«Fica a promessa de continuar a inscrever Fátima naquilo que são os estudos na Academia», disse Marco Daniel Duarte
Fátima, 26 jul 2021 (Ecclesia) – O diretor do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima disse que é com “muita alegria mas também com muita responsabilidade” que recebe a sua eleição como ‘Académico de Número’ da Academia Portuguesa da História.
“Esta eleição é feita pelos académicos de número da Academia Portuguesa da História. O nome foi proposto pelo conselho académico, é com muita alegria mas também com muita responsabilidade que dou conta desta eleição”, explicou hoje o historiador, em declarações à Agência ECCLESIA.
Marco Daniel Duarte já pertence à Academia Portuguesa da História desde 2007, como académico correspondente, e, agora, foi-lhe “confiada” a ‘cadeira n.º 21’, que tem um historial ligado a alguns estudos que procura fazer, relativamente ao que tem sido o seu percurso académico, “ligados à religião e religião católica”.
A “cadeira nº21” já pertenceu a Avelino Jesus da Costa (1908-2000), “um homem muitíssimo importante na história religiosa” de Portugal, e ao seu “discípulo e também medievalista” José Marques (1937-2021), dois sacerdotes que estiveram ligados às primeiras Comissões da Documentação Crítica de Fátima.
O entrevistado, diretor do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima, destaca que os cónegos Avelino Jesus da Costa e José Marques estão ligados à Universidade de Coimbra: o primeiro por ter feito a sua carreira académica, onde também criou o Instituto de Paleografia e Diplomática (1974), e o segundo “dizia-se também discípulo da Universidade de Coimbra”, apesar de a sua carreira académica ter sido feita na Faculdade de Letras do Porto.
Marco Daniel Duarte afirma que se sente discípulo “destes dois grandes mestres”, como de todos aqueles que compõem este círculo mais restrito da Academia Portuguesa da História, que é um “conjunto de 30 grandes investigadores”.
“Sinto-me entre gigantes nesta academia, já o sentia antes, e agora ainda mais. Mesmo esta historiografia mais ligada aos anos da contemporaneidade, que é aquela que estudo com mais pormenor, deve muito aqueles que fizeram os estudos sobre a Idade Média. Todos bebemos dos seus métodos, e todos beneficiamos os caminhos abertos pelos medievalistas”, desenvolveu.
O historiador explica que desde que entrou para a Academia Portuguesa da História tem tentado “relançar a temática de Fátima”, bem como noutras academias, “sempre que existe oportunidade”, nas suas diferentes dimensões.
“Desde a artística, foi assim que introduzi a temática na Academia Portuguesa da História, mas também noutras dimensões, das últimas vezes que tomei da palavra foi para falar do percurso de Lúcia de Jesus e como esta figura histórica nos ajuda a compreender o que é o século XX em Portugal”, exemplificou o diretor do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima.
“Fica obviamente essa promessa de continuar a inscrever Fátima naquilo que são os estudos na academia”, acrescentou.
Marco Daniel Duarte, que vai tomar no dia 6 de outubro, salienta que “um historiador nunca está em destaque” mas o seu “objeto de estudo”, contudo, nessa cerimónia, o destaque vai para o cónego José Marques, quem toma uma cadeira “tem a obrigação de elogiar” o seu antecessor, “a figura daquele que ocupou a cadeira com tanta dignidade”.
O entrevistado, doutorado em História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, é também diretor do Museu do Santuário de Fátima, dirige ainda o arquivo e a biblioteca, e é o responsável pelo Departamento do Património Cultural da Diocese de Leiria-Fátima.
LFS/CB