Fátima: Patriarca latino de Jerusalém critica «muros de betão e do coração»

D. Fouad Twal encerrou peregrinação de maio destacando importância da mensagem mariana de «conversão»

Fátima, Santarém, 13 mai 2014 (Ecclesia) – O patriarca latino de Jerusalém encerrou hoje a primeira peregrinação internacional a Fátima deste ano pedindo aos portugueses para rezarem “pela paz” e trabalharem “pela justiça e dignidade” humana em todo o mundo, particularmente no Médio Oriente.

“Na Terra Santa há muitos muros que separam famílias, paróquias, terrenos; mas piores do que os muros de betão são os muros do coração do homem: as injustiças arreigadas; o ódio racial e religioso; a ambição e o egoísmo feito lei; a desconfiança, a força bruta e a arrogância em toda a parte”, salientou D. Fouad Twal.

Na homilia da missa final das celebrações de 12 e 13 de maio, enviada à Agência ECCLESIA, o patriarca latino de Jerusalém sublinhou que é preciso “trabalhar para que caiam todos esses muros do coração”, que “são invisíveis mas piores do que os visíveis”.

D. Fouad Twal lembrou a situação difícil em que vivem muitas comunidades um pouco por todo o globo e na Terra Santa, “centenas de milhares de refugiados – gente que perdeu tudo; casa, veículos, trabalho, terra… a sua dignidade”, inclusivamente o acesso aos “seus lugares de culto e para os lugares onde vivem os seus familiares”.

O patriarca latino referiu-se de modo especial às famílias cristãs de Israel e da Palestina, da Jordânia e da Síria, as que permanecem e aquelas que têm sido obrigadas a sair em busca de mais segurança e estabilidade.

“Os cristãos do Médio Oriente, essas pedras vivas do corpo de Cristo, são um património comum que todos temos de custodiar”, relevou.

Na sua mensagem aos peregrinos, lida em parte pelo padre Emanuel Silva, vice-reitor do Santuário, D. Fouad Twal lamentou a incapacidade que governos e sistemas políticos locais têm revelado para “restaurar a continuidade e a serena convivência” entre os povos.

Criticou ainda a persistência dos “fanatismos religiosos” e, no que toca à Terra Santa, “dos checkpoints militares israelitas que impedem a livre circulação dos habitantes árabes da Terra Santa e do mundo árabe”.

Perante estes problemas e desafios, o patriarca latino de Jerusalém considerou “a mensagem de Fátima, de conversão e oração” essencial para a procura do “caminho da paz na Terra Santa e em todo o Médio Oriente”.

“São muito atuais os apelos de Maria. E o mundo, em perigo de perdição, não encontrará paz e graça se não se esforçar por colocar em prática o que a Virgem Maria pediu aqui”, sustentou.

Este ano, de acordo com os dados divulgados pelo Santuário de Fátima, a peregrinação internacional aniversária de 12 e 13 de maio contou com a participação de 153 grupos inscritos, dos mais diversos pontos de Portugal e também de outros países como Espanha, Itália, Alemanha, Reino Unido, Polónia e Estados Unidos da América.

JCP

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Agência ECCLESIA

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