Fátima: Brincadeira, família e fé aproximam pastorinhos das crianças de hoje, diz responsável pela causa de canonização

Francisco era «tranquilo» e «não gostava de brigas ou lutas», enquanto Jacinta «era mais extrovertida, mais brincalhona, mais espontânea»

Fátima, 09 jun 2012 (Ecclesia) – Há mais semelhanças do que diferenças entre os pastorinhos de Fátima e as crianças nascidas no século XXI, apesar dos cem anos que separam essas gerações, considera a responsável pela causa de santificação de Francisco e Jacinta Marto.

“Os pastorinhos, que foram crianças do início do século XX, têm bastante a dizer às crianças do século XXI. Ainda que com 100 anos de diferença, a natureza humana essencialmente não vai mudando. O ser humano é o mesmo”, sublinhou a irmã Ângela Coelho em entrevista publicada na edição desta terça-feira do Semanário Agência ECCLESIA.

Francisco e Jacinta Marto, beatificados no ano 2000 pelo Papa João Paulo II, e a sua prima, Lúcia, que de maio a outubro de 1917 testemunharam seis aparições da Virgem Maria na Cova da Iria e imediações, “gostavam de brincar, gostavam da família e gostavam de estar uns com os outros”, afirmou.

A vice-postuladora da Causa dos Pastorinhos sublinha que as aparições de um anjo, ocorridas em 1916, “potencializaram” características já existentes nas três crianças, como a “a abertura ao transcendente” e a “disponibilidade para o que Deus vai fazendo delas”.

“Os pastorinhos ensinam-nos a confiar e a não nos fecharmos a uma relação com Deus”, manifestando a sua espiritualidade através de “orações simples e ofertas à sua medida”, assinala a religiosa, que traça o perfil psicológico dos videntes.

Francisco era “tranquilo” e “não gostava de brigas ou lutas”, enquanto que Jacinta “era mais extrovertida, mais brincalhona, mais espontânea”, embora tivesse o “defeito de amuar quando as coisas não lhe corriam bem”, assinala.

Este sábado e domingo a Cova da Iria recebe a 35.ª peregrinação das crianças, que o Santuário tem procurado adaptar às capacidades de entendimento dos mais novos, ao mesmo tempo que insiste nos “modelos concretos” dos pastorinhos, exemplos com que as crianças se podem relacionar.

“É fácil perceber que houve um menino Francisco, como eles, que gostava de um Jesus escondido, e que eles podem aprender nas suas paróquias a fazer companhia ao Jesus escondido, por exemplo antes da missa”, aponta a responsável, referindo-se à adoração ao Santíssimo Sacramento, hóstia consagrada que para os católicos é o próprio Cristo.

Também se torna claro que Jacinta “gostava muito de Nossa Senhora e por isso rezava todos os dias o terço”, hábito que as crianças também podem imitar, apontou a vice-postuladora.

“Creio que uma criança que em pequena vem a Fátima, nunca mais o esquece. Por muito que a sua vida na juventude e idade adulta a afaste de Deus, fica esta semente”, declarou.

A peregrinação tem-se tornado “numa das maiores” da Cova da Iria “porque com as crianças vêm os adultos, os pais e os avós, os catequistas e tios”: “o santuário fica colorido e evidencia-se a vivência da família”.

A entrevista à irmã Ângela Coelho insere-se no dossier da edição desta semana do Semanário, dedicado às crianças.

RJM

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