França: Reabertura da Catedral de Notre-Dame é marcante para católicos e para crentes de várias confissões religiosas

Padre Leandro Garcês, pároco de Gentilly, em Paris, foi nomeado confessor da catedral que, mais de cinco anos após incêndio, reabre portas com programação especial

Foto: Conferência Episcopal Francesa

Lisboa, 06 dez 2024 – O padre português Leandro Garcês afirmou hoje que não só os católicos, mas outras confissões religiosas estão a “viver com entusiamo e alegria” a reabertura da Catedral de Notre-Dame, em Paris (França), que acontece este sábado.

“Aqui em Paris, as pessoas estão muito sensibilizadas e muito contentes de ver como ela foi restaurada e já há fotografias que saem e, portanto, nota-se que é para todos os quadrantes, católicos, não-católicos, que pessoas com tendências religiosas diferentes estão a viver isso com muito entusiasmo e muita alegria”, afirmou o pároco na paróquia portuguesa de Gentilly, no arredores da capital francesa.

O sacerdote afirma que as paróquias em Paris, e as comunidades internacionais, de Portugal, Espanha, Polónia e China, estão a vivenciar com intensidade este momento de reinauguração.

Apesar de este ser um monumento construído na cidade de Paris, o padre Leandro Garcês destaca que é também “um património fortemente mundial”.

Antes de o incêndio de grandes proporções atingir a catedral, a 15 de abril de 2019, durante as obras de restauro em curso, o pároco na paróquia portuguesa de Gentilly salienta que aquela construção recebia em média 8 milhões de visitantes por ano, de várias nacionalidades, sobretudo da América-latina, China, Coreia do Sul, Vietname.

A reitoria da Catedral de Notre-Dame convidou o padre Leandro Garcês para ser confessor na Catedral de Notre-Dame, um papel para o qual olha como “algo extraordinário”.

“Eles lançaram [o convite] a vários padres e foram poucos até estrangeiros que deram uma resposta positiva. Eu dei uma resposta positiva, porque sem dúvida gosto deste tipo de pastoral” e “o sacramento da reconciliação está em crise”, afirmou.

Por outro lado, o confessor ressalta que tem visto em santuários e lugares turísticos “luzes muito interessantes”, com confessores sempre à disposição, nomeando locais como São Sulpício e a rua do Bac, em Paris.

O padre português assinala que em França e, sobretudo em Paris, está a dar-se um “fenómeno muito interessante”, em que pessoas que não são batizadas, de outras confissões religiosas, e indiferentes à religião se têm aproximado e iniciado “um processo de caminhada de conversão”.

“É engraçado que este ano, só na Diocese de Paris, foram 732 batizados de adultos, com mais de 18 anos até aos 80. E [houve] uma boa parte, não sei agora dizer a percentagem, de gente que se aproximou do confessionário”, realçou.

O padre Leandro Garcês refere que embora o sacramento da reconciliação esteja “em crise para os ditos cristãos de missa dominical”, por outro lado está a ser “uma porta para o começo de uma caminhada de conversão ao cristianismo, à pessoa de Cristo, à Igreja”.

A Catedral de Notre-Dame de Paris vai assinalar oficialmente a sua abertura a 7 de dezembro, num programa de celebrações que se estende até 8 de junho de 2025.

O arcebispo de Paris, D. Laurent Ulrich, vai presidir à cerimónia de reabertura, que terá lugar no final da tarde; já a Missa inaugural, com a consagração do altar-mor, realiza-se no domingo;

A convite de arcebispo de Paris, cerca de 170 bispos de França e de todo o mundo participarão nesta celebração, bem como um sacerdote de cada uma das 106 paróquias da Diocese de Paris.

Foto: Lusa

O altar foi parcialmente destruído aquando da queda do pináculo e da queda da abóbada, o que levou à decisão de renovar todo o espaço e o mobiliário litúrgico da catedral.

Guillaume Bardet foi o escolhido para conceber cinco peças: o batistério à entrada da catedral, o altar no cruzamento dos transeptos, o ambão do lado sul aos pés da Virgem Maria, a cátedra, que volta à sua antiga posição no pilar norte, e o tabernáculo.

PR/OC/LJ

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