Miguel Sepúlveda, Maria João Avillez, Nuno e Mafalda Frazão falam das marcas que o Papa tem deixado nas suas vidas

Lisboa, 13 mar 2025 (Ecclesia) – O maestro Miguel Sepúlveda considera que, durante o pontificado do Papa Francisco, a expressão “dignidade humana” é visível nas suas palavras e ações.
“Quando ele pede para as pessoas se descalçarem diante do espaço ou do chão sagrado do outro, isso é uma aposta na dignidade humana”, referiu o maestro à Agência ECCLESIA.
Perante as preocupações “de converter outras pessoas e de levar a mensagem de Cristo ao mundo inteiro”, o Papa Francisco pede para que se tenha “os olhos na dignidade do outro”.
O maestro que nasceu em 1998 e que já dirigiu várias orquestras na Europa, nomeadamente a Orquestra Gulbenkian ou a Filarmónica da BBC, reconhece que o Papa Francisco também o inspira no mundo da música.
“A pessoa diante da partitura procura respeitar o que está lá, em vez de fazer a sua vontade está à procura de respeitar os desejos do compositor e, isso, é uma outra forma de ter em conta a dignidade do outro”, sublinhou Miguel Sepúlveda.
O Mafalda e Nuno Frazão, casados há 14 anos e envolvidos em causas sociais, realçam que o Papa Francisco é um “exemplo de humildade, dedicação e diálogo”.
Com estes sinais no pontificado do Papa Francisco, as pessoas “não podem ficar indiferentes, mas seguir as suas pisadas”.
Francisco é “um Papa missionário e disruptivo” que é “muito próximo das pessoas”.
Os documentos do pontífice argentino são “um guia” de vida para este casal, acrescentam Nuno e Mafalda Frazão.
A jornalista Maria João Avillez, que entrevistou o Papa Francisco, considera-o uma “pessoa muito acolhedora”.
Ao fazer um balanço do pontificado, a entrevistada considera que quando “o mundo se despedir dele, crentes e não-crentes vão sentir uma enorme perda”.
“Vai deixar não só uma impressão digital fortíssima na vida da Igreja, na vida do mundo, na vida das pessoas, como além dessa marca, vai deixar como que um buraco, como uma coisa que nós não sabemos como ultrapassar, como sair dele e continuar”, admite a jornalista.
A “ternura da proximidade” é outra característica do Papa Francisco onde “cabem todos, todos, todos”, aponta Maria João Avillez.
O cardeal Jorge Mario Bergoglio, arcebispo de Buenos Aires, foi eleito como sucessor de Bento XVI a 13 de março de 2013, após um conclave de dois dias, assumindo o inédito nome de Francisco.
Nestes 12 anos fez 47 viagens internacionais, nas quais visitou 67 países, incluindo Portugal (2017 – centenário das Aparições de Fátima – e 2023 – para a JMJ Lisboa, tendo passado também por Fátima).
Dentro da Itália, o Papa realizou mais de 30 de visitas a várias localidades, incluindo uma passagem pela ilha de Lampedusa, primeira viagem do pontificado, e cinco deslocações a Assis.
Entre os principais documentos do atual pontificado estão as encíclicas ‘Dilexit Nos’ (2024), texto dedicado à devoção ao Coração de Jesus; ‘Fratelli Tutti’ (2020), sobre a fraternidade humana e a amizade social; ‘Laudato si’ (2015), dedicada a questões ecológicas; a ‘Lumen Fidei’ (A luz da Fé, 2013), que recolhe reflexões de Bento XVI; as exortações apostólicas ‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do Evangelho), texto programático do pontificado, de 2013; ‘Amoris laetitia’, de 2016, dedicada à família; o documento sobre a “Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da convivência comum” assinado pelo Papa Francisco e o grão imã de Al-Azhar, Ahamad al-Tayyi, em Abu Dhabi (2019).
A reforma dos organismos centrais de governo da Igreja Católica, levada a cabo com a ajuda de um inédito conselho consultivo de cardeais, dos cinco continentes, foi concretizada através da Constituição Apostólica ‘Praedicate Evangelium’, de 2022, propondo uma Cúria Romana mais atenta à vida da Igreja Católica no mundo e à sociedade, com maior protagonismo para os leigos e leigas.
Francisco convocou até hoje cinco assembleias do Sínodo, dedicadas à sinodalidade (2023 e 2024), à Amazónia (2019), aos jovens (2018) e à família (2015 e 2014), além de uma cimeira global sobre o combate e prevenção aos abusos sexuais (2019).
No seu pontificado, a Igreja Católica celebrou dois Jubileus – em 2016, num Ano Santo Extraordinário, dedicado à Misericórdia, e o atual Ano Santo ordinário, dedicado à esperança.
LFS/OC