Festa dos Povos congregou imigrantes na Amora

Comunidades lembraram apoio dos Missionários Scalabrinianos

Desde há sete anos que a Festa dos Povos congrega os imigrantes residentes no Bairro da Quinta da Princesa, na cidade de Amora, Seixal. Além do convívio que proporciona, o encontro é uma oportunidade para expressar a identidade e cultura das comunidades.

“Com esta festa, mostramos que o bairro não tem só problemas – também tem coisas boas”, afirma Tomás Vaz, da Associação de Solidariedade Social.

Durante as últimas quatro décadas, a paróquia da diocese de Setúbal foi marcada pelo grande crescimento demográfico. A maior parte dos seus 60 mil habitantes é portuguesa. Muitos, à semelhança dos imigrantes, também saíram das suas terras de origem, em busca de uma vida melhor.

Há dez anos que Mariana Cerejo dirige a Escola Básica do Bairro da Quinta da Princesa. O retrato que tira à população é feito de luzes e sombras: “O desemprego é enorme e as crianças são extremamente carenciadas”; mas, por outro lado, “são pessoas muito trabalhadoras, que saem muito cedo de casa e que regressam tarde”. Fala da natureza acolhedora da comunidade, e conclui: “Esta escola, estes miúdos, este bairro, são a minha paixão”.

 

“Daria tudo pelo que perdi”

Airton Santos está em Portugal há vinte anos. Considera-se um caso de sucesso entre os imigrantes de origem brasileira. Mas as suas palavras são atravessadas pela tristeza: “Portugal deu muito mais do que eu esperava no Brasil; realizei aqui quase todos os meus sonhos… E não estou satisfeito”.

Na entrevista ao programa ECCLESIA, recorda os pais, os irmãos e a pátria. “Eu tenho estas queixas; imagina quem não teve sucesso”. Por isso, considera que a emigração só deve ser alternativa em situações de guerra. Caso contrário, é preciso “resistir”.

O representante da Associação Casa Grande do Brasil lembra que, apesar das afinidades com o Brasil, Portugal não deixa de ser um país da Europa, continente que tem endurecido a legislação que regulamenta a entrada e permanência dos imigrantes.

 

A desilusão do regresso

Para quem saiu do seu país em busca de uma vida melhor, não é fácil ser confrontado com a inevitabilidade do regresso, especialmente devido ao desemprego.

Muitos brasileiros estão hoje a voltar ao seu país. O mesmo fenómeno aconteceu com as comunidades provenientes de Leste, outrora com uma presença significativa no bairro, mas hoje praticamente reduzidas à invisibilidade.

 

Ao serviço dos migrantes

No século XIX, o Beato Scalabrini apercebeu-se da quantidade de pessoas que, ao emigrar, estavam expostos à exploração e não tinham qualquer apoio de natureza espiritual. O religioso italiano decidiu então fundar a Congregação dos Missionários de São Carlos, com o objectivo de prestar assistência religiosa, moral, social e legal aos imigrantes.

O padre brasileiro Pedro Granzotto, pároco de Amora, veio para Portugal há oito anos. Mas o seu conhecimento da cultura nacional é muito anterior. Uma das primeiras missões deste sacerdote scalabriniano foi acompanhar a imigração portuguesa no Luxemburgo, quando esta ainda era muito recente. O sacerdote passou depois por França e pela Suíça, sempre ao lado das comunidades lusas.

Na paróquia de Amora, a colaboração da Igreja com os imigrantes manifesta-se no apoio dado às suas organizações, bem como na resposta ao número crescente de pedidos de ajuda a situações de pobreza.

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