Mestre de Noviços do Convento do Varatojo explica etapas formativas dos jovens candidatos
Fátima, Santarém, 02 fev 2015 (Ecclesia) – O frei Nicolás de Almeida é responsável pela formação dos noviços no Convento do Varatojo, em Torres Vedras, e falou à Agência ECCLESIA sobre o que envolve hoje a formação dos jovens candidatos.
Para aquele responsável, é impossível abraçar a Vida Consagrada sem que haja em primeiro lugar um “sentimento de pertença a Deus” e “à missão que ele chama a viver”.
Daí que a etapa do noviciado seja “sobretudo uma vida escondida com Cristo”, no silêncio, no recolhimento, na oração, de modo a que pouco a pouco os candidatos se deixem “transfigurar” para uma vida nova.
“É também fazer com que Cristo esteja presente na nossa vida, quer nos momentos mais difíceis quer nos momentos de alguma consolação interior”, realça o Mestre de Noviços.
Depois, fortalecer nos mais novos a dimensão comunitária, o espírito de “comunhão e colaboração”, de “proximidade” com as pessoas, “ao estilo de São Francisco de Assis.
O frei Nicolás de Almeida recorda que o fundador da sua congregação marcou a diferença no seu tempo, a Idade Média, em que “a vida religiosa procurava um isolamento do mundo e por isso muitas vezes construíam os seus mosteiros fora das cidades, no meio do silêncio”.
“São Francisco sabia valorizar o silêncio e ao mesmo tempo o encontro com as pessoas, por isso os conventos franciscanos nasceram dentro da cidade, para serem um sinal de Deus junto das pessoas. E a formação franciscana passa por isto, ajudar a entender cada vez mais que Jesus nos chama a estarmos com as pessoas, não fora”, realça aquele responsável.
Neste âmbito, o sacerdote de 35 anos considera o Ano da Vida Consagrada que a Igreja Católica começou hoje a assinalar “uma grande oportunidade para que todos os carismas, sobretudo os de vida ativa, redescubram nas suas fontes a maneira de poderem trazer uma nova proximidade junto das pessoas”.
“Todas as congregações, sobretudo de caráter ativo, que surgiram nestes últimos séculos, nos mostraram como os fundadores tiveram esta intuição, que era importante estar no meio do mundo, sobretudo no meio daquelas situações onde mais ninguém se interessava em estar”, aponta o religioso.
Para o formador do Convento do Varatojo, no Patriarcado de Lisboa, a “refundação da vida consagrada passará também pelas várias ordens saberem onde é que devem estar”, e como pede o Papa Francisco, acorrerem às “periferias”, estarem junto daqueles que mais precisam da Igreja, que não são apenas os pobres ou mais desfavorecidos.
“Existem outro tipo de periferias, muito mais de carater social. Muitas pessoas que hoje em dia se sentem abandonadas pela Igreja, que necessitam de alguém que as entenda, que lhes diga que são filhas de Deus, que a Igreja também precisa da sua ajuda, da sua colaboração”, complementa.
Natural de Caracas, na Venezuela, o frei Manuel Nicolás Hipólito de Almeida veio para Portugal com cerca de 1 ano de idade.
Aos 20 anos iniciou o seu percurso na Ordem Franciscana em Braga, como aspirante, e antes de ser ordenado sacerdote em 2011 e de abraçar a missão de formador, esteve quatro anos ao serviço de uma comunidade terapêutica da congregação, dedicada ao apoio de jovens toxicodependentes e alcoólicos.
Uma história de vida consagrada que o Programa ECCLESIA dará a conhecer na próxima quinta-feira, a partir das 15h30 na RTP2.
JCP