Festa da Família na Quinta da Cardiga

Ouvia-se na leitura do Livro do Apocalipse, no Domingo, 29 de Abril, que a Igreja dedica ao Bom Pastor, “uma multidão imensa que não era possível contar”. Foi realmente uma multidão, mas, possível de contar, mais de 2000 pessoas, que passaram pela Quinta da Cardiga, em São Caetano, entre o Entroncamento e a Golegã, no fim-de-semana de 27, 28 e 29 de Abril. Três vezes mais do que na primeira edição desta Festa, realizada o ano passado no final deste mesmo mês. O ambiente vivido ao longo destes três dias, que passaram a correr, tal foi a intensidade com que foram preenchidos, foi de uma grande alegria e intimidade com Deus Pai. O mesmo Deus que ali congregou famílias vindas de norte a sul do país. E não é exagero afirmar isto mesmo, senão veja-se – sem referir a cidade do Entroncamento e comunidades vizinhas ou mesmo da nossa Diocese – por ali passaram famílias vindas de Cascais, Estoril, Almada, S. João da Talha, Tavira, Guarda, Beja, Santiago do Cacém, Porto, Vila Nova de Gaia, Porto de Mós, Leiria, Coimbra, Arruda dos Vinhos, Lisboa, Viseu, Marinha Grande, Oeiras e Pegões, etc. A Quinta da Cardiga é já por si um espaço acolhedor e muito convidativo. Mas, à entrada do recinto da festa, estava permanentemente, uma equipa de acolhimento que acarinhava com um sorriso e uma enorme amabilidade quem chegava. Os escuteiros do Agrupamento 542 do Entroncamento, que também integravam esta equipa, foram uma presença activa e importantíssima neste processo, bem como na animação da festa com a força e o entusiasmo que lhe são característicos. Eram vários os espaços a visitar e onde decorriam as actividades. A antiga vacaria da Quinta cheirava a pinho, e convidava a entrar naquele espaço que se tornou mágico ao longo destes dias. Ali realizaram-se as conferências, as celebrações da Eucaristia, os concertos de música. Ali, centenas de famílias confraternizaram e encontraram-se para ouvir, reflectir e relembrar os valores da família. Ali, centenas de famílias reuniram-se à volta da Mesa do Pão da Vida e comungaram o Senhor da Vida que as alimentou para a viagem de regresso a casa e para a jornada das suas vidas. Foram precisos alguns meses para que tudo estivesse preparado. “Quando entrámos pela primeira vez na vacaria, deitámos as mãos à cabeça”, afirmava dias antes o Pe. António Vicente, Pároco da Sagrada Família, Entroncamento e o grande impulsionador desta iniciativa. Imagine-se uma vacaria abandonada, atolhada de lixo, de feno, de bidões cheios de resina, e grandes alfaias agrícolas… A grande e preciosa equipa que acompanhou o Pe. Vicente nesta aventura – mais 100 pessoas – arregaçou as mangas e deitou mãos ao trabalho. Os Bombeiros da Golegã, Entroncamento e Vila Nova da Barquinha foram uma ajuda imprescindível. Vários meses de trabalho para preparar o espaço da festa E o resultado era realmente notório. À entrada, um painel gigante com um ícone de Jesus Cristo, por todo o espaço havia bandeiras de várias cores alusivas á festa da família, ao cimo, o palco estava montado. Onde decorreram as conferências, os concertos e as celebrações da Eucaristia. Em lugar destacado, a imagem de Nossa Senhora do Ó, padroeira da Paróquia da Olaia, vizinha da paróquia da Sagrada Família . Um poster da Santa Gianna Beretta Molla, uma mãe e médica heróica – canonizada no dia 16 de Maio de 2004 – que ofereceu a sua vida pela vida da criança que trazia dentro de si, sabendo desde o início que no final, para a criança nascer, a mãe morreria. Quando o tema do aborto está na ordem do dia, esta é uma história de santidade recomendável a todas as famílias. Saímos da vacaria. Duas dezenas de barraquinhas ofereciam aos participantes a oportunidade de passear, visitar e comprar objectos religiosos, ou uma enorme diversidade de livros de inspiração cristã: Paulus Editora, Paulistas, Canção Nova, Caminho Neocatecumenal, Missionários Combonianos, Irmãs de S. José de Cluny, Franciscanos, Movimento Cristo de Betânia, Servas Nossa senhora de Fátima, Paulinas, Agrupamento 542 do Entroncamento, Dominicanos, Missionários da Consolata, Irmãzinhas de Jesus, Encontro Matrimonial, Net Rádio Católica e Pré-Seminários. À entrada, o espaço para o café e o aconchego do estômago. E agora, um espaço que não deixou ninguém indiferente. A tenda da gastronomia Bíblica. Um espaço onde era possível saborear as iguarias de que nos fala o Antigo Testamento. O pão ázimo acompanhado com haróset, um doce característico da época, e os biscoitos azeite deliciosamente acompanhados por chá de hortelã. Uma equipa de onze pessoas vestidas ao rigor da época faziam o acolhimento, explicavam um pouco a história daquele ambiente decorado de forma a convidar à interiorização e à intimidade com Jesus. Como se entrássemos na sua casa para irmos comer com ele. Ao lado, um grupo de senhoras passou os três dias a amassar e a cozer os bolinhos. As encomendas eram mais que muitas e não havia mãos a medir. Num enorme barracão preparado para o efeito, estava instalado o Espaço Jovem. Um espaço de recolhimento encerrava o conjunto de barraca. Uma capelinha improvisada, forrada de madeira. Vários ícones convidavam à oração e ao recolhimento. Um apontamento apenas acerca deste espaço. No sábado, pelas duas