Francisco/2019: Cimeira sobre abusos sexuais e declaração inter-religiosa sobre Fraternidade Humana abriram caminho a iniciativas futuras

Sete viagens, JMJ Panamá e Sínodo sobre Amazónia foram marcas do sétimo ano de pontificado

Lisboa, 21 abr 2025 (Ecclesia) – A inédita cimeira sobre abusos sexuais e a “histórica” declaração sobre a Fraternidade Humana, assinala em Abu Dhabi, foram marcas do sétimo ano de pontificado de Francisco, que faleceu hoje aos xxx de idade.

Em 2019, o Papa fez sete viagens internacionais, incluindo a Jornada Mundial da Juventude no Panamá, e presidiu ao Sínodo especial dedicado à Amazónia.

O Vaticano acolheu, em fevereiro, uma cimeira convocada por Francisco, reunindo os presidentes das conferências episcopais de todo o mundo e responsáveis de Institutos Religiosos e da Cúria Romana, para debater medidas de proteção a menores na Igreja Católica.

O Papa exigiu todas as dioceses criassem estruturas para receber denúncias de abusos sexuais e, a 17 de dezembro, decidiu abolir o segredo pontifício nos casos de violência sexual e de abuso de menores cometidos por clérigos, numa decisão considerada histórica.

Em fevereiro, o Papa e o grande imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb, assinaram nos Emirados Árabes Unidos a Declaração de Abu Dhabi, também apresentada como “histórica”, pelo Vaticano, que condena o terrorismo e a intolerância religiosa; a aproximação ao Islão continuaria na viagem a Marrocos.

“Pedimos a todos que deixem de usar as religiões para incitar o ódio, a violência, o extremismo e o fanatismo cego, e que se abstenham de usar o nome de Deus para justificar atos de assassinato, exílio, terrorismo e opressão”, refere o documento sobre a fraternidade humana para a paz mundial e a convivência comum.

Francisco passou ainda pela Bulgária e Macedónia do Norte, a terra natal de Madre Teresa de Calcutá, bem como pela Roménia, onde prestou homenagem aos católicos perseguidos durante o regime comunista.

Em 2019, o Papa regressou a África, para deixar mensagens em favor dos mais pobres e pela paz, numa viagem a Moçambique, Madagáscar e Maurícia; a sétima visita internacional do ano teve como destinos a Tailândia e o Japão, viagens inéditas marcadas por apelos contra as armas nucleares e a exploração das pessoas.

O ano tinha começado com a celebração da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) no Panamá; a JMJ 2019 abriu caminho para a primeira edição internacional acolhida por Portugal, em Lisboa.

Ainda em 2019, o Papa presidiu a um consistório para a criação de cardeais, entre eles D. José Tolentino Mendonça, e foi celebrada a canonização de frei Bartolomeu dos Mártires, arcebispo português do século XVI.

O quarto Sínodo do pontificado, dedicado à região pan-amazónica, foi acompanhado por várias críticas à presença de símbolos indígenas e ao debate que decorreu no Vaticano, do qual saiu a proposta de ordenação sacerdotal de diáconos casados; no final da assembleia, o Papa disse que a Igreja tem de ouvir o “grito dos pobres” e questionou a hipocrisia de quem despreza o seu próximo.

No plano interno, prosseguiu o trabalho que visa reforma da Cúria Romana, com destaque para as várias medidas na administração económico-financeira da Santa Sé e do Estado do Vaticano: o jesuíta Juan Antonio Guerrero Alves assumiu a liderança da Secretaria para a Economia e Carmelo Barbagallo, dirigente do Banco da Itália, passou a presidir a Autoridade de Informação Financeira (AIF), no centro de um inquérito por alegada corrupção em operações imobiliárias; Francisco aprovou ainda os novos estatutos do ‘Banco do Vaticano’, o Instituto para as Obras de Religião, introduzindo auditoria externa.

Simbolicamente, por ocasião do 105.º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, o Papa abençoou no Vaticano uma escultura que retrata migrantes de todos os tempos, destinada à Praça de São Pedro, com o objetivo de lembrar o “desafio evangélico do acolhimento”; já na sua mensagem de Páscoa, Francisco tinha questionado a indiferença de quem ignora os conflitos e injustiças que afetam milhões de pessoas em todo o mundo, pedindo o fim dos “muros”.

Este foi ainda o ano em que o Papa assinou a exortação ‘Cristo Vive’, propondo aos jovens a uma vida dedicada aos outros, na sequência do Sínodo de 2018, e em que a Igreja Católica celebrou um mês missionário extraordinário, em outubro.

OC

 

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