Francisco: Portugal vai receber Papa que não quer ser visto como «revolucionário» nem super-herói

Pontificado marcado por mensagens de abertura e esforço de reforma interna

Lisboa, 09 mai 2017 (Ecclesia) – O Papa vai visitar Portugal pela primeira vez a partir desta sexta-feira, após quatro anos de pontificado marcados por mensagens de abertura e diálogo, com atenção aos mais desfavorecidos, e medidas de reforma interna.

Francisco já disse que não gosta da “idealização” da sua figura, ele que já foi representado como um super-herói.

“Eu sou um pecador, sou limitado”, referiu ao ‘Die Zeit’, depois de em janeiro ter referido ao ‘El País’ que apenas quer uma Igreja mais “próxima” e rejeita a ideia de “revolução” ou de ser “incompreendido”.

A mensagem passa por gestos concretos, como a visita a Amatrice, uma das zonas afetadas pelos sismos no centro de Itália, a viagem a Lesbos, de onde voltou com um grupo de refugiados, ou o encontro com líderes de várias religiões, na cidade italiana de Assis, assinando uma declaração conjunta pela paz que rejeita o terrorismo fundamentalismo.

A condenação da violência em nome da religião, da “loucura homicida” do fundamentalismo tem acontecido em diversas ocasiões, muitas vezes com o pano de fundo a perseguição a minorias religiosas no Médio Oriente e o “martírio” dos cristãos em vários países.

A aproximação a outras comunidades cristãs tem gerado algumas críticas internas, que se multiplicaram a respeito de posições apresentadas na exortação apostólica pós-sinodal ‘Amoris Laetitia’, que recolhe os resultados de dois Sínodos sobre a família (2014 e 2015), na qual se propõe um caminho de “discernimento” para os católicos divorciados que voltaram a casar civilmente.

No atual pontificado, a Igreja Católica viveu o terceiro Ano Santo extraordinário da sua história, o Jubileu da Misericórdia, para, nas palavras do Papa, sublinhar que “a misericórdia é o nome de Deus” e recordar a importância do “perdão”; na Polónia, onde presidiu à Jornada Mundial da Juventude, passou em silêncio pelos campos de concentração nazi de Auschwitz.

O Papa tem alertado para a “globalização da indiferença” e para os perigos da concentração da riqueza, propondo uma mudança do paradigma económico e financeiro internacional.

A reforma da Cúria Romana, com a ajuda de um Conselho de Cardeais dos cinco continentes, já levou à criação de dois dicastérios (Leigos, a Família e a Vida; para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral) e a várias alterações na administração económico-financeira da Santa Sé e do Estado do Vaticano, além de medidas no acompanhamento e prevenção de casos de abusos sexuais.

Os bispos portugueses já foram recebidos pelo Papa, no Vaticano, em setembro de 2015, para a visita ‘ad Limina’, na qual Francisco manifestou a sua preocupação com a “debandada da juventude” na Igreja.

O cardeal Jorge Mario Bergoglio foi eleito como sucessor de Bento XVI a 13 de março de 2013, após a renúncia do agora Papa emérito, assumindo o inédito nome de Francisco; é o primeiro Papa jesuíta na história da Igreja e também o primeiro pontífice sul-americano.

Em 50 meses, o Papa argentino fez 18 viagens internacionais, passando por 28 países de 4 continentes, e ainda 12 visitas na Itália, incluindo uma passagem pela ilha de Lampedusa.

Entre os principais documentos do atual pontificado estão as encíclicas 'Laudato si', dedicada a questões ecológicas, a 'Lumen Fidei' (A luz da Fé), que recolhe reflexões de Bento XVI, e as exortações apostólicas 'Evangelii Gaudium' (A alegria do Evangelho) e ‘Amoris Laetitia’ (A alegria do amor).

OC

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Agência ECCLESIA

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