Fazer da escola campo vocacional e de relações humanas

A escola como lugar de crescimento e de descoberta vocacional esteve no centro da reflexão do Fórum Nacional das Vocações. A escola é um espaço de saber mas que deve ser também de relações, pois é nas relações que as pessoas se descobrem. O desafio pessoal é o desafio cimeiro para os docentes e para uma efectiva presença pastoral na escola. O P. Mário Óscar Llanos, docente da Pastoral Vocacional na Faculdade de Ciências da Educação da Universidade Pontifícia Salesiana considera ser essencial cada pessoa perceber quem é perante os jovens e a comunidade educativa que se apresenta. “Porque se não sou uma pessoa que vive a vocação e de acordo com a vocação não posso ajudar os outros a descobrir a sua vocação”. “A relação é o mais importante entre educadores de tal forma que possa gerar cultura, uma forma de pensar, que muitas vezes acaba por ser contrastante com a cultura genérica e actual”. O Pe. Mário Llanos rejeita a criação de uma contra cultura e opta por sublinhar a capacidade das pessoas de reconhecer o positivo que existe nas várias culturas, que advém da sensibilidade crítica, do valor das relações e da amizade. “E na actual cultura há coisas muito boas que temos de saber recuperar, viver e propor”, indica. “Se não percebermos o positivo da cultura arruinamos a nossa proposta. Não podemos ir contra, mas a favor do que existe de positivo mas ao mesmo tempo ter consciência dos valores evangélicos que actuam sobre os valores presentes, melhoram-nos e orientam-nos”, frisa. A mediação na forma de testemunho pessoal é, segundo o Pe. Jorge Madureira, secretário da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios, “fundamental e sem a expressão da alegria de ser cristão e de uma identidade vivida, é muito difícil que um jovem ou alguém em processo educativo de sinta atraído”. A escola é, assim, “um lugar vocacional por excelência, seja em espaço público ou confessional, e deve ser particularmente cuidado”. O desafio relacional é uma constante na vida da Professora de EMRC Maria José Falcão, da diocese de Aveiro. Há 25 anos no ensino, Maria José Falcão considera que “ninguém nos vai tirar da escola, nós é que vamos sair”, pois indica “sem alunos não podemos trabalhar”. “EMRC espera que todos os católicos participem, primeiro por curiosidade, mas também porque gostam de saber coisas. Sem alunos, os professores não se justificam. O desafio primeiro é que os alunos cheguem à escola. Depois é uma questão de convicção”, indica, “convicção absoluta”. “A escola está pobre de relação. A escola precisa que se goste dela, das pessoas. Os adolescentes são iguais há muitas décadas, mas são todos diferentes”. Estar ao serviço, fazer o que se gosta “e para ser professor só gostando”, a vocação de professor pede “paciência ilimitada, preparação, firmeza, capacidade relacional com os alunos. O professor entusiasmado faz toda a diferença”, indica Maria José Falcão. D. António Francisco dos Santos, Presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios assume que a escola “será sempre um grande desafio para a Igreja”. O também Bispo de Aveiro indica que o ambiente escolar “é um grande espaço para a acção católica e para a pastoral vocacional”. Para isso “precisamos que professores, pais e comunidades se convençam que a escola é um espaço aberto e onde é urgente desenvolver um trabalho de orientação vocacional”. A acção educativa não pode ser centrada no professor, mas essencialmente no aluno. “O projecto do aluno integra a família e a comunidade escolar, onde os professores de EMRC são essenciais”. O Fórum Nacional das Vocações quis mostrar que “a acção pastoral vocacional não é exclusiva dos que trabalham nos secretariados vocacionais. Temos de dar à escola o dever de redescobrir a sua missão”.

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