Professor universitário tem esperanças na «sementeira» de um novo paradigma da economia que não esqueça o «adjetivo social»
Lisboa, 13 mar 2021 (Ecclesia) – António Bagão Félix disse à Agência ECCLESIA que o pontificado do Papa Francisco é “histórico”, respeitado pela comunidade internacional e desafia a política a colocar a fraternidade “entre a liberdade e a igualdade”.
“Entre a liberdade e igualdade está a fraternidade, está a pessoa e, nesse sentido, tudo o que seja estimular a fraternidade é um elemento fundamental para consolidar a liberdade e igualdade, por via da responsabilidade”, disse o professor universitário.
Questionado sobre a relevância do pontificado do Papa, que hoje assinala o oitavo aniversário, Bagão Félix afirmou que Francisco colocou a fraternidade, enquanto “elemento genético do catolicismo”, no centro das relações entre as pessoas.
“A cultura da fraternidade é capaz de tornar melhores as pessoas, de gerar uma solidariedade geracional e é capaz de edificar uma ética que conduza para a ideia do sentido de responsabilidade”, afirmou.
O cardeal Jorge Mario Bergoglio foi eleito como sucessor de Bento XVI a 13 de março de 2013, após a renúncia do agora Papa emérito, assumindo o inédito nome de Francisco.
“É um pontificado histórico”, disse o professor universitário, acrescentando que Francisco “é um Papa deste tempo”, com respostas para momentos “conturbados”, marcados pela guerra, pela pandemia e “constrangimentos sociais e económicos”.
O antigo ministro das Finanças lembrou que o Papa afirma que a economia atual “por vezes mata”, sobretudo a “economia financeira” e Francisco tem contribuído para “uma nova economia”, a que coloca o “adjetivo social entre a economia e o mercado”.
“As palavras do Papa Francisco, embora num terreno muito minado e difícil por causa de interesses particulares, egoístas, setoriais, corporativistas, apesar dessas dificuldades, algo de positivo poderá resultar da sementeira que o Papa Francisco vem fazendo”, afirmou.
Bagão Félix considera que o Papa tem sabido conciliar “o tempo de grandes interrogações” com ideias de uma dimensão “criadora, acessível, esperançosa, luminosa” e “tem sido muito respeitado na cena internacional”.
O antigo ministro e secretário de Estado valorizou também o apelo do Papa por uma “política boa”, que tem de ter por base “a cultura e ética dos cuidados”.
Jorge Mario Bergoglio nasceu na capital da Argentina a 17 de dezembro de 1936, filho de emigrantes italianos, e trabalhou como técnico químico antes de se decidir pelo sacerdócio, no seio da Companhia de Jesus (jesuítas), licenciando-se em filosofia antes do curso teológico.
Ordenado padre a 13 de dezembro de 1969, foi responsável pela formação dos novos jesuítas e depois provincial dos religiosos na Argentina (1973-1979).
João Paulo II nomeou-o bispo auxiliar de Buenos Aires em 1992 e foi ordenado bispo a 27 de junho desse ano, assumindo a liderança da diocese a 28 de fevereiro de 1998, após a morte do cardeal Quarracino.
O primaz da Argentina seria criado cardeal pelo Papa polaco a 21 de fevereiro de 2001, ano no qual foi relator da 10ª assembleia do Sínodo dos Bispos.
O cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio foi eleito Papa no dia 13 de março de 2013, então com 76 anos.
PR
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