Peregrinação internacional do 13 de julho lembrou a guerra na Ucrânia e os incêndios em Portugal
Fátima, 13 jul 2022 (Ecclesia) – O bispo de Viana do Castelo disse hoje em Fátima que a paz “exige a participação de todos os homens”, falando na peregrinação internacional do 13 de julho, que evocou a guerra na Ucrânia e os incêndios
“Como se nada tivesse mudado de há um século até hoje, a humanidade continua a viver numa ameaça permanente de guerra, de conflito, de violência, e de destruição”, disse D. João Lavrador, na Eucaristia a que presidiu no Recinto de Oração, na Cova da Iria.
O responsável católico observou que o requinte das possibilidades de destruição, proporcionada pela tecnologia bélica, “coloca a humanidade perante a possibilidade da sua autodestruição”.
A peregrinação internacional aniversária de julho evoca a terceira aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos, em 1917, um dos momentos centrais “ficou conhecido como o segredo de Fátima”.
O presidente da celebração assinalou que todos são “chamados a edificar a paz”, e acompanhando os desafios que Nossa Senhora lançou, “e nesta hora lança”, a partir da Cova da Iria, são “chamados a ser arautos e construtores da paz”.
D. João Lavrador salientou que se a paz “exige” a participação de todos os homens, “os cristãos têm uma responsabilidade particular”, e lembrou que o Concílio Vaticano II afirma que todos os cristãos são “insistentemente chamados a que praticando a verdade na caridade se unam homens verdadeiramente pacíficos para implorarem a paz”.
Nossa Senhora neste lugar, com palavras muito próprias, apelou à conversão, à oração, e ao sacrifício, para se alcançar a paz: Forte apelo que terá de ressoar hoje como apelo à conversão do coração de cada pessoa, de cada comunidade, sociedade, povo e nação, à conversão da mente e da vontade de quem tem o dever de orientar os povos pelas sendas da paz”.
Segundo o bispo de Viana do Castelo, se a paz a nível mundial preocupa, “não é menos importante” reconhecer e atuar “nos contextos da vida”, nomeadamente, nos vizinhos, nas associações, nas empresas, escolas e universidades.
“Na participação política e cívica, a paz é um dom e uma tarefa”, realçou.
Para o presidente da peregrinação aniversária de julho à Cova da Iria, é necessária também uma “renovação na educação das mentalidades e da opinião pública”, e quem se dedica a estas duas áreas devem “procurar formar as mentalidades de todos para novos sentimentos pacíficos”.
D. João Lavrador concluiu a homilia implorando de Nossa Senhora do Rosário de Fátima a bênção para “todos os povos fustigados pela guerra, nomeadamente o povo irmão da Ucrânia”, e desperte para todos serem “missionários da esperança e da alegria”.
Entre as orações dos peregrinos, durante a Missa, estiveram os temas da construção da paz, a solidariedade, a pandemia e os incêndios.
“Pela paz no mundo, em especial pelas vítimas na Ucrânia, que o Senhor ensine o mundo a amar a paz, a construí-la e a defendê-la”, foi lido em inglês.
Os peregrinos foram novamente convidados a rezar pelas vítimas dos incêndios “que assolam o país e outras regiões no mundo”, e por todas as pessoas empenhadas “em os combater” – os bombeiros, a proteção civil e os voluntários- para que “sintam o apoio” da solidariedade e da oração, e todos possam “agir de modo responsável na prevenção dos fogos”.
No início da celebração, devido ao “muito calor previsto”, o Santuário de Fátima pediu aos peregrinos que procurassem sombras e bebessem água, indicando que as fontes junto à imagem do Sagrado Coração de Jesus, no centro do recinto, iriam estar disponíveis para todos.
Foram anunciados 26 grupos em peregrinação de diversos países do mundo, como oito da Polónia, dois do Reino Unido, três de Itália, um do Vietname, dos EUA e da Costa do Marfim, e também um de Portugal, da Diocese de Vila Real.
CB/OC
No final da celebração, o bispo de Leiria-Fátima convidou os peregrinos a consagrar-se a Maria, “assumindo a vontade de tornar realidade a Palavra e o projeto de Deus no mundo”. “Rezemos por todos esses projetos e preocupações que temos: As preocupações da pandemia, preocupações da guerra, pelas preocupações concretas destes dias dos fogos que nos afligem aqui bem perto de nós. Rezar significa olhar todas estas realidades com os olhos de Deus”, indicou D. José Ornelas. O responsável apresentou a Senhora de Fátima como “modelo” para construção de “uma Igreja melhor, uma Igreja sinodal”, em que todos participem, “para transformar este mundo e ir ao encontro particularmente daqueles que mais precisam. |
Fátima: «Transportamos em nós o mundo de sofrimento que nos rodeia» – D. João Lavrador