Férias: Caminhos de Santiago, da Idade Média ao séc. XXI

Lisboa, 07 ago 2013 (Ecclesia) – Paulo Almeida Fernandes, com o apoio do Turismo de Portugal, publicou um roteiro sobre o Caminho de Santiago, cujo culto começou na Idade Média e ressurgiu, depois de “adormecido”, no séc. XX.

A procura pelos caminhos de Santiago tem aumentado e em 2010, por exemplo, chegaram a Compostela, Espanha, 270 mil peregrinos.

Para Paulo Almeida Fernandes, do Centro de Estudos Arqueológicos da Universidade de Coimbra e Porto, este número é ”impressionante”.

Atualmente tem havido um “renovado gosto” pelas peregrinações históricas e as pessoas procuram o culto a Santiago de Compostela por variadas razões, desde “espirituais, mais do que religiosas, e por questões de realização pessoal, de conquista, do fenómeno de traçarem um objetivo e atingirem-no”, analisa.

Para o roteiro, inserido no projeto ‘Caminhos de Fé’, do Turismo de Portugal, o investigador revela que existe “um manancial de informação documentada que remonta há mais de 1000 anos”.

Segundo Paulo Almeida Fernandes, o culto a Santiago de Compostela surgiu de três formas lendárias ligadas ao “imaginário medieval”: “a peregrinação mais ou menos evangelizadora” de Santiago ao “extremo Ocidental”; a transladação do seu corpo para a Galiza “guiado por um anjo” e a descoberta deste corpo, “provavelmente no ano 20 do século IX que dá origem à cidade de Compostela como a conhecemos”.

Desde a descoberta do túmulo, no reinado de Afonso II das Astúrias, o culto proliferou tornando-se um santo “referencial para as populações”.

A Idade Média “inventou três fórmulas de cultuar Santiago como apóstolo, peregrino e guerreiro”, explica o autor que acrescenta, que a última “é de facto uma das maiores originalidades do culto na Península Ibérica”.

Estas particularidades caracterizam-no de outros cultos da Idade Média, porque lhe atribuem uma “dimensão diferente”, “a do peregrino muito presente no homem medieval a Jerusalém, a Roma e a Santiago de Compostela; a do apóstolo “nas mais antigas representações dotado do livro sagrado dos cristãos e às vezes com a dupla cruz em sinal de arcebispo das Espanhas” e a dimensão guerreira associada a Portugal.

Em Portugal, o culto surge documentado no século X e a fórmula mais usual foi a do guerreiro associado à reconquista de Coimbra, por Fernando Magno, em 1064.

A partir do séc. XVI esta tradição foi decrescendo e algum património destruído e perdido, “um dos motivos será afirmação dos cultos marianos”, assinalou Paulo Almeida Fernandes ao programa ECCLESIA, da RTP2.

“Muitas igrejas importantes foram destruídas, como em Santarém uma que o dava nome à paróquia ou em Guimarães que estava na praça central, em frente à Colegiada de Santa Maria”.

Depois de ser uma “referência obrigatória da cristandade” entrou num período de adormecimento, de quase 4 séculos, até ao séc. XX, e não atrai o mesmo número de peregrinos mas em Santiago de Compostela o culto e a tradição mantiveram-se como “centro de atração e devoção”.

PR/CB

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Agência ECCLESIA

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