da manhã, o grupo dos seminaristas ali presente e alguns jovens ali rezaram a Oração das Completas. Apesar da hora tardia e do cansaço, apenas ocorria dizer: “Senhor como é bom estarmos aqui!” Saímos para fora deste espaço e rumamos em direcção ao Palácio da Quinta. Na capela o Santíssimo esteve permanentemente exposto. Por fim, o espaço dedicado à criançada. Educadoras de Infância e técnicos especializados acompanharam os mais novos para que os pais pudessem usufruir com maior concentração das conferências. A Festa A Festa da Família iniciou da melhor forma, com a celebração da Eucaristia presidida por D. Manuel Pelino, Bispo da Diocese de Santarém. À noite, o Prof. Felipe Aquino, Professor Catedrático, da Comunidade Canção Nova iniciou o ciclo de conferências com uma reflexão em torno da “História dos valores e a Família”. Mais tarde, um momento alto, presidido pelo Pe. Dário Pedroso, Jesuíta e coordenador nacional do Apostolado de Oração. Foi encantador o ambiente familiar vivido ao longo de cerca de três horas de celebração da Via da Luz. Entre as cerca de duzentas pessoas participantes, havia um número significativo de casais jovens acompanhados de crianças, algumas ainda de colo. No sábado, dia de Santa Gianna Beretta Molla, destaque para a presença do Bispo Auxiliar de Lisboa e Presidente da Comissão Episcopal para a Educação Cristã que presidiu à celebração da Eucaristia. Nesta celebração tiveram o privilégio de receberem uma bênção especial os casais que celebravam 1, 25 e 50 anos de matrimónio. Depois de almoço, o médico-psiquiatra Dr. Vítor Cotovio, deu um contributo precioso para a formação dos educadores ali presentes, através de uma reflexão e do diálogo acerca do “Auto-Conhecimento e Valores”. A música invadiu o final da tarde. Ao palco subiram vários grupos musicais de inspiração cristã, assim como alguns grupos participantes no Festival Diocesano, realizado no fim-de-semana anterior à “Festa da Família”. À noite, o pátio do palácio da Quinta transformou-se num local de oração intensa e de grande profundidade. Com o Santíssimo exposto, e as famílias dispostas num círculo, esta celebração presidida pelo Pe. Filipe Lopes, da Diocese de Leiria, e Fundador da Comunidade Luz e Vida, foi um momento singular de intimidade com o Senhor ressuscitado. A noite terminou com o Fogo de Conselho animado pelo Agrupamento do Entroncamento. Na hora da partida, a promessa do regresso no ano que vem No domingo, dia Mundial das Vocações, o programa abriu com uma conferência cujo conteúdo foi riquíssimo, sobre o tema “Família, Escola de Valores”, não tivessem sido os oradores o Dr. Roberto Carneiro e a esposa Dr.ª Maria do Rosário. A Eucaristia, presidida por D. Ximenes Belo, agraciado com o Prémio Nobel da Paz em 1996, e antigo Administrador Apostólico de Díli, congregou mais de duas mil pessoas. Sendo este o domingo do Bom Pastor e de Oração pelas Vocações, D. Ximenes Belo deixou palavras de desafio às famílias para que sejam as primeiras educadoras para a fé, no sentido de ajudarem os filhos a descobrirem a sua vocação. “Os pais devem ser os primeiros catequistas dos seus filhos. A família deve ser cada vez mais uma Igreja doméstica.” Salientou. Nesta Eucaristia onde se rezou pelas vocações, destaque para a presença dos Seminaristas da nossa Diocese e do Diácono Mario Taglialatela que será ordenado sacerdote no dia 15 de Julho. São eles a promessa e a esperança do fermento novo para esta jovem Diocese. Para o ano, a Festa da Família terá lugar no mesmo local e também no último fim-de-semana de Abril que coincide com o Dia da Liberdade. Quem sabe não será este o mote para o tema da próxima festa. À conversa com diversas famílias, fomos recolhendo testemunhos aqui e ali. As famílias com quem conversámos estavam muito satisfeitas e algumas emocionadas até. De relevar, uma vez mais, a presença de muitas famílias jovens com crianças de tenra idade. Poderá parecer complicado para muitos pais como um casal jovem, com um bebé de 10 meses resolveu passar três dias fora da sua casa e do ambiente normal desta criança. Mas na verdade, o desafio de educar hoje um filho é demasiado grande e muito difícil, na boca dos educadores. E as partilhas que testemunhámos foram precisamente nesse sentido. “Esta festa foi importantíssima pelo convívio, pela troca de experiências, mas sobretudo pela qualidade dos temas e dos conferencistas. Porque educar é hoje, a tarefa mais difícil de se fazer” – afirmava um pai. No final, pedimos ao Pe. Vicente um comentário, em jeito de balanço. “Estou muito feliz. Verifico que as pessoas estão felizes e se sentiram em casa, por isso eu também me sinto feliz.” E tem razões de sobra para se sentir feliz, e não será demais, dizer que é esta iniciativa é louvável. No início começou como uma pequena aventura que nesta segunda edição provou ser um grande projecto. Prova disso mesmo é verificar como é gratificante ver que as famílias continuam a acreditar nos valores e por isso vieram à procura do caminho que leva à sua transmissão. Famílias cristãs que acreditam que esse caminho passa pela presença de Jesus Cristo nos seus lares. Famílias que afirmaram: “para o ano cá estaremos outra vez!” Célia Ramos

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