Fátima: Reitor projeta ano com contas negativas, após quebra de quase 50% nas receitas (c/vídeo)

Padre Carlos Cabecinhas admite tempos «difíceis», mas rejeita acusação de despedimentos no Santuário

Fátima, 12 out 2020 (Ecclesia) – O reitor do Santuário de Fátima disse hoje, no lançamento da peregrinação internacional do 13 de outubro, que este foi um “ano especial, diferente” na Cova da Iria, por causa da pandemia, com “drástica redução” do número de peregrinos.

“O ano de 2020 tem sido um dos mais difíceis, no Santuário de Fátima, sem peregrinos e com uma diminuição drástica do fluxo de trabalho”, referiu aos jornalistas o padre Carlos Cabecinhas.

O responsável católico recordou que a peregrinação do 13 de maio aconteceu, pela primeira vez, sem a presença de peregrinos, e a do 13 outubro acontece “com um número extremamente reduzido”.

O reitor do Santuário de Fátima adiantou que, entre março e agosto, foram canceladas as peregrinações de 436 grupos; já em outubro e novembro há “apenas 97 grupos inscritos” – 33 de Portugal, 22 de Espanha, 11 da Polónia, 9 da Itália, 8 da França, além de grupos da Alemanha, Eslovénia, México, Hungria, China, Canadá e Bélgica.

Como termo de comparação, o padre Carlos Cabecinhas disse que em 2019 houve 733 grupos inscritos “só no mês de outubro”, sobretudo do estrangeiro.

O sacerdote assinalou que esta situação não se vai resolver “rapidamente ou facilmente”, tendo impacto nas contas da instituição.

“Sem peregrinos, obviamente, perdemos também receita. Portanto, no final deste ano, teremos certamente um resultado negativo”, assumiu.

O reitor indicou que, até ao final do mês de setembro, a queda nas receitas chegou aos 50,6%; a quebra dos donativos, no mesmo período, foi de 46,9%.

Foto: Agência ECCLESIA/PR

Quanto ao plano de reestruturação, o responsável aludiu à “consciência de que os recursos não são inesgotáveis”, dado que a crise não é “passageira”.

“As medidas que tomamos, de redução dos custos fixos, foram diversas e a última foi a que teve que ver com a despesa com os colaboradores do Santuário. Para evitarmos despedimentos, tivemos de equacionar ajustamentos, o que levou a que procurássemos soluções, como qualquer gestão criteriosa faria”, declarou.

As decisões, segundo o padre Carlos Cabecinhas, tiveram em vista a “salvaguarda da instituição e a responsabilidade social”.

O reitor do Santuário de Fátima assumiu a intenção de “reduzir a massa salarial”, o que passou para já, por 14 acordos amigáveis de rescisão, “por iniciativa dos próprios colaboradores”; quatro reformas; 15 demissões por iniciativa do trabalhador; e 18 não-renovações de contratos.

O padre Carlos Cabecinhas lamentou ainda a ausência de diálogo com os sindicatos, que acusou de declarações “falsas”.

“É muito fácil propagar a informação de que o Santuário está a despedir, é fácil, vende bem. Mas não é verdade”, apontou.

Foto: Agência ECCLESIA/PR

O cardeal D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, reafirmou, por sua vez, que é “ponto de honra” não despedir funcionários, como assumiu publicamente em maio.

“Não houve nenhum plano para fazer despedimentos, houve um plano de reestruturação para uma administração, gestão rigorosa, em tempos de emergência”, precisou.

A 8 de setembro, o Santuário de Fátima referiu em comunicado que, “graças ao generoso contributo dos peregrinos”, a instituição católica “não está, como nunca esteve, em falência nem numa situação de insolvência”.

PR/OC

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Agência ECCLESIA

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