Maria Calado, presidente da Direção do Centro Nacional de Cultura, fala de projetos que unem fé, história e património
Lisboa, 11 out 2019 (Ecclesia) – Os ‘Caminhos de Fátima’, iniciativa do Centro Nacional de Cultura, estão a atrair portugueses e estrangeiros que querem peregrinar a pé, visando unir fé, história e património.
“Nós procuramos concebê-los como verdadeiros itinerários culturais: têm um conceito, têm um tema; depois têm jornadas – que são os quilómetros aconselháveis, para percorrer um dia, de acordo com as condições de altitude, de dificuldade, etc. -, com um tema. Isso leva a conhecer a própria realidade do país, não são apenas orientações práticas”, refere Maria Calado, presidente da Direção do Centro Nacional de Cultura (CNC), na entrevista semanal à Agência ECCLESIA e Renascença, publicada e transmitida hoje.
Na proximidade do 13 de outubro, Dia Nacional do Peregrino e da última peregrinação internacional aniversária deste ano, na Cova da Iria, a conversa aborda os ‘Caminhos de Fátima’, roteiros recentemente publicados.
A proposta é que os peregrinos caminhem “mo meio da natureza, das pequenas aldeias, conhecendo o país, a realidade, tendo de facto um ambiente para peregrinar, que é uma relação consigo próprio, com o mundo que o rodeia”, precisa Maria Calado.
Os roteiros apresentam o Caminho do Tejo, que vai de Lisboa para Fátima; Caminho da Nazaré, que une dois grandes santuários marianos, Nazaré e Fátima; e o Caminho do Norte, que percorre todo o território desde o Rio Minho, desde Valença até Fátima.
Além destas edições, o site ‘Caminhos de Fátima’ apresenta informação desenvolvida, com mapas georreferenciados; pode ser consultado nos três idiomas dos roteiros – português, inglês e espanhol –, em francês, alemão e italiano.
A presidente do CNC sublinha que “muitos estrangeiros” contactam a instituição, em busca de informações.
“Estrangeiros, peregrinos, que querem fazer o caminho a pé. Isso é muito interessante: querem fazê-lo todo ou uma parte”, relata.
O percurso a norte do país cruza-se, em vários pontos, com o do Caminho de Santiago, afastando os peregrinos das “grandes vias de circulação”, com maior segurança.
A iiciativa do Centro Nacional de Cultura desenvolvida no contexto do Programa Valorizar (Linha de Apoio à Valorização Turística do Interior), apoiado pelo Turismo de Portugal.
“Este projeto traduz-se não apenas nestes pequenos livros, que nos acompanham em viagem, mas também em sites, incluindo o ‘Caminhos da Fé’, do Turismo de Portugal, com uma dimensão mais abrangente”, assinala Maria Calado.
O CNC, com 1300 sócios, vai a caminho dos 75 anos de existência, preparando-se para celebrações, em 2020, que vão evocar figuras de referência da associação, como Gonçalo Ribeiro Telles e as mulheres do Centro Nacional de Cultura – Sarah Afonso, Sophia de Mello Breyner, Helena Cidade Moura, Helena Vaz da Silva.
“Queremos continuar a batalhar pela cultura, porque a cultura e a arte são redentoras”, sustenta a presidente do CNC.
A associação tem vários projetos online, como o E-cultura, o E-Chiado, e o blogue (Raiz e Utopia), além de desenvolver a área da Cultura Solidária, que quer “trabalhar com pessoas que têm alguma necessidade especial”, como pessoas surdas ou cegas.
“Nós aprendemos também a ver de outro modo, é muito interessante ir ver um monumento e estar a perceber qual é o tipo de pedra pelo toque; se a madeira é exótica, se veio do Brasil no século XVIII, ou se é madeira de cerejeira, nogueira, aqui do continente, porque tem uma temperatura diferente. Isso é extraordinário. Nós não temos só o olhar”, assinala Maria Calado.
Dois dos atuais sócios do CNC são cardeais portugueses, D. Manuel Clemente e D. José Tolentino Mendonça, facto que a presidente da direção considera “uma honra”.
“É uma honra termos duas figuras de grande referência e que, de facto, têm uma importância na Igreja e na liderança mundial, pelo exemplo que representam, pela competência”, declara.
Octávio Carmo (Agência ECCLESIA) e Ângela Roque (Renascença)
OC