Fátima: «Registos dos milagres não são uma bizarria da religião da época» – Isabel Drumond Braga

Exposição temporária «Capela-Múndi» do santuário já recebeu mais de 250 mil visitantes

Foto: Santuário de Fátima

Fátima, 05 set 2019 (Ecclesia) – A professora Isabel Drumond Braga disse que os ex-votos “contam histórias de vida” e “devem ser lidas de forma crítica e atenta” na visita temática que orientou esta quarta-feira à exposição temporária ‘Capela-Múndi’ do Santuário de Fátima.

“Os registos dos milagres não são uma bizarria da religião da época, pelo contrário fornecem uma maneira de abordar a vida quotidiana comum dos homens e das mulheres, em todos os tipos de situações e em todos os níveis sociais”, disse a historiadora, segundo a informação enviada hoje à Agência ECCLESIA pelo Santuário de Fátima.

Neste âmbito, a professora Isabel Drumond Braga salientou que os ex-votos “contam histórias de vida” e são “fontes históricas” que “devem ser lidas de forma critica e atenta”, por isso, os “historiadores sérios” devem ter os registos dos milagres “em consideração”.

‘Agradecer através da imagem: ex-votos portugueses da Época Moderna’ foi o tema apresentado pela professora da Faculdade de Letras, da Universidade de Lisboa que centrou a reflexão sobretudo em pinturas sobre madeira ou tela, de invocações e motivações diferentes, na sua maioria por causa de incidentes de saúde ou que têm a ver com a vida profissional ou animais, presentes no Santuário de Nossa Senhora da Guadalupe, em Espanha.

“Os santuários marianos, tal como os de outras invocações, enquanto lugares de culto albergam testemunhos da religiosidade do povo, seja dos mais privilegiados seja dos menos favorecidos”, explicou.

Segundo a historiadora há uma necessidade de “continuar a investigar e a ler este património iconográfico do passado e da arte popular”, apesar de muitos dos ex-votos da Idade Moderna terem desaparecido.

Os ex-votos apresentam sempre a imagem do santo, cuja intercessão se pede, o que ajuda o miraculado, os que receberam a graça, o contexto do problema e, normalmente, uma legenda acerca do milagre e pode obter-se informação relevante sobre grupos sociais, sacerdotes, costumes, interiores domésticos, vestuário, mobiliário, utensílios domésticos entre outros.

O Santuário de Fátima informa que dispõe de um “incontável” número de ex-votos de todas as categorias e sempre com a mesma invocação a Nossa Senhora do Rosário de Fátima e estas ofertas “são canalizadas” para o seu museu, criado em 1955, que faz a inventariação, “embora as mais antigas estejam apenas arroladas”.

A exposição temporária “Capela-Múndi” assinala o centenário da construção da Capelinha das Aparições e teve até ao momento 254 449 visitantes.

O diretor do Museu do Santuário de Fátima e comissário da exposição, Marco Daniel Duarte, afirmou que o número de visitantes é um “recorde” anual, em relação à última exposição temporária, um acréscimo de 23% “muito animador”.

A próxima e última visita temática à exposição vai ser orientada pelo coordenador do Inventário do Património Artístico Móvel da Arquidiocese de Évora, Artur Goulart, com o tema ‘A museologia e a missão cultural da Igreja’, a 2 de outubro.

Capela-Múndi’ tem nove núcleos expositivos e pode ser visitada todos os dias, até 15 de outubro, no Convívium de Santo Agostinho, no piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade; O Museu do Santuário de Fátima promove duas visitas guiadas por dia, às 11h30 e às 15h30.

CB

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Agência ECCLESIA

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