia, indicou o céu como o lugar para onde o olhar dos cristãos se deve sempre dirigir, encontrando o modelo de Maria, “mulher verdadeira e definitiva Arca da Aliança”.
“Ela mostra-nos o modelo concreto e existencial que nos há de servir para nos convertermos e para transformarmos a nossa sociedade e o mundo inteiro. Porque um cristão não é nunca alguém que, de braços cruzados, se deixa aprisionar pelo correr do tempo, resignado com o sofrimento e as dificuldades. Pelo contrário: olhando para o fim da história, o cristão percebe, de modo claro, a missão que lhe foi confiada de transformar o mundo em que vive. E percebe que o deve fazer não a partir das suas ideias ou das ideias dos bem-pensantes, ou (muito menos) a partir dos gostos dos poderosos ou até do pensamento da maioria”, reconhece.
Para D. Nuno Brás, olhar o céu, convida a perceber que “não é permitido desistir”: “De nós e de quem quer que seja. Em nós e à nossa volta, há ainda muito para transformar, muitos corações a converter, muitas estruturas a melhorar e a modificar”.
A certeza de “pertença a Deus” adquire-se “olhando o céu”, percebendo a “vocação divina” a que cada pessoa é chamada para fazer “a ser sempre mais — seja como projeto pessoal, seja como projeto de comunidade, de Região, de país”.
“Contemplando o Céu, percebemos que a nós, cristãos, nos é pedido que transformemos o mundo a partir de Deus. E sabemos que isso é possível porque foi possível na pessoa da Virgem Maria. Contemplando o Céu, percebemos como se enganam aqueles que julgam vencer com as suas forças ou a sua esperteza. A vitória do ser humano (de todos e de cada um), ou é a vitória do Deus connosco, Jesus Cristo, ou é um caminho inclinado para a derrota e para a morte”, sugeriu.
D. Nuno Brás alertou para “ideologias humanas” do passado que se “mostraram perigosas” porque se recusaram a “olhar para o Céu, negando a existência ou a importância de Deus, endeusavam a figura do líder, aniquilando a dignidade do ser humano”.
“Não tenhamos medo de erguer os olhos ao céu para contemplar a Virgem Maria. Alguns, poderão acusar-nos de esquecer a realidade em que vivemos; dirão que o importante é olhar a terra que pisamos, para a transformar com o nosso idealismo, os nossos sonhos, a nossa vontade, as nossas forças. Esquecem que só descobrimos o exato valor do real quando o percebemos a partir da sua finalidade, da sua meta. O mesmo é dizer: quando dirigimos o nosso olhar para o Céu e nele descobrimos a verdadeira Arca da Aliança”, explicou.
LS