Santuário vai atribuir duas bolsas de investigação no âmbito do projeto «Fátima como fenómeno global»
Fátima, 23 jun 2019 (Ecclesia) – O Santuário de Fátima acolheu hoje o encerramento do Simpósio “Fátima, hoje: que caminhos?”, iniciado esta sexta-feira, em que se destacou o protagonismo dos peregrinos.
Na sessão de encerramento, o reitor do Santuário de Fátima anunciou a abertura de um concurso para atribuição de duas bolsas de investigação sobre Fátima, no âmbito do projeto de investigação ‘Fátima como fenómeno global’, no contexto do protocolo celebrado com diferentes instituições públicas de ensino superior.
As áreas científicas são antropologia, Ciências da Comunicação, Ciências da Documentação, Ciências da Religião, Ciências do Turismo, Filosofia, Geografia Humana, História, Literatura, Sociologia, e Teologia, refere um comunicado enviado à Agência ECCLESIA.
Estas bolsas pretendem “oferecer experiência de trabalho científico para a formação avançada em prática de investigação no projeto «Fátima como fenómeno global»”, explicou o padre Carlos Cabecinhas.
O edital será colocado amanhã na plataforma da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), ficando disponível dentro de 10 dias úteis.
O cardeal D. António Marto, bispo da Diocese de Leiria-Fátima, considerou no final dos trabalhos que as várias reflexões apresentadas “foram ricas e enriquecedoras” e “vieram despertar as onsciências para dar uma nova alma a este fenómeno tão característico e tão rico pastoralmente, que é a peregrinação”.
“A alma do peregrino e da Igreja peregrina, deve ser uma alma sempre aberta aquilo que Deus nos chama através de Maria, a peregrinar com Maria e aberta às surpresas de Deus”, sustentou.
Numa conferência proferida este sábado, o reitor da instituição afirmou que os peregrinos são “os grandes protagonistas de Fátima”.
O padre Carlos Cabecinhas elencou um conjunto de momentos celebrativos, como a procissão das velas ou a do adeus, sublinhando que o peregrinos “criaram estes rituais e são eles que os protagonizam” quer quando levam as velas acesas, quer “quando se movimentam no recinto para ficarem mais próximos da imagem, quer ainda quando acenam os lenços brancos para se despedirem”.
“A luz da procissão das velas; o silêncio da procissão do silêncio (exclusiva de Fátima) e a saudade expressa no adeus à Virgem constituem marcas importantes no imaginário deste lugar” afirmou o reitor, citado pelos serviços de imprensa do santuário.
O sacerdote sublinhou o sentido da procissão como “uma caminhada comum”, sinal da condição peregrina da Igreja Católica.
Já Marco Daniel Duarte, o presidente da Comissão Científica e Organizadora do Simpósio falou do impacto que a peregrinação a Fátima teve nos vários Papas das últimas décadas, desde São Paulo VI (1967), realçando a a “relação física” de São João Paulo II com a Imagem de Nossa Senhora, presente na Capelinha das Aparições.
O conferencista destacou a última passagem de um pontífice pela Cova da Iria, no Centenário das Aparições (2017), recordando vários gestos do Papa Francisco: “o primeiro foi precisamente o silêncio, seguindo-se a entrega de três ramos de rosas, que ainda hoje não sabemos a sua origem, e posteriormente a Rosa de Ouro”.
Francisco, acrescentou, foi o “primeiro Papa a caminhar no Recinto de Oração sem ser num percurso celebrativo”.
Os trabalhos do segundo dia do Simpósio evocaram ainda a figura de São Francisco Marto, um dos três videntes de Fátima, falecido há 100 anos, e o seu “silencioso autoescondimento”, para se entregar a Deus.
Adrian Attard, carmelita que leciona que na Pontifica Faculdade de Teologia Teresianum de Roma, referiu que a figura do jovem santo português é “um convite” a todos os cristãos para que o imitem, falando numa “criança de Deus”, com uma “espiritualidade cristocêntrica”.
O padre António Martins, docente da Faculdade de Teologia da UCP, apresentou as peregrinações como “corpo em movimento, que atravessam tempo e espaço”, observando que “todas as religiões têm esta dimensão corpórea da peregrinação”.
“As peregrinações são traço comum de todas as religiões e em Fátima há uma especial relação com Maria, o que representa um itinerário de fé vivido de corpo e alma”, salientou.
Duas conferências abordaram temas ligadas ao sofrimento dos peregrinos, a bênção dos doentes e o lava-pés.
O médico e sacerdote José Manuel Pereira de Almeida falou de uma “expressão da proximidade de Jesus” para com todos os doentes e os que são frágeis.
“Jesus, no Santíssimo Sacramento, passa bem junto dos doentes para lhes dizer a Sua proximidade e o Seu amor”. E eles- tal como os Pastorinhos- confiam-lhes as suas dores, os seus sofrimentos, o seu cansaço”, afirmou o pároco em Santa Isabel, Patriarcado de Lisboa.
Por sua vez, a diretora do Posto de Socorros do Santuário, a médica Ana Luísa Castro apresentou a história do lava-pés, em Fátima como “um primeiro desejo daqueles que movidos pela compaixão para com os primeiros peregrinos, lançaram mãos à obra no apoio e assistência” a quem chegava a pé à Cova da iria.
Uma iniciativa de um grupo “de cavalheiros e senhoras” que, em 1924 haveriam de formar a Associação de Servitas de Nossa Senhora de Fátima.
OC
Notícia atualizada às 18h00