Fátima: Irmã Ângela Coelho sente «dever cumprido» ao entregar documento sobre virtudes heroicas da Irmã Lúcia

Vice-Postuladora assume alegria pela coincidência simbólica com a celebração do 13 de outubro

Foto: Santuário de Fátima

Lisboa, 13 out 2022 (Ecclesia) – A irmã Ângela Coelho, vice-postuladora da Causa de Canonização da Irmã Lúcia, disse hoje à Agência ECCLESIA que foi com “sensação de dever cumprido” e “enorme alegria” que entregou o documento sobre as “virtudes heroicas” da religiosa, num “dia tão importante”.

“Senti aquela sensação de dever cumprido, cumpri a missão que os carmelitas e a Igreja me confiou, depois a gratidão a Nossa Senhora e à Irmã Lúcia que se manifestou tão presente nos obstáculos, desafios e dificuldades destes anos em que o documento estava  a ser pensado, escrito e traduzido, sinto agora uma enorme alegria”, referiu a religiosa, depois de ter estado no Dicastério para as Causas dos Santos, no Vaticano.

A entrevistada partilhou ainda que “começou a perceber em julho ou agosto” que a entrega do documento poderia ser na data da última das seis aparições na Cova da Iria, em 1917. 

Neste dia 13 de outubro a vice-postuladora acompanha “comovida” a peregrinação aniversária à distância e acredita que os peregrinos “vão acolher esta notícia com muita alegria e que lhes vai tocar no coração”, na Cova da Iria.

“Marcamos com o cardeal que fosse neste dia tão importante para a irmã Lúcia, para a aparições de Fátima e para os peregrinos que amam a irmã Lúcia, conseguimos concluir e foi entre o preparado e uma ajuda de Deus”, refere.

O documento entregue contém a biografia da Irmã Lúcia feita a partir dos documentos recolhidos na fase diocesana do processo (que decorreu na Diocese de Coimbra entre 2008-2017); a ‘Informatio’, que descreve as virtudes vividas pela Irmã Lúcia, bem como, o elenco dos depoimentos das testemunhas, o seu Diário e outros documentos inéditos, “considerados relevantes no processo”.

“O maior desafio foi captar quem era a irmã Lúcia na sua espiritualidade, mesmo no seu diário não conta tudo o que sentiu e experimentou e tivemos de ir descobrindo, por entre as linhas, aquele fio condutor que nos dá acesso à santidade de Lúcia de Jesus”, conta a entrevistada.

A irmã Ângela Coelho referiu ainda que Lúcia era tímida também porque “estava muito exposta às pessoas que a procuravam com diferentes intenções”, o que a tornou “prudente e cautelosa” na forma como reagia.

“Por exemplo o relato da biografia não é difícil, apesar de moroso pela sua longa vida, passou pelas Doroteias, pelo Carmelo, há um conjunto de gente que com ela contactou, esteve com cerca de 60 cardeais e isto é moroso mas o grande desafio foi ver a santidade desta mulher, a forma como se deixou guiar pelo Espírito Santo, por Nossa Senhora, a sua ligação à Santíssima Trindade com Jesus Eucaristia, perceber quem é e que santidade deixou acontecer na sua vida”, indica a vice-postuladora, que já assumiu responsabilidades no processo de canonização dos Santos Francisco e Jacinta Marto, os dois mais jovens videntes de Fátima.

A religiosa destaca os acontecimentos que foram marcando a vida da Irmã Lúcia como as “duas guerras, o próprio Concílio Vaticano II”.

“A Lúcia vive num século marcado por muitas tensões e é para este século que Lúcia apresenta a mensagem que Nossa Senhora lhe tinha dado e creio que esta é a grande perplexidade e dificuldade de perceber o seu agir”, nota.

Depois da entrega deste documento entregue a irmã Ângela Coelho encontra-se “disponível para esclarecer alguma dúvida” aos nove teólogos que o vão ler.

“Resta-nos aguardar e rezar para que seja célere o processo, continuar a difundir a vida e santidade da Lúcia, para que os peregrinos continuem a rezar e se alcance a graça do milagre necessário para a beatificação e outro para a canonização ”, assume.

A religiosa partilhou que “há muitas graças mas ainda não há milagre” atribuível à intercessão da vidente de Fátima, adiantando que o estudo desses casos será a próxima prioridade, agora que tem “mais tempo interior livre”.

O parecer positivo do Dicastério para as Causas dos Santos é apresentado ao Papa, que aprova a publicação do respetivo decreto, passando o fiel em causa a ser designado como venerável, para as etapas de beatificação e canonização é necessária a aprovação de um milagre atribuído à intercessão do venerável ou beato, respetivamente.

A fase diocesana do processo de beatificação e canonização da Irmã Lúcia de Jesus (1907-2005), uma das três videntes de Fátima, chegou ao fim a 13 de fevereiro de 2017, na igreja do Carmelo de Coimbra.

O processo implicou a análise de milhares de cartas e textos, além da auscultação de 61 testemunhas.

Lúcia Rosa dos Santos, a Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado, faleceu a 13 de fevereiro de 2005, aos 97 anos de idade, depois várias décadas vividas em clausura no Carmelo de Coimbra.

Este processo teve início em 2008, três anos após a sua morte, tendo na altura o agora Papa emérito Bento XVI dispensado o período de espera de cinco anos determinado pelo Direito Canónico.

Francisco e Jacinta Marto foram canonizados pelo Papa Francisco, na Cova da Iria, a 13 de maio de 2017.

SN/OC

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Agência ECCLESIA

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