«Fratelli Tutti»: Encíclica do Papa assinala um recomeço na História, considera Mohamed Mahmoud Abdel Salam

Conselheiro do grande imã de Al-Azhar participou na conferência de imprensa de apresentação do documento, no Vaticano

Foto Lusa/Epa, Apresentação da Encíclica Fratelli Tutti, no vaticano

Cidade do Vaticano, 04 out 2020 (Ecclesia) – O juiz Mohamed Mahmoud Abdel Salam, conselheiro do grande imã de Al-Azhar, afirmou hoje no Vaticano que a encíclica ‘Fratelli Tutti’ e o documento sobre a Fraternidade Humana, assinado pelo Papa e pelo imã de Al-Azhar assinalam um recomeço na História.

“Estou convencido de que esta encíclica, juntamente com o Documento sobre a Fraternidade Humana, reiniciará o comboio da história que parou na estação da ordem mundial atual, enraizada na irracionalidade, com sua injustiça, orgulho e violência colonial”, afirmou Mohamed Mahmoud Abdel Salam na conferência de imprensa de apresentação da encíclica ‘Fratelli Tutti’.

Para secretário-geral do Alto Comité para a Fraternidade Humana,  a encíclica do Papa e o Documento sobre a Fraternidade Humana são um “forte elemento contra a falsidade, com todas as suas formas e expressões” e impulsionam o “nascimento de uma nova ordem mundial, baseada na inviolável dignidade e nos direitos humanos”.

“Espero também que esta encíclica chegue às mãos de políticos e dos que tomam decisões, para que se sintam iluminados a partir dela para sair do estado irracional em que o mundo vive hoje”, afirmou o conselheiro do grande imã de Al-Azhar.

Foto Lusa/Epa, Mohamed Mahmoud Abdel Salam

Na encíclica ‘Fratelli Tutti, o Papa cita em várias ocasiões a inédita declaração sobre a fraternidade humana que foi assinada em Abu Dhabi (2019) pelo Papa e pelo imã de Al-Azhar, a mais prestigiada instituição do Islão sunita.

“Como é grande o Papa quando adverte os povos diante dessa nova forma de colonialismo que se vive na manipulação de conceitos extremamente importantes e sensíveis, como democracia, liberdade, justiça e unidade, usando-os como meio de controle, dominação e arrogância, esvaziando-os de seu significado, às vezes até mesmo para justificar seu trabalho”, afirma Mohamed Mahmoud Abdel Salam.

“Como é criativo ele quando fala dos direitos humanos, quando destaca as novas formas de injustiça e exploração do homem e da negação de sua dignidade, da injustiça contra as mulheres e de condições semelhantes à da escravidão, que tantas pessoas sofrem hoje”, acrescenta.

O secretário-geral do Alto Comité da Fraternidade Humana anunciou na conferência de imprensa que a instituição vai convocar “um Fórum para 100 jovens de diferentes partes do mundo, e organizar dias de estudo dedicados a esta encíclica”, em Roma e Abu Dhabi, onde foi anunciado o Documento da Fraternidade Humana, mas também no Egito, o país de Al Azhar, “onde os participantes se dedicarão à reflexão e ao estudo e ao diálogo”.

“Ao fazê-lo, a encíclica chegará a jovens, pertencentes a diferentes religiões e etnias, com a esperança de que possa ser um passo na direção certa, em direção a uma fraternidade humana mundial”, acrescentou.

A encíclica do Papa Francisco ‘Fratelli Tutti’ foi divulgada hoje e apresentada em conferência de imprensa pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot, presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Mohamed Mahmoud Abdel Salam, Anna Rowlands, professora da Universidade de Durham, e Andrea Riccardi, fundador da Comunidade de Sant’Egidio.

PR

Carta Encíclica FRATELLI TUTTI do Papa Francisco sobre a fraternidade e a amizade social

 

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Agência ECCLESIA

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