Fé eucarística e nova evangelização

Para que os fiéis saibam reconhecer na Eucaristia a presença viva do Ressuscitado, que os acompanha na sua vida quotidiana. [Intenção do Santo Padre para o mês de Junho]

1. O enfraquecimento da fé eucarística é uma evidência confirmada pela constante diminuição do número daqueles que participam na celebração eucarística dominical. Em algumas regiões, esta participação é dificultada, senão impossibilitada, pela falta de sacerdotes. O abandono da celebração eucarística, porém, começou muito antes de se fazer sentir a falta de sacerdotes – e em muitas comunidades ainda não é a falta de sacerdotes a impedir os católicos de aceder à celebração dominical. Esta diminuição só se entende, portanto, porque a celebração eucarística deixou de ser referência para a vida de fé.

2. Não é possível manter uma vida cristã coerente renegando a fé eucarística. Quando isto se verifica, debilita-se tudo o mais: a fé na encarnação e na ressurreição de Jesus passa a ser opcional; a compreensão do ser humano ganha contornos alheios à Tradição bíblica; a adesão ao Magistério da Igreja, em questões essenciais directamente relacionadas com a sua compreensão das Escrituras, é posta em causa… E os comportamentos adoptados na vida quotidiana, face aos dilemas éticos e morais que constantemente se apresentam ao crente, passam a ser resolvidos segundo a «sabedoria do mundo» e não alicerçados na «loucura da cruz» (cf. 1 Coríntios 1, 17-22).

3. Compreende-se que seja assim, se considerarmos a centralidade da Eucaristia e o modo como todas as dimensões da vida cristã se encaminham para ela ou dela derivam. Não por qualquer decisão eclesiástica mas porque o conteúdo da fé católica não permite que seja de outro modo: «No santíssimo sacramento da Eucaristia estão “contidos, verdadeira, real e substancialmente, o corpo e o sangue, conjuntamente com a alma e a divindade de nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, Cristo completo“» (Catecismo da Igreja Católica, n. 1374, citando o Concílio de Trento). Esta presença real de Cristo completo é única e não pode ser rejeitada sem se rejeitar a fé católica. Por isso, quem se afasta da fé eucarística, tal como a Igreja a exprime, afasta-se da Igreja, abandona a sua comunhão.

4. Empenhada na nova evangelização desejada pelo Papa Bento XVI, a Igreja não pode deixar de ter em conta os anseios e as interrogações dos homens e das mulheres de hoje. Apesar disso, tal evangelização só será nova se acrescentar algo novo à cultura dominante, indiferente ao Evangelho, quando não cristofóbica e imune ao Evangelho. De outro modo, poderemos ter sucesso com algumas iniciativas culturalmente simpáticas, aparecendo como gente dialogante e intelectualmente capaz, mas não acrescentaremos nada àquilo que já têm aqueles com quem dialogamos – e não teremos qualquer interesse para eles.

5. Viver a Eucaristia como presença viva de Cristo ressuscitado abre a possibilidade de trazer novidade à cultura actual. Para isso, porém, é necessário reanimar a nossa fé eucarística, pessoal e comunitária. Ora, há poucos anos celebrámos o Ano da Eucaristia – que mudou nas nossas comunidades? Este mês, entre os dias 10 a 17, tem lugar, na Irlanda, o 50º Congresso Eucarístico Internacional – que fizemos para o preparar e acompanhar, individualmente e como comunidade? Em Outubro, começa o Ano da Fé, proclamado por Bento XVI – que estamos a fazer para colocar no centro deste Ano a fé eucarística, sem a qual a nossa vida cristã estiola e morre?

Elias Couto

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